segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Saudades de Lá de Casa

Ah, tempos áureos, memoráveis!
Preocupava-me menos e melhor.

Divertia-me em trotes ligeiros
Sobre lombo confortável,
Respiração ofegante,
Movimentos ousados.

Suava o corpo quente,
Sob a última fria neblina
De um sábado qualquer,
Por entre o capim tombado
Ao lamber das foices sedentas.

Balançávamos pendurados perigosamente
Aos bruscos trancos e solavancos
Da carroça descuidadamente carregada,
Por forcadas desengonçadas,
Feita um morro pontiagudo, sem recosto.

Refrescava-me à beira da lagoa.
Sol baixo, água à cintura,
Traíras enlouquecidas
Pelos restos ébrios de lambaris
Em uma dança insana na taboa.

Agora, nos sítios, paira o silêncio,
Daqueles que se foram ou desistiram.
Não há quem coma o capim,
A carroça está empoeirada,
As traíras esquecidas.

A vida evoluiu, se sofisticou.
Entre concretos e fumaças,
Apenas minhas lembranças
De uma vida que já foi plena.


(Este texto participou do IV Concurso Literário "Cidade de Maringá", mas infelizmente não foi classificado)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"O Bilhete" - Um poquinho de Santa Gertrudes

Neste ano, o Ministério da Cultura promoveu o programa de inclusão "Revelando os Brasis" que teve como objetivo produções de curta-metragens em municípios com menos de 20 mil habitantes. “O Bilhete” foi produzido em Santa Gertrudes (também conhecida como a capital do Mundo), e conta a história de dois jovens que se apaixonam e iniciam seu relacionamento através do uso do sistema de som da cidade, o qual, na época, tinha um programa em que bilhetes enviados pelos cidadãos eram lidos em alto e bom som por toda megalópole. Este sistema consistia de uma sala central e diversos alto-falantes espalhados pela cidade. Tudo era comandado pelo Sr. Roque Arthur (no filme interpretando ele mesmo), que lia os bilhetes, divulgava notícias de jornais, tocava músicas selecionadas e solicitadas, notificava falecimentos e etc.

O curta foi o vencedor do prêmio de audiovisual Revelando os Brasis. Rodado inteiramente em Santa Gertrudes e contou com verba do Ministério da Cultura, bem como apoio e patrocínio da indústria e comércio locais.

Este filme foi produzido e dirigido por Letícia Tonon, uma cidadã Gertrudense, que, na verdade, conta a história de seus pais!

Agora, “O Bilhete” (que revolucionou a sétima arte) está também disponível no YouTube, e gostaria de convidá-los a assistir e prestigiar uma das histórias da minha terrinha (e essa não é de pescador, mas se vocês vissem o tamanho do peixe que peguei no fim de semana, 38Kg, quebrou minha vara, tive que pular no rio.....).

O filme tem cerca de 15 minutos e está dividido em duas partes:
Parte 1

Parte 2

Detalhes técnicos em no blog ReverberAÇÕES.

Grande abraços a todos,

Rafael

P.S.: Ah, aos 6’20” da primeira parte, o padeiro entrega pão para o “Seu Neves” -> é meu tio Migué!!! Dá-lhe família Neves!! Hollywood que se prepare!!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

José Leitão: O Velho Jovem

Há poucos dias, estava com o pessoal do trabalho parado no semáforo do cruzamento da Rua Afonso Pena com a Rua Ribeiro de Lima, no Bom Retiro em São Paulo, quando fomos gentilmente abordados por um senhor muito simpático que nos oferecia as guloseimas que vendia. Fiquei literalmente encantado com a suavidade de sua voz e a calma contagiante de seu olhar e sorriso. Antes que o sinal se abrisse, teve tempo de nos presentear com um cartão de natal feito no computador de casa, e votos tocantes para nossas vidas.

Alguns dias depois, uma dos colegas que estavam juntos, passou pelo mesmo cruzamento e novamente foi surpreendida: ele lhe oferecera um de seus textos poéticos que acomoda cuidadosamente na caixinha de guloseimas.

Ela nos trouxe o texto e ficamos muito contentes. O texto vem inclusive com telefone para contato para enviarmos críticas ou sugestões. Encantador! Entrei em contato com ele, que autorizou que seu texto fosse publicado nesse blog. No dia seguinte, fomos pessoalmente visitá-lo e fui recebido com um caloroso abraço fraternal.

Ele é o Senhor José Leitão, o Velho Jovem – como também se intitula –, uma pessoa fantástica e batalhadora que sustenta um sonho intenso que lhe transborda ao peito: publicar um livro!

Emocionado e feliz, autorizou que publicássemos não só o primeiro texto que nos deu, mas também um segundo e mais sua foto!

Um grande abraço, Velho Jovem! Que este e tantos outros sonhos seus se realizem!

Obrigado por permitir que divulguemos seu trabalho! Parabéns!







Uma Linda Mulher

Era uma praia e nela eu contemplava o infinito... O sol se punha e o contraste das cores era deslumbrante. O imenso sol alaranjado parecia estar sendo tragado pelo mar... Fiquei de costas para aquele espetáculo, pois percebi que você caminhava em minha direção.

O vento que soprava da imensidão líquida empurrava carinhosamente teus cabelos para trás, e com isso, teu rosto ficava despido e os contornos faciais sobressaíam, dando um requinte maior à tua beleza.

Teus lábios reproduziam um leve sorriso monalístico e eu, parado, estático à tua frente, observava também teu andar compassado, elegante, caminhando em minha direção.

Você olhou para mim fixamente e logo nossos braços se entrelaçaram, tive a sensação de sentir o bater de teu coração sobre o meu coração, e o calor de eu corpo aqueceu a minha alma, e neste precioso instante senti dentro de mim o que se chama felicidade.

Que bom que você existe... E você existe porque estou com você quando o vento lhe tocar, estou com você naquilo que você vê e em tudo que você tocar, estou com você tão perto que dá até para sentir no dia e na noite, enfim, estou com você no começo e no fim, naquilo que você vê e nem nota, estou com você mesmo que estejas só ou quando virares as costas, porque você é um ser humano especial.

Quando não estiver perto de você, me procure no vento, estarei na brisa que sopra teu lindo rosto.

Você é minha linda mulher cuja imagem minha alma esculpiu só para mim para que eu possa venerá-la eternamente. Você é o sândalo que perfuma o ar que eu respiro.

Por José Leitão.



Nobreza

Ser nobre não é ter palácios ou muito dinheiro e viver na mais alta sociedade.

Ser nobre você também poderá sê-lo sem ter nada material.

Todo ser humano tem dentro de si gigantes que não vemos, pois são abstratos, que têm uma força descomunal, como por exemplo.

O amor, o ódio, o dever, o medo, a falsidade, a hipocrisia, a inveja, o ciúme, a maldade e tantos outros adjetivos que precisariam muitas folhas para descrevê-los, se não houver muita sensibilidade e equilíbrio mental para discipliná-los a vida torna-se insuportável.

A nobreza de uma pessoa é sua lama e a bondade de seu coração, se assim você o for realmente, poderá ser um nobre, respeitar para ser respeitado e olhar muito bem para tudo que o cerca, você verá que Deus lhe deu mais do que merece e que atrás de você tem gente com mais necessidade. Doe-se a seu semelhante e divida tudo que é bom e junte-se com outros para consertar tudo que é mau.

Assim você será um grande ser humano, preparado para fazer que todos sejam felizes, encontrará amor e paz, isto é ser nobre. “Você pode”.

Por José Leitão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Chova-me, Chuva!

Tudo misturado, confuso.
Centenas de pensamentos,
Milhares de sentimentos,
Nenhuma certeza.

O calor frita meu cérebro,
Enseba minha pele,
Molha minha camisa,
Incha meus pés.

Lá fora, nuvens escuras,
Irrompem em ódio e terror,
E anunciam meu alívio.

O céu rasgam a trovoadas,
Misturam-se em devaneio,
Metamórficas.

A poeira já cheira molhada,
O rosto já respira úmido,
O corpo já se fresca ao vento,
Não mais me sinto.

Véus d’água despencam livres,
Em uma dança sensual
Ao sabor do vento.
O corpo se espalha pelo chão.

Lava o ar,
Lava o telhado,
Lava o chão,
Lava-me as entranhas!

Pronto, estou pronto.
Devolva-me a vida,
Renovada, pura, limpa.

Leva-me pela enxurrada!
Estou pronto para tudo,
Como nunca quis estar.