quarta-feira, 15 de julho de 2015

Café da Manhã

Manhã fria e cansada,
Sol fraco, lutando atrás de nuvens,
Chão molhado e pegajoso,
Ruas se enchem, pessoas se agitam.

Para um carro,
Frente a um grande edifício,
Fila dupla,
Porta-malas sendo esvaziado das guloseimas e bebidas.

O fiscal de trânsito observa,
Indeciso,
O carro é importado,
A proprietária bem vestida.

O homem puxa uma carroça cheia,
Sem retranca, nem quaieira,
Nos pés: restos de chinelos,
Na cabeça: uma sacola plástica rasgada.

Tremula sob trapos finos,
Seus olhos lhe mostram a carga em descarga.
Seu rosto personifica a fome.
Vacila três vezes, pede, não pede?

Um motorista descarrega na buzina sua pressa,
O homem, disperso, salta assustado e tenta um trote,
O fiscal de trânsito desvia o olhar,
O carro importado continua a descarga, em fila dupla.