domingo, 26 de outubro de 2008

Entardecer

Com um festival de cores intensas
Pinceladas por todo horizonte,
Ludibria-me o sol ofuscante
Enquanto desce ligeiro.

Abandona-me, covarde,
Em seu calor sufocante,
Que atordoa minha cabeça
E enfraquece meu corpo.

Faminta vem a boca da noite,
Engolindo o céu limpo e colorido.
Ele já se foi,
Estrelas salpicam-se.

Corre a última gota de suor.
Meu corpo se acalma,
O coração acelera apertado,
A vista descansa.

Luzes se acendem,
Ruas se desenham,
Vidas se revelam
Por janelas entreabertas.

O céu negro perdeu,
Agora é alaranjado.
As estrelas fugiram.
A cidade ainda está viva.

Aqui ainda está escuro,
Ainda está vazio,
Ainda está incerto.

A noite será longa e quente,
A cama desconfortável
E o barulho insuportável.

Talvez venha um sono leve,
Talvez a exaustão,
Ou quem sabe, a definição.
Tomara que venha o clarão!

sábado, 18 de outubro de 2008

Ajude-me, por favor!

Olá!
Obrigado por ter vindo,
Quem é você?

Olá?
Acenda a luz,
Está escuro aqui.

Ei!
Sei que está aí,
Te ouvi!
Qual é seu nome?
Pode me ajudar?

Abra a porta,
Está muito frio.

Que bom que está aqui.
Ei, você está aqui, não é?
Por que não fala comigo?
Não me ignore, por favor!

Onde você está?
Me dê sua mão.
Ouço sua respiração,
Não consigo te ver.

Você está lendo, não está?
Então fale comigo!
Não fique aí parado, por favor!
Por que está fazendo isso?

Droga, está doendo!
Alguém aí, fale comigo.
Você ainda está aí?
Não? Alô?

Sei que está,
Sinto sua presença.
Quero sair, é ruim aqui!

Está se divertindo, não está?
Eu não.
Por que vocês sempre fazem isso?
Vêm, me ignoram aí sentados e calados
E depois se vão...

Ei?!

Se foi!
Fiquei.

Olá?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Um Dia Desses

...É o galo que canta
O sol que levanta
E a noite se espanta

O relógio desperta
A vida se esperta
A preguiça aperta

É o café que se passa
O pão que já assa
E a roupa se amassa

O carro funciona
A economia inflaciona
O coração já pressiona

O escritório lotado
O trabalho pesado
E o corpo estressado

O almoço já tarda
A fome aguarda
O tempo retarda

A noite já chega
O trabalho não chega
A vida está pega

O lar afastado
E o trânsito pesado
O corpo cansado

Apetite não existe
A patroa insiste
E a paz não resiste

O corpo se banha
No lençol se emaranha
E no sono se entranha

É o galo que canta...

sábado, 4 de outubro de 2008

Cadê você?

Há duas quadras para casa e meu corpo desacelera,
Diminui o ritmo frenético da sexta-feira caótica.
A mente liberta volta-se a mim
E me traz as delícias da última noite.

Mais uma daquelas maravilhosas noites
Com você em meus braços,
Seu corpo aconchegado no meu,
Seus braços envoltos em mim, carinho.

Sua boca molhada me levando ao delírio,
Perdido em você, no calor do seu corpo,
Louco, entorpecido, descontrolado.
Pouco dormir, muito amar.

Abrir os olhos, encontrar você ao meu lado
E comprovar com os nossos corpos o amanhecer comum,
O iniciar memorável de um dia qualquer.

Ter você flutuando pela casa,
Se arrumando, se enfeitando, me encantando.

Mas abri a porta, às minhas costas a cidade em alvoroço
Todos eufóricos querendo chegar em casa,
Outros se preparando para a diversão.
À minha frente, a casa vazia.

Tudo quieto, escuro, sem movimentos.
Silêncio terrível!
As cobertas ainda jogadas como deixamos,
Pela casa, paira nosso amor.

Tenho seus rastros,
Sinto seu cheiro,
Procuro você,
Mas você não está.

Onde está você?
Onde está seu carinho que tanto me acalma?
Onde está seu sorriso que tanto me alegra?
Onde está seu olhar que tanto me encanta?
Onde está seu corpo que tanto me chama?

Não há o que ser feito,
Não há ânimo,
Não há razão,
Não há nós!

Venha travesseiro,
Dê-me colo, dê-me consolo,
Enxugue minhas lágrimas.

Acalme meu coração
E me prometa que um dia ela voltará para não mais ir.
Promete?