terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Em 2012: Patos!

Em 2004, fui pego por uma estranha angústia que parecia aprisionar algo dentro de mim e que precisava, na verdade, ser colocado para fora. Isto me acompanhou por algum tempo e eu sabia que precisava encontrar um meio de tirar isso de mim. Também sabia que se tratava de alguma forma de expressão e, olhando para os meios, entendi que a escrita seria uma possível saída. Sem pestanejar, comecei minha primeira tentativa de criar um livro.

Durante vários anos, entre altos e baixos, foram quatro as tentativas que realmente tiveram algum efeito considerável. Mas foi somente a quarta que se maturou em meu primeiro romance, intitulado "Patos". "Patos" foi concluído em 2010 e até o momento foi continuamente descartado pelas editoras, conforme todo o processo, desde a criação à publicação, que descrevi na crônica "Persistindo na Lida". Mas neste semestre, a Editora Novitas se interessou e, acreditando neste trabalho, criamos uma parceria para editoração e produção deste livro.

"Patos" é, para mim, uma das muitas boas-novas anunciadas para 2012 e que permitem o fechamento dourado de 2011, um ano em que muito de bom foi colhido. De forma que compartilho com vocês, que tanto acompanham e fortalecem o meu trabalho, que "Patos" está sendo gerado e deverá chegar ainda no primeiro trimestre de 2012!

Aproveito este clima entusiasmante para desejar a todos um Feliz Natal e um Sensacional Ano Novo, que nos encha de conquistas, alegrias, (presentes), saúde e paz!

Um grande abraço!

Rafael

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Virtuais Tempos Modernos

        Dia destes, eu estava vendo um vídeo na internet que tratava da velocidade da evolução humana nas últimas décadas. É impressionante e chega a ser assustador, principalmente ao se pensar nisso tudo em relação ao longo caminho da nossa existência como um todo. E não é preciso mergulhar em informações históricas para notar esta evolução. Basta simplesmente lembrarmo-nos das nossas infâncias e compará-las com nossas vidas e das nossas crianças de hoje. A evolução é inevitável, necessária e bem intencionada, mas precisa ser incorporada com cuidado.

        A principal evolução, a que mais podemos notar e sentir, é a da informática. Com o advento da internet as formas de se viver, de se trabalhar e de se relacionar mudaram drasticamente. Esta evolução trouxe facilidades incríveis de comunicação e produção. Desde as primeiras trocas de mensagens, das primeiras formas de emails, dos primeiros comunicadores de mensagens instantâneas, das ferramentas de colaboração até as redes de relacionamentos, tudo está aí, disponível, para aproximar as pessoas, para transpor e eliminar fronteiras geográficas. Quando eu imaginaria que poderíamos nos comunicar com alguma pessoa do outro lado do mundo em fração de segundos? Quando eu imaginaria comprar algo com alguns cliques no computador e que este seria entregue em minha própria casa? Quando eu imaginaria tantas outras coisas que hoje são comuns na minha vida?

        Mas quando eu digo que tudo isto deve ser incorporado com cuidado, estou falando mais especificamente no que tange as relações humanas. Com toda esta tecnologia às mãos, é possível viver em dois mundos: o virtual e o real. Dois mundos estes que quase não se confundem e podem ser vividos de formas diferentes, com valores diferentes, e com “poderes” diferentes. E a possibilidade de poder ser diferente faz com que se torne cada vez mais atrativo e passa a cada vez mais a tomar o plano principal. Assim, certas perguntas, que pareceriam ser absurdas, passam a ter sentido: para que passear em um parque se posso aproveitar meu tempo para ver o que meus colegas estão pensando? Para que ir ao cinema se posso baixar os filmes no meu computador? Para que ir a um bar com os meus amigos se posso conversar e trocar experiências com eles pelas redes sociais?

        E desta forma, neste círculo contínuo, cada vez mais a vida real se torna virtual, não sendo válido o inverso, tornando-nos pessoas socialmente nulas e apavoradas diante de qualquer tipo de relacionamento. Assim, esta forma de uso da internet passa a ser um forte contribuinte de um dos principais problemas da atual da existência humana: a solidão.

        E não falo apenas da solidão de quem está sozinho diante da refeição em um domingo ensolarado, ou sozinho tomando soro em um pronto-atendimento hospitalar em um sábado à noite; pois há tempos é fato a presença pandêmica desta solidão na vida das pessoas, a solidão em meio a tantos que é facilmente observada nos grandes centros. Ironicamente de ocorrências proporcionais à quantidade de habitantes. Mas eu falo é de uma nova solidão, que está fundamentada e é originada nesta primeira: a solidão de si mesmo!

        Além de mais aterrorizante, esta solidão é a mais destrutiva e cruel que a primeira, pois se trata da personificação de um indivíduo desconhecido de si mesmo. Não se trata de um indivíduo incompleto, mas um que se perdeu completamente das raízes, da essência, dos valores, das vontades e dos sonhos que um dia o alimentou. E é quando estes fatos vêm à percepção é que esta solidão reina sarcástica.

        Vive-se uma vida irreal dentro da vida real e esta, por sua vez, passa a ser descuidada e quando se percebe, é irreconhecível e, infelizmente, em muitos casos, inconcebível. Hoje, nossos super-heróis existem apenas atrás dos teclados e quando os deixam, são apenas crianças assustadas e desorientadas rumo ao trabalho.

        Não precisamos condenar ou abolir o uso da internet e suas ferramentas, isto seria hipocrisia. A internet e suas ferramentas não são os causadores deste problema, mas um dos meios para que a nossa atual forma de vida possa se valer para causá-lo. Temos é mais que usar e abusar de todos os seus benefícios, mas sempre tendo cuidado e atenção com a vida real, sem nunca nos esquecermos de que lá fora pode estar fazendo lindo dia ensolarado!