terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Virtuais Tempos Modernos

        Dia destes, eu estava vendo um vídeo na internet que tratava da velocidade da evolução humana nas últimas décadas. É impressionante e chega a ser assustador, principalmente ao se pensar nisso tudo em relação ao longo caminho da nossa existência como um todo. E não é preciso mergulhar em informações históricas para notar esta evolução. Basta simplesmente lembrarmo-nos das nossas infâncias e compará-las com nossas vidas e das nossas crianças de hoje. A evolução é inevitável, necessária e bem intencionada, mas precisa ser incorporada com cuidado.

        A principal evolução, a que mais podemos notar e sentir, é a da informática. Com o advento da internet as formas de se viver, de se trabalhar e de se relacionar mudaram drasticamente. Esta evolução trouxe facilidades incríveis de comunicação e produção. Desde as primeiras trocas de mensagens, das primeiras formas de emails, dos primeiros comunicadores de mensagens instantâneas, das ferramentas de colaboração até as redes de relacionamentos, tudo está aí, disponível, para aproximar as pessoas, para transpor e eliminar fronteiras geográficas. Quando eu imaginaria que poderíamos nos comunicar com alguma pessoa do outro lado do mundo em fração de segundos? Quando eu imaginaria comprar algo com alguns cliques no computador e que este seria entregue em minha própria casa? Quando eu imaginaria tantas outras coisas que hoje são comuns na minha vida?

        Mas quando eu digo que tudo isto deve ser incorporado com cuidado, estou falando mais especificamente no que tange as relações humanas. Com toda esta tecnologia às mãos, é possível viver em dois mundos: o virtual e o real. Dois mundos estes que quase não se confundem e podem ser vividos de formas diferentes, com valores diferentes, e com “poderes” diferentes. E a possibilidade de poder ser diferente faz com que se torne cada vez mais atrativo e passa a cada vez mais a tomar o plano principal. Assim, certas perguntas, que pareceriam ser absurdas, passam a ter sentido: para que passear em um parque se posso aproveitar meu tempo para ver o que meus colegas estão pensando? Para que ir ao cinema se posso baixar os filmes no meu computador? Para que ir a um bar com os meus amigos se posso conversar e trocar experiências com eles pelas redes sociais?

        E desta forma, neste círculo contínuo, cada vez mais a vida real se torna virtual, não sendo válido o inverso, tornando-nos pessoas socialmente nulas e apavoradas diante de qualquer tipo de relacionamento. Assim, esta forma de uso da internet passa a ser um forte contribuinte de um dos principais problemas da atual da existência humana: a solidão.

        E não falo apenas da solidão de quem está sozinho diante da refeição em um domingo ensolarado, ou sozinho tomando soro em um pronto-atendimento hospitalar em um sábado à noite; pois há tempos é fato a presença pandêmica desta solidão na vida das pessoas, a solidão em meio a tantos que é facilmente observada nos grandes centros. Ironicamente de ocorrências proporcionais à quantidade de habitantes. Mas eu falo é de uma nova solidão, que está fundamentada e é originada nesta primeira: a solidão de si mesmo!

        Além de mais aterrorizante, esta solidão é a mais destrutiva e cruel que a primeira, pois se trata da personificação de um indivíduo desconhecido de si mesmo. Não se trata de um indivíduo incompleto, mas um que se perdeu completamente das raízes, da essência, dos valores, das vontades e dos sonhos que um dia o alimentou. E é quando estes fatos vêm à percepção é que esta solidão reina sarcástica.

        Vive-se uma vida irreal dentro da vida real e esta, por sua vez, passa a ser descuidada e quando se percebe, é irreconhecível e, infelizmente, em muitos casos, inconcebível. Hoje, nossos super-heróis existem apenas atrás dos teclados e quando os deixam, são apenas crianças assustadas e desorientadas rumo ao trabalho.

        Não precisamos condenar ou abolir o uso da internet e suas ferramentas, isto seria hipocrisia. A internet e suas ferramentas não são os causadores deste problema, mas um dos meios para que a nossa atual forma de vida possa se valer para causá-lo. Temos é mais que usar e abusar de todos os seus benefícios, mas sempre tendo cuidado e atenção com a vida real, sem nunca nos esquecermos de que lá fora pode estar fazendo lindo dia ensolarado!

34 comentários:

  1. Rafa, vc foi mto certo nessas palavras. Saio do facebook, e vou encarar um livro. hahaha

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  2. Gostei muito dessa publicação. eu gostaria que você desse uma olhadinha nessa publicação minha é mais para refletir http://alineadriana.blogspot.com/2011/12/nunca-esqueca-disso.html beijos e obrigada

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  3. Oi Ana!!

    Mas não o abandone, hein? Com certeza o livro será muito melhor..rsrs

    []s

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  4. Oi Aline!!

    Que bom que gostou...já abri seu link aqui e tô indo conferir!!

    []s

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  5. É isso mesmo Rafa, há de se ter cuidado. Eu me lembro enquanto bancaria, a tecnologia não estava tão avançada e tinhamos tempo de conversar com os clientes, convidar para um cafézinho, etc.. Hoje quando vamos ao banco sentimos a frieza dos funcionários, pois eles não têem tempo pra nada, viraram máquinas humanas. Mas a evolução é inevitável e tem os dois lados. Mas pensando bem, dá pra se ver bem quem usa a razão e quem usa o coração, um deles tem que ser mais forte.
    Beijos
    Cris.

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  6. Oi Tia!!

    É verdade...a tecnologia vem para agilizar as coisas e acaba, no fim das contas, agilizando nós mesmos. Bons tempo esses, hein?

    Beijos..

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  7. Realmente Rafa,
    a tecnologia é um complemento, uma ferramenta a mais para o nosso viver, e como tudo, deve ser usado com moderação. E me lembro da época sem tecnologia rs.

    Um abraço querido!
    Juliana

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  8. Oi Ju!!

    rsrsr...realmente, também me lembro...e como era a vida sem e-mails? rsrs..

    Abraço, Ju!

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  9. uau Rafa!!
    aplaudo em pé o que li aqui hj.

    graças a net conheci tanta gente..
    tantas vozes poetando juntas..

    e descobri vc e o seu modo de escrever, que encanta a mim e a centenas de pessoas de bom gosto..

    bjs.Sol

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  10. Já senti na pele essa interferência do virtual no real e já senti solidão por apostar algumas fichas em um virtual que nunca passou disso; Hoje admito, e consigo perceber que estava frágil e carente. É difícil dizer o 'caminho certo', mas uma dica é desligar o computador qdo a carência apertar...rsrsr
    Beijos,

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  11. esta tua crónica devia ser lida, com muita, mas muita calma
    pot todos aqueles que desperdiçam a sua vida em frente ao computador, vivendo uma (ir)realidade

    abraço

    LauraAlberto

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  12. nuss..VERDADE eu sou totalmente dependente da tecnologia...ISSO É TENSO, vi isso da evolução humana até hj na faculdade... mas só aki no seu blog que preciso mudar alguns habitos rsrsr

    XEROOOOOOO MOÇO

    cy.w.m@hotmail.com

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  13. Oi Sol!!

    Muito obrigado mesmo...que comentário gostoso e gratificante...fico muito contente por isso tudo!

    Beijos

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  14. Oi Bell!!

    Acho que a maioria tem passado por isso (eu também, é claro). Não é fácil esta solidão em meio a tantos, ainda mais quando se torna de si mesmo...

    Gostei da sua dica, anotado!

    beijos

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  15. Olá Laura!

    Sim, é verdade...muitas coisas precisam ainda serem ajustadas nestas nossas vidas...que bom que ajudou e achou que vale a pena!

    []s

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  16. Olá Cywmara!

    Sim, temos é que pegar leve...nada de deixar para trás, mas pegar leve.

    []s

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  17. Olá, Rafael

    Perdão pelo “copy & paste”, mas não dá para individualizar…
    Trago votos de BOAS FESTAS, fazendo minhas as palavras de Gandhi…
    “Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos;
    A consciência de aprender tudo o que for ensinado pelo tempo afora;
    Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem;
    A capacidade de escolher novos rumos;
    Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
    Além do pão, o trabalho; Além do trabalho, a acção.
    E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
    O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída."
    (Gandhi)

    BOM E SANTO NATAL E FELIZ ANO NOVO

    Beijinhos

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  18. Oi Mariazita!!

    Com certeza, individualizar não há como. Muito obrigado, fico contente com estes votos e desejo que tudo se realize para você também e toda a família!

    Beijos

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  19. Um presente de Natal ou de Ano Novo... como quiserem!

    A Pastelaria Studios Editora desenvolve , já há alguns meses, um trabalho que mistura poemas e textos com música original e fotos de autor .
    A aceitação pela parte do público que nos visita ... tem sido excelente ! Pois no período de seis meses já temos cerca de
    9000 visualizações, no nosso canal do Youtube

    Cá vai a nossa proposta :

    Até dia 1 de Janeiro de 2012 , sintam- se confortáveis , inspirem-se e escrevam !
    Escrevam um texto , um poema , uma crónica ...o que lhes sair da alma .

    Iremos escolher ( escolha difícil!!) , as três obras mais originais.

    Como prémio realizaremos um Video para 3 trabalhos eleitos .

    No início do ano , iremos organizar uma Antologia , com os textos, poemas e crónicas que nos chegarem ... e que sejam qualificados para edição.... Acreditamos na vossa qualidade!!

    Transformamos as vossas obras em sonhos acordados !

    envio das obras , por e mail ao cuidado de - Teresa Maria Queiroz
    pastelariaestudios@gmail.com

    Boas escritas ...inspiradas!!

    As obras serão divulgadas , à medida que forem chegando, na página do Facebook da Pastelaria Studios Editora

    https://www.facebook.com/pages/Pastelaria-Studios/131097843655617

    saludos
    abraços
    Teresa Queiroz

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  20. Caro Rafael, Curti o blog e já estou seguindo-o. Algumas preocupações que se aproximam: http://desonsetempos.blogspot.com/2011/03/de-quando-se-escrevia-cartas-2.html

    Abraço.

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  21. Olá Dave!! Que bom que gostou!

    Seja bem-vindo por aqui...

    Vou lá conferir...

    []sss

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  22. Puxa, meu mais recente amigo, Rafael, você fez uma análise perfeita e disse tudo aquilo que a gente sempre quis - mas nos faltava coragem - de dizer.
    Legal! Adorei te conhecer!

    Um 2012 maravilhosooooo!!!

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  23. Eu penso na nova geração, que nasce em meio a essa era tecnológica. Eu ainda peguei o finalzinho da infância sem tecnologia, brincando de amarelinha e peão. Hoje as brincadeiras estão adaptadas ao videogame. Tudo tá adaptado à tecnologia.

    Eu fico imaginando se um dia ainda vão inventar uma espécie de aparelho que faça o trabalho do sono quando conectado ao homem, acabando até com o prazer de dormir... Porque quase não temos tempo pra olhar o belo dia ensolarado que faz lá fora, né?

    Valeu pela visita lá no blog.
    Beijos

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  24. Olá Vanuza!!

    Que bom tê-la por aqui, seja bem-vinda!!

    Muito obrigado, fico contente que tenha gostado...realmente é um assunto que temos que nos atentar!

    Obrigado!!

    Feliz 2012 para você também!

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  25. Olá Elisa!!

    Sim, eu vejo bem isso nos meus primos, que antes de descobrir a linha da pipa, descobriram o mouse...eu peguei o início do video-game e até hoje gosto, mas temos outras coisas boas, por exemplo, eu e um amigo de infância soltamos pipas estes dias, dois marmanjos relembrando e revivendo coisas boas da infância.

    Nossa...é verdade! bem pensado! e assim, tudo vai se acabando, ao mesmo tempo que tudo vai se iniciando!

    Eu que agradeço a visita!

    Seja bem-vinda! e Feliz 2012!!
    Beijos

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  26. "Solidão de si mesmo", um grande risco, Rafael. Quando a gente se abandona (e não à própria sorte). Quando se está entregue, vulnerável. A qualquer onda nova.

    Eu me sinto um pouco só, pra ser honesto, porque estou na direção contrário, enquanto todos seguem a corrente.

    Gostei do texto.

    Obrigado pelo comentário no Insólito.

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  27. Olá Márcio!!

    Realmente complicado...e realmente perigoso!!

    Entendo esta sua solidão, mas creio que faça a parte de algo muito maior, de desejos seus...sinto isso também, mas é o preço para auto-satisfação, estou certo?

    Que bom que gostou...

    Grande abraço e obrigado pela visita!

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  28. está quase certo, Rafael. Só não falo em "preço", porque é como se atribuíssemos às relações um valor associado ao capital. Na verdade, aprendi que escolhas excluem, é só isso. Entende?

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  29. Boa Márcio!! Gostei desta forma de ver também...e entendi a relação que pode aparentar...

    Grande abraço!!

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  30. OI Rafa!
    Adorei o texto.
    Profundo e oportuno.
    Ótima reflexão.

    bjok
    lindo dia!
    =)

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  31. Oi Liza!!

    Que bom saber...fico contente que tenha gostado!

    beijos e bom-dia!

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  32. Oi Liza!!

    Que bom saber...fico contente que tenha gostado!

    beijos e bom-dia!

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  33. Olá, Rafael,
    Este seu texto me toca especialmente, porque me apercebo cada vez mais dessa solidão no meio de tantos, lado a lado com a multidão, e apesar de tanta "Internet" a "encurtar" distâncias e cortar relações de carne e osso, sem que nos apercebamos.
    O homem, na sua infinita inteligência, capaz de tanto e incapaz de tão pouco...

    E ainda dizes:
    "Não se trata de um indivíduo incompleto, mas um que se perdeu completamente das raízes, da essência, dos valores, das vontades e dos sonhos que um dia o alimentou."
    Sensação de perda irreparável, quando a gente se apercebe que perdeu no caminho o que nos segurava verdadeiramente à vida, nossa razão de existir: nossos sonhos tão bem arquitetados num dia já distanciado...

    É isso, Rafael, disseste bem, e de maneira sensível, tocante.
    Abçs

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  34. Olá Carmem!

    Que bom que entende estas minhas colocações (ou melhor, que ruim! rsrs).

    Mas realmente, vamos nos consumindo em nós mesmo...isto está cada vez mais complicado e, o que é pior, ninguém está percebendo isso.

    Isso mesmo...exatamente isso...complementou muito bem esta ótima e complicada situação que temos que aprender a lidar melhor na nossa vida.

    Que bom que gostou...fico contente por poder compartilhar isso...

    []sss e obrigado pelo ótimo compartilhado!

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