terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Em 2012: Patos!

Em 2004, fui pego por uma estranha angústia que parecia aprisionar algo dentro de mim e que precisava, na verdade, ser colocado para fora. Isto me acompanhou por algum tempo e eu sabia que precisava encontrar um meio de tirar isso de mim. Também sabia que se tratava de alguma forma de expressão e, olhando para os meios, entendi que a escrita seria uma possível saída. Sem pestanejar, comecei minha primeira tentativa de criar um livro.

Durante vários anos, entre altos e baixos, foram quatro as tentativas que realmente tiveram algum efeito considerável. Mas foi somente a quarta que se maturou em meu primeiro romance, intitulado "Patos". "Patos" foi concluído em 2010 e até o momento foi continuamente descartado pelas editoras, conforme todo o processo, desde a criação à publicação, que descrevi na crônica "Persistindo na Lida". Mas neste semestre, a Editora Novitas se interessou e, acreditando neste trabalho, criamos uma parceria para editoração e produção deste livro.

"Patos" é, para mim, uma das muitas boas-novas anunciadas para 2012 e que permitem o fechamento dourado de 2011, um ano em que muito de bom foi colhido. De forma que compartilho com vocês, que tanto acompanham e fortalecem o meu trabalho, que "Patos" está sendo gerado e deverá chegar ainda no primeiro trimestre de 2012!

Aproveito este clima entusiasmante para desejar a todos um Feliz Natal e um Sensacional Ano Novo, que nos encha de conquistas, alegrias, (presentes), saúde e paz!

Um grande abraço!

Rafael

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Virtuais Tempos Modernos

        Dia destes, eu estava vendo um vídeo na internet que tratava da velocidade da evolução humana nas últimas décadas. É impressionante e chega a ser assustador, principalmente ao se pensar nisso tudo em relação ao longo caminho da nossa existência como um todo. E não é preciso mergulhar em informações históricas para notar esta evolução. Basta simplesmente lembrarmo-nos das nossas infâncias e compará-las com nossas vidas e das nossas crianças de hoje. A evolução é inevitável, necessária e bem intencionada, mas precisa ser incorporada com cuidado.

        A principal evolução, a que mais podemos notar e sentir, é a da informática. Com o advento da internet as formas de se viver, de se trabalhar e de se relacionar mudaram drasticamente. Esta evolução trouxe facilidades incríveis de comunicação e produção. Desde as primeiras trocas de mensagens, das primeiras formas de emails, dos primeiros comunicadores de mensagens instantâneas, das ferramentas de colaboração até as redes de relacionamentos, tudo está aí, disponível, para aproximar as pessoas, para transpor e eliminar fronteiras geográficas. Quando eu imaginaria que poderíamos nos comunicar com alguma pessoa do outro lado do mundo em fração de segundos? Quando eu imaginaria comprar algo com alguns cliques no computador e que este seria entregue em minha própria casa? Quando eu imaginaria tantas outras coisas que hoje são comuns na minha vida?

        Mas quando eu digo que tudo isto deve ser incorporado com cuidado, estou falando mais especificamente no que tange as relações humanas. Com toda esta tecnologia às mãos, é possível viver em dois mundos: o virtual e o real. Dois mundos estes que quase não se confundem e podem ser vividos de formas diferentes, com valores diferentes, e com “poderes” diferentes. E a possibilidade de poder ser diferente faz com que se torne cada vez mais atrativo e passa a cada vez mais a tomar o plano principal. Assim, certas perguntas, que pareceriam ser absurdas, passam a ter sentido: para que passear em um parque se posso aproveitar meu tempo para ver o que meus colegas estão pensando? Para que ir ao cinema se posso baixar os filmes no meu computador? Para que ir a um bar com os meus amigos se posso conversar e trocar experiências com eles pelas redes sociais?

        E desta forma, neste círculo contínuo, cada vez mais a vida real se torna virtual, não sendo válido o inverso, tornando-nos pessoas socialmente nulas e apavoradas diante de qualquer tipo de relacionamento. Assim, esta forma de uso da internet passa a ser um forte contribuinte de um dos principais problemas da atual da existência humana: a solidão.

        E não falo apenas da solidão de quem está sozinho diante da refeição em um domingo ensolarado, ou sozinho tomando soro em um pronto-atendimento hospitalar em um sábado à noite; pois há tempos é fato a presença pandêmica desta solidão na vida das pessoas, a solidão em meio a tantos que é facilmente observada nos grandes centros. Ironicamente de ocorrências proporcionais à quantidade de habitantes. Mas eu falo é de uma nova solidão, que está fundamentada e é originada nesta primeira: a solidão de si mesmo!

        Além de mais aterrorizante, esta solidão é a mais destrutiva e cruel que a primeira, pois se trata da personificação de um indivíduo desconhecido de si mesmo. Não se trata de um indivíduo incompleto, mas um que se perdeu completamente das raízes, da essência, dos valores, das vontades e dos sonhos que um dia o alimentou. E é quando estes fatos vêm à percepção é que esta solidão reina sarcástica.

        Vive-se uma vida irreal dentro da vida real e esta, por sua vez, passa a ser descuidada e quando se percebe, é irreconhecível e, infelizmente, em muitos casos, inconcebível. Hoje, nossos super-heróis existem apenas atrás dos teclados e quando os deixam, são apenas crianças assustadas e desorientadas rumo ao trabalho.

        Não precisamos condenar ou abolir o uso da internet e suas ferramentas, isto seria hipocrisia. A internet e suas ferramentas não são os causadores deste problema, mas um dos meios para que a nossa atual forma de vida possa se valer para causá-lo. Temos é mais que usar e abusar de todos os seus benefícios, mas sempre tendo cuidado e atenção com a vida real, sem nunca nos esquecermos de que lá fora pode estar fazendo lindo dia ensolarado!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Dia Em Que Caminhei

Um dia eu caminhei...
Não me lembro por onde,
Nem para onde,
Caminhei eu, um dia.

Sei é que um dia eu caminhei...
E sorri eu,
No dia em que caminhei.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Coragem de Sonhar

        Há quem diga, ainda mais nos nossos dias, que sonhos são coisas infantis, coisas de tolos. É certo que não é de todo uma mentira, mas não é certo que por isso devem os sonhos serem afogados debaixo de um chuveiro.
        Sem a pretensão de aconselhar ou “autoajudar”, costumo dizer que sonhos são feitos para se viver. Sonhos são motivadores da vida, são para serem vividos e não sonhados. Sonhos são apenas sonhados durante suas concepções. Do contrário, se sempre sonhados, passam a ser apenas conformações, lamentações, absorvidas como justificativas de uma desistência.
        Sonhos são os motivadores da evolução da humanidade. O homem sonhou em cruzar os mares, sonhou em voar, sonhou em ir até a lua e sonhou em ser Deus. Mas estes foram sonhos grandes, de impacto relevante e sucesso evidenciado que puderam ser realmente vividos, por terem sido vividos foram tidos como grandes façanhas, grandes vitórias, respeitados; mas acreditem, foram desacreditados e ridicularizados em suas anunciações.

        Hoje, sonhar é, de uma forma velada, proibido, considerado uma perda de tempo, uma atitude infantil e ridícula. E complemento que sonhar não é apenas proibido, mas perigoso. Não só pela violação da proibição em si, mas por colocar o sonhador em uma posição ridicularizada, sob questionamentos e incredulidades que podem ferir, inclusive, sua dignidade.
        Há tempos, e cada vez mais, é exigida das pessoas a razão sobre o coração, e por isso, temos um mundo cada vez mais voltado ao materialismo e cada vez mais independente de emoções e sentimentos. Talvez as crianças e os lunáticos entendam isso; mas são muitos os outros que afogam seus sonhos tentando se conformar de algo ridículo gerado involuntariamente pela própria mente. Mas aqui vai uma novidade: sonhos não são involuntários! Sonhos têm bases muito bem fundamentadas na vivência, na ausência, nas prioridades e nas ânsias que cada um carrega no peito. Sonhos objetivam uma única coisa: a felicidade de seu criador!

        Nenhum sonho é impossível, alguns são muito difíceis. Para estes, há outros menores e mais fáceis que os complementam e que podem, ao menos, preparar o caminho. Contudo, sonhos são propriedades privadas e extremamente íntimas de seus criadores, quase segredos de si mesmos, e por este simples motivos, devem ser guardados e protegidos da ciência alheia. Guarde e proteja seus sonhos da ciência alheia! E isso acontece não apenas pela maldade, que é maioria, mas pela falta de compreensão. Falta esta fácil de se compreender: as pessoas não tem e nem sabem as razões, as motivações que levam a um sonho de outra pessoa. Talvez nem mesmos os próprios sonhadores conseguem ter esta clareza, mas estes ao menos podem sentir, e este sentimento os tomam por completo sem justificativas ou explicações. As demais pessoas, por mais próximas e queridas que sejam, pelo simples fato de não compreenderem, acabam por injuriar os sonhos alheios. Outras, preferem utilizar-se da “praticidade da vida” como desculpa para desdenharem os sonhadores, quando não os próprios sonhos, o que simplesmente se traduz em se sentar comodamente num canto da vida e deixar que ela passe, se conformando com o todo. Compreendamos, é uma questão de escolha.

        Mas concordo com o que dizem: sonho é para crianças e para os tolos, pois somente as crianças e os tolos têm a inocência de sonhar livremente sem pudores. Deixar de sonhar, ou tentar sufocá-los antes do primeiro ato, é praticamente um suicídio. Sonhe, mas não se conforme com seus sonhos, busque-os nem que se passe a vida, e quando o realizar, sorria, tome fôlego e busque outros novos, pois sonhos evitam a rotina, sonhos colorem os dias, sonhos justificam a vida! E quando sonhar, sonhe baixinho, vai que alguém escuta!

Sonhemos!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Num Instante...

Por um olhar ele se encantou,
Em um sorriso ela se entregou,
Com um toque eles se amaram,
Em um instante uma vida eles viveram.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Persistindo na Lida

           Dizem que antes de um “sim”, muitos são os “nãos” a serem enfrentados. Esta é uma verdade da vida, e eu acrescentaria que a quantidade de “nãos” é diretamente proporcional ao tamanho do objetivo a ser alcançado.
           Com meus trabalhos literários a coisa não tem sido diferente. Uma chuva torrencial de “nãos” sempre se precipita diante a uma tentativa de publicação. O mundo literário é um mundo amplo e complicado de se inserir, e isso percebo cada vez mais.
           Mantenho o blog Desce Mais Uma! Como um canal de divulgação de ideias, pensamentos e visões que me pegam de súbito e as traduzo, latentes, em algum tipo de texto. Mas mesmo sendo um canal aberto na internet, o que muito facilita, há um grande trabalho por trás de cada texto para tentar expandir, ou mesmo garantir, sua divulgação. Entretanto, como é de conhecimento de alguns, o meu grande objetivo é a publicação de um livro (notem que mantenho o singular; o plural será em um segundo momento). E publicar um livro, antes de mais nada, exige uma série de difíceis tarefas além de sua elaboração propriamente dita.
           Uma vez definido o tema, decorre-se um roteiro a ser tratado, a definição das personagens, as relações entre elas, os objetivos a serem atingidos e a consolidação da história em forma de livro. Parece simples, não? Mas entre estas atividades, tem o trabalho, tem a família, tem o cansaço do dia a dia e fica cada vez mais difícil encontrar algumas horas, ou minutos que sejam, livres para se dedicar a este trabalho. E ainda, normalmente, não é algo que, encontrado este tempo, senta-se diante do computador e põe-se a escrever. É necessário recapitular todo o conteúdo produzido, todas as ideias que o fundamentam e buscar a tal da inspiração que é lisa como bagre ensaboado. Mas tudo bem, entre trancos e barrancos sai o tal do livro. Ainda que em forma de original, como é tecnicamente chamado, é o tal do livro.
           Só que isso não é tudo, talvez até este ponto tenha sido a parte mais fácil, ou menos difícil, pois é a partir daqui que começa a grande luta: encontrar um meio para a publicação. Digo “meio” porque hoje dispomos de algumas alternativas, mas o meu propósito é encontrar uma editora, nos moldes convencionais. É um longo caminho entre buscar por editoras, selecionar aquelas que se encaixe a linha editorial, estabelecer contato e enviar o original do tal do livro. Enviados os originais, só resta aguardar as respostas das editoras, quando vêm.
           Em agosto, conclui o meu segundo romance e já o enviei para várias editoras. Na última sexta-feira já chegou o primeiro "não"! Por mais que seja ruim, um "não" ainda é melhor do que um silêncio; mas não deixa de ser um "não", e um "não" sempre dá uma bambeada nas pernas. E esse "não" não foi o primeiro e também não será o último. Ainda mais considerando que o meu primeiro romance conseguiu todos os "nãos" possíveis.
           Também deve ser considerado que uma editora não é uma ONG ou uma instituição de caridade, mas uma empresa. E como qualquer empresa visa, e precisa visar lucros para poder se manter, no mínimo, justificável.
           Dentre os outros "meios" que temos, cada vez mais se destacam e se multiplicam as editoras que realizam todo o processo editorial sob custeio do próprio autor, o que costumo chamar de gráfica estilizada. Desta forma, qualquer obra pode ser publicada, com tanto que haja o financiamento por parte do autor, o qual, também, será o responsável pelo lançamento, divulgação, distribuição e venda. A vantagem deste método é que todo valor arrecadado com as vendas é cem por cento do autor; a desvantagem é que ele tem que arcar com todo o operacional, o que seria muito mais abrangente e efetivo se feito por uma editora e toda sua estrutura. Foi este o meio que usei com o meu primeiro livro "Desce Mais Uma! - Primeira Rodada". Foram muito bacanas o lançamento, a criação do livro em si, mas fora os amigos, a família e colegas de trabalho, não tenho conseguido divulgar mais o livro, e estou com vários exemplares emperrados em casa (alguém interessado?).

           Mas enfim, o negócio é aguentar firme e continuar a luta. "Água mole em pedra dura", não é? Então, vamos que vamos, afinal, algumas brisas começaram a soprar boas novas... Aguardem notícias em breve... Breve!

           Abraços!!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Adivinhem quem chegou?

Pessoal!

Devido a uma visita, um tanto que inesperada por antecipada, que aconteceu hoje, resolvei adiar o texto desta semana para contar para vocês que o Pietro chegou!

Apesar de ser apressadinho (danado esse menino!), todos passam bem, tirando as câimbras no rosto pelos descontrolados e persistentes sorrisos rasgados.

Para quem não acompanhou, o motivo de eu fazer este anúncio aqui é porque dia destes publiquei minha Carta ao Pietro, e quis compartilhar esta ótima notícia com os amigos.

Abraços a todos!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Simples Assim

Ontem vi uma criança e uma flor,
Foi num jardim destes à beira do caminho,
Sombreado por calvas jovens árvores
E forrado por um esverdeado gramado tímido.

Uma levava a outra
Por entre delicados dedinhos avermelhados,
Com incertos passos pueris,
Sob um brilhante olhar curioso.

Uma era levada pela outra,
Com aveludadas pétalas coloridas
A exalar um suave perfume adocicado,
Permitindo a encantadora magia da descoberta.

Uma completava a outra,
Com o vislumbre das formas e cores,
Com uma inocente gargalhada despreocupada,
Aconchegadas nas próprias existências
A comungar da mesma cena.

Ontem vi uma criança e uma flor...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

À Próxima Tempestade


Atentai-vos a mim, homens, o vosso nobre capitão!
Não vede que seguimos à carenagem?
Machados aos estais, machados ao mastro,
Livrai-nos do excesso, aprumemos a nave!

É de frente e não de lado que se enfrentam as ondas, jovem timoneiro,
Alinha a proa e reze tua prece,
É de madeira de lei a quilha,
Mas a fé a fortalece!

Às tábuas a firmar, homens!
Aguentai-vos firmes,
Fazei-vos valer, esta é a hora,
Buscai vós na batalha a honra!

Rezai vossas preces,
Não perdeis a coragem!
O choro é para mais tarde.
Força!

Escorai-vos onde puderes,
Segurai-vos como puderes,
E, assim, revezai-vos ao descanso.

Já se aproxima a bonança e é nela que se trabalha!
Nela não se descansa, mas se repara e se toma o fôlego;
Tão certo quanto ela é a próxima tempestade que já se precipita.

 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Carta ao Pietro

São Paulo, 22 de setembro de 2011.

Querido Pietro,

Você ainda não me conhece, mas hoje eu conheci seu rostinho: sou seu tio!

Queria que você soubesse da revolução que você já tem causado por aqui. Estamos todos muito felizes, de corações moles e extremamente ansiosos esperando a sua chegada – o tio está doido para te ver! Já faz um bom tempo que muita gente por aqui está se mexendo e correndo atrás das coisas para que esteja tudo pronto para quando você chegar.
Você deve estar curioso em saber como são as coisas aqui do lado de fora, não é? Mas tem quem diga que são nove meses tentando sair e o resto da vida tentando voltar, mas não é bem assim.
É verdade que o mundo tem mudado muito desde que eu e seu pai viemos, mais ainda de quando seus avós vieram. A vida por aqui anda bem agitada, cada vez mais temos mais trabalho, mais contas a pagar, menos tempo para nós mesmos e para aqueles que convivem conosco. O mundo está complicado, o progresso está faminto e não tem limites. O planeta está cada vez mais poluído, cada vez mais quente, as estações do ano – talvez você ainda ouça falar delas – já quase não se diferenciam umas das outras, o nível do mar está subindo, as calotas polares estão derretendo, alguns bichinhos você só conhecerá no seu berço ou nos seus livrinhos, e o que é pior, parece que ninguém está muito preocupado com isso.
As pessoas também mudaram muito. Não é de se estranhar. Neste ritmo em que vivemos cada um quer mais é cuidar do que é seu – ou pegar o que é do outro. Mas o problema é a forma como as coisas acontecem. Não há preocupação de um com o outro, nem que seja superficial. As pessoas não medem esforços e tão pouco pesam nos efeitos do que fazem para conseguir o que querem. Simplesmente atropelam um ao outro sem peso algum na consciência. Têm-se feito muita coisa ruim e feia por aqui. Já quase não existem mais valores e quando existem, só existem dentro de casa, pois são facilmente corrompidos. Parece-me que antes havia um pouco mais de respeito e acho que não é coisa da minha cabeça. E toda esta situação só faz com que as pessoas se isolem cada vez mais umas das outras, e até delas mesmas. Creio que seja uma forma de defesa, mas acredite: com bilhões de pessoas neste mundo, nunca houve tanta solidão. E o que é pior, solidão de si mesmo!
Há muitas outras coisas que não mudaram. Por mais que irão dizer a você que isso não acontecia antigamente, saiba que elas existem há muito tempo e por muito tempo ainda continuarão conosco. Por exemplo: os políticos são corruptos e agem em benefício próprio; o dinheiro move este mundo, dinheiro gera dinheiro e compra remédios para as dores de cabeça que causa; as guerras sempre existiram sob fachadas para disfarçar o real objetivo de lucro e aumento de poder entre as nações; ainda hoje, para alguns a fome e ignorância alheia é lucro; as mulheres são complicadas, mas mesmo sem as entender, você não conseguirá ficar longe delas – daqui um tempo o tio conversa melhor com você sobre isso –; a grama do vizinho é sempre mais verde; sempre alguém anunciará o fim do mundo e o mundo sempre continua aqui; as pessoas mais sábias que você conhecer serão as pessoas que mais erraram na vida; todos erram, mas poucos perdoam; e, creio que o principal, seus pais sempre saberão da vida mais do que você e sempre farão por você aquilo que eles entenderem como melhor para você, assim, por mais que não os entenda ou com eles não concorde, acredite no tio: eles sabem! Ouça-os, respeite-os e ame-os!
Mas por aqui também tem muita coisa boa. Você pode vir sossegado que o saldo é positivo. Viver ainda vale muito a pena! Há muita coisa bonita para se ver, muito lugar interessante para se visitar, muito canto de passarinho para se apreciar, muita flor perfumada a se cheirar, muito pôr do sol memorável a se observar, muita piada a se contar, muita risada rasgada a se rir, muita gente de bom coração para se conhecer e muito sentimento bom para se sentir. A vida é algo mágico e que nos surpreende todos os dias, basta nos permitirmos vivê-la. Tem muita coisa boa para a gente fazer! Vamos brincar na terra, tomar sorvete, andar a cavalo, comer doces escondidos, correr atrás de galinhas, contar histórias, pescar, pegar fruta no vizinho, andar de bicicleta, até jogar bola, vamos deixar a mamãe e o papai bem loucos da vida!

Você já é muito querido e tem um lugar especial em nossos corações!

Seja muito bem-vindo!

Beijos do tio!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pela Janela

Há tempos que nesta janela,
Nesta mesma janela,
Ponho-me atendo a tudo observar,
A tudo o que se faz por ela passar.

Há tempos que neste observar,
Especulo os movimentos e me delicio com as expressões.

Há tempos que destas reações,
Faço minhas imitações sem [é lógico] esquecer as infundadas deduções.

Há tempos que nesta janela,
Fico a tudo observar,
Sem de mais nada me lembrar.

Há tempos que atrás desta janela,
Ponho-me assim: de tudo protegido e escondido,
De tudo que somente além dela se faz passar.

Hoje, um agradável dia ensolarado,
Como há tempos não fazia,
Pus-me despreocupado pelos passeios a caminhar,
Com um semblante difícil de desvendar,
Sentindo os cheiros e os sabores da paisagem
Há tempos nesta mesma janela a se formar,
Agora comigo por ela a se observar.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Coruja Cultural

Estes dias vim a conhecer o blog "Coruja Cultural". É um blog com uma proposta bastante interessante que visa a divulgação de produções artísticas de diversos autores.

Conforme o próprio lema, o "Olhar da Coruja", é um espaço dedicado a apreciar as diversas produções artísticas e a incentivar a manifestação de quem se propõe a visitá-lo, promovendo o exercício da opinião livre e a articulação das ideias acerca dos mais variados temas.

Hoje, o meu texto Eterno Retorno foi publicado no Coruja Cultural!

Convido a todos a conhecer este blog que está recheado de manifestações artísticas, dos mais diversos estilos, linhas e modos... Sempre sob o "Olhar da Coruja"!

Apreciem...

Abraços!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Entrega

Tantas foram as fantasias em mim vestidas,
Tantas foram as formas por mim assumidas,
Tantos foram os modos de mim investidos,
Tantas foram as culpas a mim atribuídas,
Que nem mais sei...

Tanto foi o que perdi,
Tanto foi o que lutei,
Tanto foi o que me iludiu,
Tantos foram os reveses,
Que nem mais dói...

Já não sei o que foi, nem o que era para ter sido, ou o que virá a ser.
Sei apenas que assim continuará,
De um lado para o outro, pra cima e pra baixo,
Trocando, mudando, transformando, inventando!
Mas sempre um eu mesmo [torto], de todos os tempos e com alguma coisa nova.

E por isso, hoje, envolto pelas minhas conquistas,
Sigo cantando a minha música,
Dançando a minha dança,
Caminhando o meu passo,
Rindo o meu riso,
Sem de mim perder a criança que nunca deixei de ser.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Não foi desta vez (ainda)!

Pessoal!

É duro dizer, mas hoje fraquejei e fumei novamente!

Queria agradecer do fundo do coração o apoio que todos vocês me deram nesta tentativa. Não foi em vão, pelo contrário, foi muito, mas muito importante e será, com certeza, força para minha próxima.

Peço desculpas por ter desapontado o apoio de vocês, mas a falha foi minha e me embaraça diante de mim mesmo (culpado por isso).

Perdi esta batalha, mas não a guerra e logo começarei uma nova tentativa e farei isso até me vencer e acabar com isso.

Mais uma vez, muito obrigado e me desculpem!

Cof, você foi genial com seus boletins diários, mas o negócio é complicado mesmo.

Um grande abraço e um maior muito obrigado a todos vocês!

Rafael

P.S.: Olhem que publicação bacana de um texto meu que a Juliana.encontrou no Pavilhão Literário. É do meu amigo Feldman que tanto me apoio no início deste blog.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Terceiro Dia

Sim, terceiro dia! É que ontem eu não passei muito bem, tive dores abdominais e febre, o que não me deixou sair do sofá para nada. Sorte, porque um pouquinho mais de força já daria para ir até o bar comprar cigarros...rsrs

Mas ficar de cabeça vazia realmente é pior, arremete constantemente ao cigarro...

Contudo, daqui meia hora completo 3 dias sem fumar, o que é muito bonito e tals, mas não está nada fácil. A cabeça já começou a mexer seus pauzinhos, transformando aquele grande entusiasmo do primeiro dia, enfim, a vontade está grande... pelo menos um cigarrinho, sabem? rsrs

Eu estava num ritmo alto com o cigarro, talvez teria sido melhor se eu diminuísse e pusesse sob certo controle antes de atacar deste jeito... vai saber...

Obrigado ao pessoal que têm dado uma grande força...a torcida ajuda!

Meu amigo Cof está me mandando resumos diários para me ajudar a ficar firme, depois vou juntá-los aqui...

Abraços pessoal...fica o pouco que rolou no twitter:


Rafael Castellar

Rafael Castellar

Rafael Castellar

Rafael Castellar

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Primeiro Dia

Bom, há pouco completei o primeiro dia sem fumar. Confesso que não está sendo nada fácil, pelo contrário, me assustei com a vontade de fumar que senti do fim da tarde para cá.

Engraçado como muda a cabeça da gente, ontem, a essa hora eu estava todo forte e cheio de vontade, decidido. Hoje estou confuso e atrapalhado com isso tudo. É a questão do "diabinho", sabe?

Bom, vamos ver como vai a coisa amanhã...agora acho que vou dormir, pois, além de me sentir sonolento sem o cigarro, é melhor para passar o tempo..rsrsrs...

Ah, o nervosismo já começou a aparecer...ai ai ai...

Obrigado ao pessoal que está dando todo o apoio por aqui! Vamos ao resumo do dia:















»


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Parei de Fumar!

        Se tem uma coisa em que tenho me tornado bom é em parar de fumar. Paro de fumar quando eu quero, sempre que quero. Já parei de fumar umas três ou dezessete vezes. O problema é que volto a fumar!

        Brincadeiras à parte, está complicado conseguir parar de fumar de forma definitiva. Já tentei várias formas: sozinho, adesivos, terapia auricular, remédios e outros. Mas nada tem funcionado até agora e sei muito bem que meu pior inimigo sou eu mesmo. Sou eu que convenço a mim mesmo a voltar de fumar. Às vezes acho que existe outro eu em mim, sendo que um quer parar de fumar e o outro não. Como os anjinhos e diabinhos dos desenhos animados que travam uma luta convencendo seu “dono” sobre o que deve ser feito. É assim que me sinto. Hora um está mais forte que o outro, o que acaba me permitindo ficar alguns dias sem fumar e depois voltar comendo cigarros. Estranho, não é? Mas acho que fumantes sabem do que estou falando.

        São vários os fatores motivadores que me aparecem – outros que fabrico – para parar de fumar, mas eles perdem sua força com o passar do tempo (deve ser o diabinho). Isso tudo é, na verdade, uma luta contra mim mesmo. Sinto que luto mais contra mim do que contra o vício propriamente dito. Mas tenho que definir estes fatores motivantes comigo mesmo e esse problema é entre eu e o outro eu.

        Hoje é meu último dia fumando (sim, estou com um cigarro queimando na boca agora mesmo), marquei que amanhã não fumarei mais. Difícil? Planejar não, cumprir sim; mas não impossível. Tenho tentado trabalhar comigo mesmo sobre isso tudo e o que mais tem me motivado a parar com isso é o fato de sentir na pele, e no corpo, os efeitos de anos fumando. Já sei que não sou mais o mesmo e isso é resultado de fumar: tenho faltas de ar, cansaços frequentes, o corpo pesa, tenho gripes com mais frequências e estou completamente dominado pelo cigarro. Este último me revolta. É muito ruim saber e sentir que dependo e sou totalmente dominado pelo cigarro, que está cada vez mais presente e descontrolado em minha vida. A cada recaída, aumenta-se a quantidade e a necessidade.

        Não sei se é a intenção de parar de fumar ou algum “sinal”, mas ultimamente as notícias de pessoas com problemas por causa do cigarro têm me cercado, fora o fato de um grande amigo meu estar com problemas sérios por causa do cigarro e meu pai, há mais de dez anos sem fumar, ainda sofrer com os efeitos nocivos. Mas das notícias que mais me chamam a atenção são as do Chico Anysio, que esteve internado por mais de cem dias e sofreu uma traqueostomia. Vi uma entrevista dele em que dizia que a única coisa que se arrependia em toda sua vida era de ter fumado. Dói isso quando nos olhamos e vemos isso como um possível futuro. Enfim, motivos não me faltam para parar de fumar e agora vai ter que ir (seria até bom ter isso no meu currículo: já fui um fumante!).

        Não posso dizer que minhas tentativas foram em vão. Consegui ficar alguns dias sem fumar, sendo quinze dias em duas ocasiões – consideremos que não havia conseguido ficar um único dia sem fumar, mesmo que doente. São novos hábitos que me agradam. A cada tentativa aprendi coisas novas. Coisas sobre como lidar com o cigarro e como lidar comigo mesmo, o que é bom, já que cada um responde de um jeito diferente a este vício. Aprendi que minha relação com o cigarro é mais psicológica do que química (o que complica). Aprendi sobre certas coisas que podem ajudar a aliviar a abstinência, entre elas grandes e constantes goladas de água, caminhadas e profundas respirações para estabelecer a calma têm sido as melhores. Aprendi com uma grande amiga que eu fico muito encanado com o cigarro, ao invés de esquecê-lo. Fico lembrando que estou parando de fumar e contando os minutos, e realmente entendi e comprovei que esquecer é a melhor opção. Engraçado descobrir que sou uma pessoa muito mais ansiosa como fumante do que sem o cigarro. Mas são apenas algumas das descobertas.

        Também descobri muitas coisas que não ajudam a mim. Foram vários os maços de cigarro jogados pela metade durante cerimônias de despedidas cheias de vontade e decisão, que não duraram até o amanhecer. Mas foram vários os sorrisos que recebi nos períodos em que me mantive limpo. Foram várias as relações que se estreitaram e hoje, são várias as pessoas com quem posso contar pelo apoio incondicional que recebo, como da minha família e da minha noiva que me apoia como ninguém.

        Considerando que escrever é algo que gosto de fazer por me por frente a frente comigo mesmo e me ajuda a resolver grandes problemas e o fato de que um comprometimento e apoio público poderiam ser mais efetivos, resolvi usar o “Desce Mais Uma!” como uma ferramenta para uma nova tentativa. Por isso, peço a licença de vocês para usar o blog, por um tempo, para este fim. Durantes os próximos quinze dias postarei os efeitos e as batalhas no meu Twitter (@rafaelcastellar) e à noite consolidarei todos em um post aqui no blog (habilitei na barra lateral os meus twitters para quem quiser acompanhar).

        Então, hoje é meu último dia como fumante ativo, afinal, como dizem, não existem ex-fumantes, apenas fumantes que deixam de fumar. Hoje paro de fumar e amanhã inicio uma difícil luta, mas que não será tão longa assim. Apenas preciso me manter calmo e centrado em um novo modo de vida, ao menos por este período, para sair do outro lado com uma nova, e mais promissora, vida!

        Vamos lá, pode ser, pelo menos, divertido!

        Abraços e Obrigado!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Encurralado

Era escura e estreita, de formas familiares, mas de cheiros repugnantes, a viela em que caminhava.
Foi quando caiu a densa neblina cinzenta que pesava aos olhos e aos pulmões,
Seguida de um puro silêncio absurdo que tomou todas as atenções dos ouvidos ao se fazer presente.

Ao parar, passos continuaram,
Apavorado o corpo estremeceu.

À consciência, pensamentos sob o disfarce da corretude imposta sussurravam os fracassos e as faltas de uma vida.
Às pernas, mãos de outros tempos se seguravam.
À espinha, o insuportável arrepiar de lembranças forçosamente esquecidas suavemente deslizavam.
Ao coração, finas e dolorosas agulhas da indecisão sobre o próprio existir se atravessavam.
Aos joelhos, pedriscos do asfalto áspero a condenar e a sacramentar a queda arranhavam.

Aos olhos, a ofuscante e brilhante luz da esperança, que afastava a escuridão e anunciava a nova chance, absolvição própria, se formava conduzida pela persistente e fiel mão direita que, simplesmente por acreditar, insistia incansável em lutar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Privacidade

Uma crônica carioca do amigo Léo Monçores. Sob medida para o que vivemos hoje em dia!

*        *        *

Diálogos ouvidos, sem intenção, em alguns pontos do Rio de Janeiro:

No trem:
- Alô? Oiiiii Aline!!! Há quanto tempo!! E o “Luquinha”? Tá bom?
- Já começou? Que lindo! E ele, chorou?
- Nossa!! Parece até que é maltratado em casa né?
- Eu tô no curso. É, até junho, lá no Riachuelo. Já estou mexendo na máquina sem medo.
- E você? Quando vem outro? Que nada, tenho certeza que dessa vez vem uma menina, você vai ver.
- Esse garoto precisa de um irmão ou irmã.
- Então tá, já vou saltar. A gente se fala, um beijo!!

No ônibus (no viva voz):
- Oi! Já “tamo” voltando.
- E aí como foi lá?
- Foi tudo bem, o médico disse que ela está com infecção urinária.
- Pois é, não se cuida, Dá nisso.
- Fora os problemas, tá tudo bem?
- Lá em casa tá “F...” Maurício tá desempregado, já viu né?
- A gente se vira né?
- É, salgadinho e bolo, mas não dá muito não!
- Já conversou com o Pastor?
- Ainda não, “vô” lá no domingo.
-Vai sim, de repente “pinta” alguma coisa
-Valeu, logo mais a gente se fala.
- “Té mais”

No Metrô:
- Fala aí! Beleza??!!
- Pô cara, o Miltinho é “maió” vacilão.
- Foi dizer pra “mina” que eu já fui casado.
- Agora ela tá saindo fora, nem me dá mais papo.
- Tudo por causa daquele otário.
- Tá nada cara, moscão de padaria.
- “Vamu vê”, essa semana ela deve ir na festa do Zeca também.
- Churrasco, lá no sítio do tio dele.
- Lá em Mangaratiba.
- Mas, é longe da praia.
- Se ela “tiver” lá vou chegar junto.
- O máximo é um não bem grande, ha,ha,ha!!
- Valeu, abraço!

No restaurante
- Pô, até que enfim!!! Tô te ligando desde ontem!.
- Tô almoçando.
- E aí? Vamos mesmo?
- Pô deixa de frescura, você só fica com alguém se quiser.
- Adriana, Adriana, já te falei que você vai acabar maluca com esse negócio de ter medo das pessoas!!
- Vai se divertir, quem sabe você não conhece alguém legal?
- Eu vou com o Júnior. Aquele amigo dele, o Chico, também vai.
- Cara, assim é melhor não ir mesmo. Que saco!!!
- Tá bom, se resolver, me avisa, se não, nem me liga!
- Tchau!!

No elevador (em código):
- Cara, percebeu o lance?
- Eu te disse que isso ia acontecer.
- Pô de repente não é nada disso.
- Tu não viu a cara dele não? Me engana que eu gosto!!
- Deixa o cara, problema dele.
- Só não pode é ferrar a gente por causa disso.

Na loja (de meias e afins):
- Pois não!?
- Tem aquelas calcinhas de “peninha”?
- Não, infelizmente não trabalhamos com esse tipo, mas temos de algodão que são muito confortáveis.
-Tá legal, obrigado!
- Ah! E sutiã de grávida, pra amamentar?
- Pra você mesmo?
- Não, pra minha irmã.
- Qual o tamanho, você sabe?
- O maior que tiver, a mulher parece uma vaca!!
- O maior é esse.
- Ih!! Não dá nem pra saída!
- Tá legal, obrigado!
- Leva um cartão da loja, qualquer coisa, meu nome é Sônia.


        Isso tudo foi ouvido nos lugares mencionados, sem nenhum esforço da minha parte para tal. Apenas os nomes são fictícios. É impressionante como divulgamos nossa privacidade no dia a dia, principalmente quando utilizamos a tecnologia. Parece que os outros não importam, ou que nada mais é tratado de forma discreta. A vida virou “um livro aberto” onde todos podem compartilhar do assunto alheio, mesmo que, como foi o caso, não estejamos, a princípio, interessados.

        Assuntos diversos são tratados em público e “mostrados” a todos sem a menor cerimônia. A tecnologia realmente faz parte do cotidiano, mesmo que não nos demos conta disso. Postamos e liberamos imagens, sentimentos, diagnósticos, visões, opiniões e particularidades que nem sempre queremos compartilhar com a “rede”. Mas, que, uma vez no espaço, digital ou não, vão viajar, sabe-se lá pra onde, e serem observados, e compartilhados sabe-se lá por quem.

        É a vida... Moderna??

Léo Monçores

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Aniversário do Desce Mais Uma! + Presente da Revista Cultural Novitas

Agora sim, pessoal!

Exatamente hoje, no dia do terceiro aniversário do Desce Mais Uma! foi publicada a versão on-line da Revista Cultural Novitas Nº 11, a qual me presenteia com a publicação do meu texto Eterno Retorno!

Convido a todos a conhecer a revista e me acompanhar na publicação deste meu texto, um grande presente na Revista Cultural Novitas Nº 11.

Obrigado a todos por sempre me acompanhar e à Revista Cultural Novitas, especialmente ao David Nóbrega e à Letícia Losekann Coelho, pela grande oportunidade.

Parabéns a todos vocês fregueses que permitiram estes três anos de Desce Mais Uma!

Abraços...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Desce Mais Uma! na Revista Cultural Novitas

Pessoal!!

Complementando a lista de presentes que o Desce Mais Uma! tem recebido neste mês do seu terceiro aniversário, comunico, com muita alegria, que o meu texto Eterno Retorno será publicado na próxima edição da Revista Cultural Novitas!

A Revista Cultural Novitas conta com colunas de contos, crônicas, opiniões sobre temas relativos à cultura e à educação, entrevistas, música, entre outros espaços preenchidos por colaboradores que se alternam. Vale a pena conferir!

Convido a todos a me acompanhar nesta publicação no lançamento desta edição, que acontecerá nos próximos dias no site da Revista Novitas. Manterei todos atualizados aqui no blog.

Aproveitando: um feliz dia a todos os amigos escritores!

Obrigado e grande abraço a todos...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um Novo Despertar

Numa manhã de um domingo desses, não por ser dia, nem por ser belo, mas por se ver no espelho, pela primeira vez em muito tempo, como realmente era, sem vultos de dúvidas ou marcas de culpas a lhe cercarem e atormentarem a cabeça, inesperadamente, ela acordou; não porque o tempo passou ou porque se perdoou, mas porque se permitiu, novamente, sorrir.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Espera: o Primeiro de Todos

Ainda em clima de comemoração, gostaria de propor, novamente, o meu primeiro texto publicado aqui no blog. Foi a partir dele que resolvi dar um pouco de valor para as coisas que eu escrevia e parar de jogá-las fora. Ele tem um valor muito grande para mim.

A ideia deste texto me acompanhou por cerca de um mês, até que resolvi escrevê-lo. Para meu espanto, isso levou menos de dez minutos.

Interessante, também, é reler um texto antigo e notar que o estilo mudou, os pensamentos mudaram e a forma também. Antes de uma recordação, é uma referência.

Aqui está, também, o link para a postagem original: A Espera

Espero que gostem!

Abraços e obrigado!!

*        *        *

A Espera

O relógio marca 11h23.
Na mesa ainda há migalhas do café da manhã
A xícara tem uma película grossa de café frio.
Na minha boca a saliva está grossa
O gosto é de uma noite mal dormida com resquício de um café amargo que se acabou.

Minha visão está embaçada,
Meus olhos estão sujos, remelas transbordam pelos cantos
Maquiados pelas minhas insônias intermitentes
Que me roubam o merecido descanso, ou não.

O ponteiro preguiçoso não avança,
A campainha histérica não grita,
O telefone não geme,
A porta não apanha,
Sua voz não me chama.

Meus cabelos sujos, compridos não mantêm a compostura,
Desfeitos como touceiras de colonião após o vento.
Meu rosto cinza e perigoso pela barba por fazer,
Crescida pela preguiça e pelo desgosto.

Minhas unhas sujas aumentam meus dedos
Que ainda seguram a xícara e raspam as migalhas.
Minhas veias agora mapeiam minha vida,
Roxo-azuladas abaixo da minha pele amarela.

Ainda estou aqui,
Sua voz não me chama,
Ninguém chega,
São 11h23.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

3 Anos - 500 seguidores!

No próximo dia 29, o Desce Mais Uma! completará três anos de vida! Parecem poucos quando comparamos a uma vida na agitação em que vivemos, mas são muitos quando pensamos em uma ideia mantida aos trancos e barrancos.

E junto com este terceiro aniversário, recebo o grande presente de atingir o número de 500 seguidores aqui no blog!

São 500 seguidores aqui no blog, mais outros grandes tantos por outros por Facebook, Twitter, E-mails, lembranças e por gosto... de todos os cantos do país e tantos outros do mundo. E são vocês, seguidores e fregueses amigos, que garantem e mantêm a existência desta ideia.

É por causa da presença de vocês que o Desce Mais Uma! completa três anos de vida. É por causa de vocês que continuo motivado e empolgado a realizar este trabalho que tanto me dá prazer! É por causa de vocês que realizo um sonho!

Por isso, parabéns a todos vocês! Obrigado a todos vocês!
Pelo companheirismo, pela paciência e pela amizade, eu agradeço!

Um grande abraço carinhoso a todos, repleto de agradecimentos imensuráveis!

E Desce Mais Uma! Desçam Todas!

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Tesouro do Capitão Perdido

Depois de todos os mares três vezes atravessar,
De uma sorte de temíveis monstros marinhos enfrentar,
De uma rústica tripulação esbravejante comandar,
Por entre tribos, não mais primitivas, mas ansiosas a lhe comerem o fígado e saborearem o cérebro, sobreviver,
O nobre capitão, por fim, encontrou-se e orgulhoso sorriu ao avistar, entre névoas, as praias de um dos seus tão procurados destinos.

Nem bem atracou, lançou-se entusiasmado ao caminho gravado em sua mente, um dia revelado pelo mapa em seu bolso.
Em instantes parou súbito à praia, agradecido olhou desconfiado aos céus.
Sem as intituladas roupas pesadas, cavou o mais fundo e mais rápido que pôde até encontrar o que tanto procurou.

De dentro do antigo baú, enrolado em trapos velhos, retirou seu tão sonhado e desejado tesouro.
Radiante, pôs-se menino a contemplá-lo, enquanto se deleitava com a estranha sensação da pura felicidade da completude transbordando de seu coração.

E assim o fez durante profundos e deleitosos instantes, suficientes para torná-lo comum à sua vida, da qual, por desleixo ao que é comum, permitiu que a maré o levasse, conforme tradição da sua espécie.

domingo, 19 de junho de 2011

Nas Entrelinhas

Não com um livro, mas com um lápis é que se compara a vida.

Capara-se a vida com um lápis a deslizar por entre as linhas, ora nas entrelinhas, em movimentos desconhecidos, outros premeditados, muitos outros até improvisados, que, ao se dar conta, formam significados, sentidos, verbetes.

Lápis que deixa por páginas, até tão brancas e vazias, rastros que eternizam memórias, momentos, sentimentos, muitos orgulhosos, outros esquecíveis, mas sempre perpetuados e denunciados, mesmo que pela rasura proposital.

E como lápis, desgasta-se! Passa a deixar marcas dúbias, borrões passíveis de correção [ah se houvesse uma borracha], até quando, novamente desbastado, toma-se forma nova e continua com traços delineados e firmes.

E em um gracioso movimento contínuo divinizado, segue adiante, ora com letras garrafais, outrora garranchos murmurantes; ora decorados e delicados, outrora minguados e entristecidos; ora precisos e centrado, outrora reticentes e trêmulos.

Mas sempre por novos parágrafos, por novas páginas, compondo um livro único, repleto de memórias e sentimentos, conquistas e derrotas, realizações e perdas. Um livro talvez nunca relido [quiçá lido], mas único e jamais extinguível!

Um livro escrito por um único lápis, que trilhou toda uma sorte meios e que por eles teve de passar sem fazer correções, talvez explicações, até seu desgaste pleno e a entrega ao derradeiro ponto-final, quem sabe seco e absoluto como um suspiro, ou talvez um contorcido rabisco de um espasmo agonizante, mas final.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eterno Retorno

Quem é que diria, minguado amigo velho,
Você de novo neste buraco!

Não era você aquele que, às grandes perdas, aprendera as lições da vida?
Não era você aquele que, aos desastrosos erros, amadurecera a criança que habitara o seu peito?
Não era você aquele que, aos prantos e latências, soerguera-se e pusera-se firme a caminhar?
Não era você aquele que, por todos os seus fracassos e estragos, se postara astuto e infalível diante da vida?

Agora, como castigo pelo seu desleixo e arrogância, encontra-se aí,
Pendurado à beira do seu buraco sem fundo,
Agonizando indignado com mais este golpe.
Culpado só você é!

Pare com este lamentar tedioso,
Limpe este rosto suplicante,
E salve o que lhe resta de dignidade!

Vamos, deixe de bobagem e abaixe logo esta sua mão.
Use-a para a única coisa que agora lhe serve: salvar a si próprio;
Pois daí ninguém lhe tirará, nem mesmo eu.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Sorriso do Boiadeiro

Pessoal, estive fora por alguns dias, mas as portas continuaram abertas.
Aproveito para convidá-lo a participar da enquete ao lado, que me direcionará em um projeto meu.
Ah! Agora você pode receber os textos do "Desce Mais Uma!" diretamente em seu e-mail, basta informá-lo no campo "Acompanhe por e-mail" na barra à direita!

*        *        *


        Estávamos à beira do Goiás, a um passo do Araguaia e a dois do Tocantins, quando percebemos os grandes borrões esverdeados que se espalhavam pegajosos pela estrada, denunciando que seus autores seguiam no mesmo sentido que o nosso e logo deveriam se apresentar como parte da paisagem.
Empolgados, andamos mais alguns quilômetros e nos deparamos com uma boiada de garrotes, tocada ao ritmo natural dos meninos que se atropelavam e se esgueiravam à caça de bocados do braquiária que cresce insistentemente às margens do asfalto.

        Desde pequeno ouvi as histórias dos bravos boiadeiros que tocavam e zelavam a boiada por enormes distâncias e complicadas situações. Suas montarias sempre foram alvo de respeito e os arreios de inveja. As famosas mulas briosas elegante e rusticamente enfeitadas por arreios argolados e grossos pelegos que confortavam o acento das resistentes portas-capelas. Foram tantas as referências e as tentativas de aproximação que se fundaram em minhas imaginações e minhas admirações e, de repente, se personificaram bem diante de mim.

        É claro que não resistimos e paramos para algumas fotos. Pedimos as devidas permissões aos boiadeiros que guardavam a retaguarda da boiada e eles nos atenderam com muita simpatia e simplicidade. Fizemos fotos deles, fotos montados nas mulas e conversamos um bocado. Eram boiadeiros de verdade, que carregavam na pele o cansaço e as marcas de uma vida dura e árida. Uma vida com poucas expectativas além das que se apresentavam como fatos rotineiros a serem arduamente transpassados todos os dias.

        Mas toda a euforia daquele momento foi posta de lado, sem ressentimentos, diante desta simplicidade e a alegria com que fomos recebidos. Não se tratava da alegria de ser fotografado, ou cortejado com inúmeras perguntas e curiosidades da “gente da cidade”; mas de uma alegria intrínseca e natural, que corre em suas veias, brotada de um coração enorme e inexplicavelmente, nos dias de hoje, verdadeiro.

O sorriso no rosto daquele homem – com o qual mais conversei – era algo fascinante. Não se era um sorriso por entre palavras, mas palavras por entre sorrisos. Algo que não se limitava à expressão facial, mas que se compunha pelas palavras, pelas entonações, pelos gestos, pelos olhares, pelos movimentos e até pela timidez. Um sorriso que resplandece, não pelos seus motivos, mas pelos seus efeitos. Um sorriso puro e gentil, nada pueril, de homem sofrido, fora de casa há mais de um mês, que luta pesado todos os dias, recebendo da vida, com este sorriso, todos os golpes, todas as dificuldades, todas as ausências, todas as quedas; mas que recebe, de coração ainda mais aberto, e talvez por isso o sorriso, os pequenos presentes que a vida nos dá a todo momento, em todos os dias, e que fazemos questão de sufocar com as reclamações e injúrias de nossos problemas.

        Não digo que tenhamos de parar, levar a mão à cabeça e pensar no que temos e no que eles não tem e nos redimir diante da situação alheia; pelo contrário, excomungo este tipo de nivelamento de vida, apenas penso que vale a pena, em todas as nossas manhãs, nos lembrarmos, por alguns instantes que sejam, que devemos abrir mais nossos olhos e apurar nossa percepção em busca dos pequenos detalhes com os quais somos presenteados todos os nossos dias, pois está na simplicidade da existência as maiores e melhores razões que fundamentam a verdadeira felicidade.

        Por não me lembrar de nenhum outro, firmo em minha vida que neste dia conheci a verdadeira felicidade de viver.

        Com ou sem peixe, a pescaria estava salva!

domingo, 8 de maio de 2011

Carta ao Amigo Desolado

        Caro amigo Desolado,

        Ao que percebi, pela sua última carta, você não tem passado por momentos muito agradáveis e sua fé nas pessoas está se perdendo. Inevitavelmente, aqui vai um conselho: perca-a!

        Explico-lhe: não lhe peço para crer que as pessoas não têm valor ou que sejam dignas de descaso, mas que você deve entender que os valores são para si e que deve se atentar mais sobre si mesmo, sobre suas necessidades – independentes se soam ridículas ou utópicas. Apenas olhe para si, não no meio em que vive, mas meio único apenas seu, onde somente exista você. Sei que isto sim soa ridículo, mas esta é uma das verdades da vida e que pretendo lhe explicar.

        Não é a verdadeira consideração ou dedicação entre as pessoas que têm diminuído – pois ambas nunca realmente existiram –, mas a manifestação da desconsideração e do descaso humano que tem tomado um lugar cada vez maior, sobre diversos aspectos, mas sobre um principal motivo: o egoísmo. Não se trata de um egoísmo no sentido direto de preferir ou exaltar o próprio ser, mas de abstê-lo de compromissos e responsabilidades para com os problemas alheios. Realmente é – e tem que ser – um verdadeiro “cada um por si”.

        Também não quero ser um mensageiro do apocalipse, mas, talvez, uma luz que ilumina certas verdades que você não quer enxergar, mas as sabe muito bem, disto tenho certeza!

        O relacionamento entre as pessoas ainda é uma necessidade intrínseca a ao ser humano, e isto é um fato do qual não adianta nos refutarmos! O que temos é que nos atentar à profundidade que estas relações podem se apresentar. Não me refiro aos pesos que nós mesmos colocamos ou ao tão longe vamos, mas ao como lidamos com isso. É inevitável nos jogarmos de cabeça ou nos dedicarmos com todo nosso ímpeto a certas situações e relações que nos fazem bem e das quais enxergamos – míopes – um futuro dourado, mas temos, de alguma forma (se souber me conte) nos conter sobre nós mesmos, em uma realidade dura. As relações, por mais que digam, nunca são bilaterais, a balança sempre penderá para um dos lados e, acredite, o outro lado está se lixando. Tentar se posicionar e deixar claro seus medos, suas necessidades e até o seu jeito, não vai ajudar, pelo contrário. Se quiser que realmente funcionem, terá que consumir em si mesmo estas necessidades, estes medos e estas querências; do contrário, será visto e definido como um tolo infantil, quem sabe apenas um idiota!

        Infelizmente, a parte realmente verdadeira é que cada um dos envolvidos quer satisfazer as si próprio e nunca ao próximo. Para cada parte, a relação somente será agradável e valerá a pena enquanto tiverem suas necessidades nutridas, mesmo que para isso, vez ou outra, tenham que encenar um interesse pela outra parte, sob o tão batido “é dando que se recebe”.

        Por isso, meu caro amigo, não espere que ninguém lhe ajude com suas necessidades, não espere que ninguém lhe entenda, não espere que ninguém lhe estenda a mão quando você cair, não espere que ninguém enxugue suas lágrimas e, acima de tudo, não espere que aceitem seus sentimentos! E olha que não falo de compreensão, apenas de aceitação.

        Nunca, e digo novamente, nunca, exponha seus sentimentos! Ao fazer isso estará decretando o fim daquilo que mal começou. Nos dias de hoje, sentimentos são tratados como fantasias pueris, todos esperam uma posição mais firme e decidida uns dos outros ao lidar com os próprios problemas, por simplesmente ser mais fácil e abster-se das responsabilidades e esforços que deveriam ser herdados pela cumplicidade que se é, mentirosamente, proposta.

        Sendo assim, quando quiser chorar, vá tomar um banho, pois assim não será ridicularizado, pois homem não chora; quando precisar de carinho, pense em comprar um cachorro, pois ele não entenderá o que se passa e permanecerá do seu lado; quando seus sentimentos lhe sufocarem, abrace forte seu travesseiro, pois ele não lhe reclamará se sentir sufocado; quando tiver raiva, morda a própria mão ou soque a parede, pois a dor pode lhe aliviar, nunca aquele que lhe pede para contar; quando lhe tiverem raiva, agradeça aos céus, pois será verdadeiro; quando precisar ser compreendido, ponha-se diante de um espelho e converse, pois, provavelmente, somente você poderá lhe entender; quando a dor for intolerável, tome algo que lhe tire de si, pois o contrário pode lhe causar ainda mais; e, acima de tudo, quando não conseguir cumprir estas regras e acabar por apresentar estes fatores, corra, mas corra como nunca correu, durante três dias e sem olhar para trás, pois, se vacilar, conhecerá a verdadeira dor da sua própria existência.

        Então, amigo meu, me despeço aqui, pois já muito lhe fiz por esta vida. Quero, também, que saiba sempre que caso precise de um ombro, de um consolo ou de uma palavra amiga, vá para um bar ou para uma igreja – talvez para o inferno –, porque nem estarei aqui para isso.

        Sem mais,

        Seu grande e verdadeiro amigo.