quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Entrega

Tantas foram as fantasias em mim vestidas,
Tantas foram as formas por mim assumidas,
Tantos foram os modos de mim investidos,
Tantas foram as culpas a mim atribuídas,
Que nem mais sei...

Tanto foi o que perdi,
Tanto foi o que lutei,
Tanto foi o que me iludiu,
Tantos foram os reveses,
Que nem mais dói...

Já não sei o que foi, nem o que era para ter sido, ou o que virá a ser.
Sei apenas que assim continuará,
De um lado para o outro, pra cima e pra baixo,
Trocando, mudando, transformando, inventando!
Mas sempre um eu mesmo [torto], de todos os tempos e com alguma coisa nova.

E por isso, hoje, envolto pelas minhas conquistas,
Sigo cantando a minha música,
Dançando a minha dança,
Caminhando o meu passo,
Rindo o meu riso,
Sem de mim perder a criança que nunca deixei de ser.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Não foi desta vez (ainda)!

Pessoal!

É duro dizer, mas hoje fraquejei e fumei novamente!

Queria agradecer do fundo do coração o apoio que todos vocês me deram nesta tentativa. Não foi em vão, pelo contrário, foi muito, mas muito importante e será, com certeza, força para minha próxima.

Peço desculpas por ter desapontado o apoio de vocês, mas a falha foi minha e me embaraça diante de mim mesmo (culpado por isso).

Perdi esta batalha, mas não a guerra e logo começarei uma nova tentativa e farei isso até me vencer e acabar com isso.

Mais uma vez, muito obrigado e me desculpem!

Cof, você foi genial com seus boletins diários, mas o negócio é complicado mesmo.

Um grande abraço e um maior muito obrigado a todos vocês!

Rafael

P.S.: Olhem que publicação bacana de um texto meu que a Juliana.encontrou no Pavilhão Literário. É do meu amigo Feldman que tanto me apoio no início deste blog.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Terceiro Dia

Sim, terceiro dia! É que ontem eu não passei muito bem, tive dores abdominais e febre, o que não me deixou sair do sofá para nada. Sorte, porque um pouquinho mais de força já daria para ir até o bar comprar cigarros...rsrs

Mas ficar de cabeça vazia realmente é pior, arremete constantemente ao cigarro...

Contudo, daqui meia hora completo 3 dias sem fumar, o que é muito bonito e tals, mas não está nada fácil. A cabeça já começou a mexer seus pauzinhos, transformando aquele grande entusiasmo do primeiro dia, enfim, a vontade está grande... pelo menos um cigarrinho, sabem? rsrs

Eu estava num ritmo alto com o cigarro, talvez teria sido melhor se eu diminuísse e pusesse sob certo controle antes de atacar deste jeito... vai saber...

Obrigado ao pessoal que têm dado uma grande força...a torcida ajuda!

Meu amigo Cof está me mandando resumos diários para me ajudar a ficar firme, depois vou juntá-los aqui...

Abraços pessoal...fica o pouco que rolou no twitter:


Rafael Castellar

Rafael Castellar

Rafael Castellar

Rafael Castellar

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Primeiro Dia

Bom, há pouco completei o primeiro dia sem fumar. Confesso que não está sendo nada fácil, pelo contrário, me assustei com a vontade de fumar que senti do fim da tarde para cá.

Engraçado como muda a cabeça da gente, ontem, a essa hora eu estava todo forte e cheio de vontade, decidido. Hoje estou confuso e atrapalhado com isso tudo. É a questão do "diabinho", sabe?

Bom, vamos ver como vai a coisa amanhã...agora acho que vou dormir, pois, além de me sentir sonolento sem o cigarro, é melhor para passar o tempo..rsrsrs...

Ah, o nervosismo já começou a aparecer...ai ai ai...

Obrigado ao pessoal que está dando todo o apoio por aqui! Vamos ao resumo do dia:















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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Parei de Fumar!

        Se tem uma coisa em que tenho me tornado bom é em parar de fumar. Paro de fumar quando eu quero, sempre que quero. Já parei de fumar umas três ou dezessete vezes. O problema é que volto a fumar!

        Brincadeiras à parte, está complicado conseguir parar de fumar de forma definitiva. Já tentei várias formas: sozinho, adesivos, terapia auricular, remédios e outros. Mas nada tem funcionado até agora e sei muito bem que meu pior inimigo sou eu mesmo. Sou eu que convenço a mim mesmo a voltar de fumar. Às vezes acho que existe outro eu em mim, sendo que um quer parar de fumar e o outro não. Como os anjinhos e diabinhos dos desenhos animados que travam uma luta convencendo seu “dono” sobre o que deve ser feito. É assim que me sinto. Hora um está mais forte que o outro, o que acaba me permitindo ficar alguns dias sem fumar e depois voltar comendo cigarros. Estranho, não é? Mas acho que fumantes sabem do que estou falando.

        São vários os fatores motivadores que me aparecem – outros que fabrico – para parar de fumar, mas eles perdem sua força com o passar do tempo (deve ser o diabinho). Isso tudo é, na verdade, uma luta contra mim mesmo. Sinto que luto mais contra mim do que contra o vício propriamente dito. Mas tenho que definir estes fatores motivantes comigo mesmo e esse problema é entre eu e o outro eu.

        Hoje é meu último dia fumando (sim, estou com um cigarro queimando na boca agora mesmo), marquei que amanhã não fumarei mais. Difícil? Planejar não, cumprir sim; mas não impossível. Tenho tentado trabalhar comigo mesmo sobre isso tudo e o que mais tem me motivado a parar com isso é o fato de sentir na pele, e no corpo, os efeitos de anos fumando. Já sei que não sou mais o mesmo e isso é resultado de fumar: tenho faltas de ar, cansaços frequentes, o corpo pesa, tenho gripes com mais frequências e estou completamente dominado pelo cigarro. Este último me revolta. É muito ruim saber e sentir que dependo e sou totalmente dominado pelo cigarro, que está cada vez mais presente e descontrolado em minha vida. A cada recaída, aumenta-se a quantidade e a necessidade.

        Não sei se é a intenção de parar de fumar ou algum “sinal”, mas ultimamente as notícias de pessoas com problemas por causa do cigarro têm me cercado, fora o fato de um grande amigo meu estar com problemas sérios por causa do cigarro e meu pai, há mais de dez anos sem fumar, ainda sofrer com os efeitos nocivos. Mas das notícias que mais me chamam a atenção são as do Chico Anysio, que esteve internado por mais de cem dias e sofreu uma traqueostomia. Vi uma entrevista dele em que dizia que a única coisa que se arrependia em toda sua vida era de ter fumado. Dói isso quando nos olhamos e vemos isso como um possível futuro. Enfim, motivos não me faltam para parar de fumar e agora vai ter que ir (seria até bom ter isso no meu currículo: já fui um fumante!).

        Não posso dizer que minhas tentativas foram em vão. Consegui ficar alguns dias sem fumar, sendo quinze dias em duas ocasiões – consideremos que não havia conseguido ficar um único dia sem fumar, mesmo que doente. São novos hábitos que me agradam. A cada tentativa aprendi coisas novas. Coisas sobre como lidar com o cigarro e como lidar comigo mesmo, o que é bom, já que cada um responde de um jeito diferente a este vício. Aprendi que minha relação com o cigarro é mais psicológica do que química (o que complica). Aprendi sobre certas coisas que podem ajudar a aliviar a abstinência, entre elas grandes e constantes goladas de água, caminhadas e profundas respirações para estabelecer a calma têm sido as melhores. Aprendi com uma grande amiga que eu fico muito encanado com o cigarro, ao invés de esquecê-lo. Fico lembrando que estou parando de fumar e contando os minutos, e realmente entendi e comprovei que esquecer é a melhor opção. Engraçado descobrir que sou uma pessoa muito mais ansiosa como fumante do que sem o cigarro. Mas são apenas algumas das descobertas.

        Também descobri muitas coisas que não ajudam a mim. Foram vários os maços de cigarro jogados pela metade durante cerimônias de despedidas cheias de vontade e decisão, que não duraram até o amanhecer. Mas foram vários os sorrisos que recebi nos períodos em que me mantive limpo. Foram várias as relações que se estreitaram e hoje, são várias as pessoas com quem posso contar pelo apoio incondicional que recebo, como da minha família e da minha noiva que me apoia como ninguém.

        Considerando que escrever é algo que gosto de fazer por me por frente a frente comigo mesmo e me ajuda a resolver grandes problemas e o fato de que um comprometimento e apoio público poderiam ser mais efetivos, resolvi usar o “Desce Mais Uma!” como uma ferramenta para uma nova tentativa. Por isso, peço a licença de vocês para usar o blog, por um tempo, para este fim. Durantes os próximos quinze dias postarei os efeitos e as batalhas no meu Twitter (@rafaelcastellar) e à noite consolidarei todos em um post aqui no blog (habilitei na barra lateral os meus twitters para quem quiser acompanhar).

        Então, hoje é meu último dia como fumante ativo, afinal, como dizem, não existem ex-fumantes, apenas fumantes que deixam de fumar. Hoje paro de fumar e amanhã inicio uma difícil luta, mas que não será tão longa assim. Apenas preciso me manter calmo e centrado em um novo modo de vida, ao menos por este período, para sair do outro lado com uma nova, e mais promissora, vida!

        Vamos lá, pode ser, pelo menos, divertido!

        Abraços e Obrigado!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Encurralado

Era escura e estreita, de formas familiares, mas de cheiros repugnantes, a viela em que caminhava.
Foi quando caiu a densa neblina cinzenta que pesava aos olhos e aos pulmões,
Seguida de um puro silêncio absurdo que tomou todas as atenções dos ouvidos ao se fazer presente.

Ao parar, passos continuaram,
Apavorado o corpo estremeceu.

À consciência, pensamentos sob o disfarce da corretude imposta sussurravam os fracassos e as faltas de uma vida.
Às pernas, mãos de outros tempos se seguravam.
À espinha, o insuportável arrepiar de lembranças forçosamente esquecidas suavemente deslizavam.
Ao coração, finas e dolorosas agulhas da indecisão sobre o próprio existir se atravessavam.
Aos joelhos, pedriscos do asfalto áspero a condenar e a sacramentar a queda arranhavam.

Aos olhos, a ofuscante e brilhante luz da esperança, que afastava a escuridão e anunciava a nova chance, absolvição própria, se formava conduzida pela persistente e fiel mão direita que, simplesmente por acreditar, insistia incansável em lutar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Privacidade

Uma crônica carioca do amigo Léo Monçores. Sob medida para o que vivemos hoje em dia!

*        *        *

Diálogos ouvidos, sem intenção, em alguns pontos do Rio de Janeiro:

No trem:
- Alô? Oiiiii Aline!!! Há quanto tempo!! E o “Luquinha”? Tá bom?
- Já começou? Que lindo! E ele, chorou?
- Nossa!! Parece até que é maltratado em casa né?
- Eu tô no curso. É, até junho, lá no Riachuelo. Já estou mexendo na máquina sem medo.
- E você? Quando vem outro? Que nada, tenho certeza que dessa vez vem uma menina, você vai ver.
- Esse garoto precisa de um irmão ou irmã.
- Então tá, já vou saltar. A gente se fala, um beijo!!

No ônibus (no viva voz):
- Oi! Já “tamo” voltando.
- E aí como foi lá?
- Foi tudo bem, o médico disse que ela está com infecção urinária.
- Pois é, não se cuida, Dá nisso.
- Fora os problemas, tá tudo bem?
- Lá em casa tá “F...” Maurício tá desempregado, já viu né?
- A gente se vira né?
- É, salgadinho e bolo, mas não dá muito não!
- Já conversou com o Pastor?
- Ainda não, “vô” lá no domingo.
-Vai sim, de repente “pinta” alguma coisa
-Valeu, logo mais a gente se fala.
- “Té mais”

No Metrô:
- Fala aí! Beleza??!!
- Pô cara, o Miltinho é “maió” vacilão.
- Foi dizer pra “mina” que eu já fui casado.
- Agora ela tá saindo fora, nem me dá mais papo.
- Tudo por causa daquele otário.
- Tá nada cara, moscão de padaria.
- “Vamu vê”, essa semana ela deve ir na festa do Zeca também.
- Churrasco, lá no sítio do tio dele.
- Lá em Mangaratiba.
- Mas, é longe da praia.
- Se ela “tiver” lá vou chegar junto.
- O máximo é um não bem grande, ha,ha,ha!!
- Valeu, abraço!

No restaurante
- Pô, até que enfim!!! Tô te ligando desde ontem!.
- Tô almoçando.
- E aí? Vamos mesmo?
- Pô deixa de frescura, você só fica com alguém se quiser.
- Adriana, Adriana, já te falei que você vai acabar maluca com esse negócio de ter medo das pessoas!!
- Vai se divertir, quem sabe você não conhece alguém legal?
- Eu vou com o Júnior. Aquele amigo dele, o Chico, também vai.
- Cara, assim é melhor não ir mesmo. Que saco!!!
- Tá bom, se resolver, me avisa, se não, nem me liga!
- Tchau!!

No elevador (em código):
- Cara, percebeu o lance?
- Eu te disse que isso ia acontecer.
- Pô de repente não é nada disso.
- Tu não viu a cara dele não? Me engana que eu gosto!!
- Deixa o cara, problema dele.
- Só não pode é ferrar a gente por causa disso.

Na loja (de meias e afins):
- Pois não!?
- Tem aquelas calcinhas de “peninha”?
- Não, infelizmente não trabalhamos com esse tipo, mas temos de algodão que são muito confortáveis.
-Tá legal, obrigado!
- Ah! E sutiã de grávida, pra amamentar?
- Pra você mesmo?
- Não, pra minha irmã.
- Qual o tamanho, você sabe?
- O maior que tiver, a mulher parece uma vaca!!
- O maior é esse.
- Ih!! Não dá nem pra saída!
- Tá legal, obrigado!
- Leva um cartão da loja, qualquer coisa, meu nome é Sônia.


        Isso tudo foi ouvido nos lugares mencionados, sem nenhum esforço da minha parte para tal. Apenas os nomes são fictícios. É impressionante como divulgamos nossa privacidade no dia a dia, principalmente quando utilizamos a tecnologia. Parece que os outros não importam, ou que nada mais é tratado de forma discreta. A vida virou “um livro aberto” onde todos podem compartilhar do assunto alheio, mesmo que, como foi o caso, não estejamos, a princípio, interessados.

        Assuntos diversos são tratados em público e “mostrados” a todos sem a menor cerimônia. A tecnologia realmente faz parte do cotidiano, mesmo que não nos demos conta disso. Postamos e liberamos imagens, sentimentos, diagnósticos, visões, opiniões e particularidades que nem sempre queremos compartilhar com a “rede”. Mas, que, uma vez no espaço, digital ou não, vão viajar, sabe-se lá pra onde, e serem observados, e compartilhados sabe-se lá por quem.

        É a vida... Moderna??

Léo Monçores