Sempre digo que eu escrevia "coisas" há um bom tempo, mas sempre acabava rasgando-as em seguida. Está aí um registro de 18 anos (como passa!) de meus primeiros rabiscos:
(Valeu Rangel!)
* * *
Estou preso num vale
Cercado de montanhas
E coberto por nuvens suspensas no céu azul
Corro do som das aves
Dos ruídos da floresta
Na prisão da natureza
Eu procuro uma saída
Na dúvida da incerteza
Eu quero árvores caídas
Me jogo no lago tentando fugir
Sou surpreendido com a transparente escuridão
E pelo barulho do silêncio
Um novo mundo, quieto e vivo
Me lembro da fumaça, dos carros
Das buzinas irritantes, dos telefones
Dos edifícios, das construções e dos amores
No desperdício das impurezas
No horror das jazidas
Eu quero o teor da natureza
Que está quase destruída
Então eu percebo que não estou preso
Percebo que estou libertado
Estou fora da prisão
Aqui é o meu lugar
Aqui é o nosso lugar
Venha comigo baby
Cavalgar de costas sob o lago
Entre os galhos sem nos arranharmos
Venha sem frieza
Ache sua saída
Venha ver a beleza
Venha sentir-se viva
Aqui não há mal nenhum
Não tem problemas
O meu coração está aqui
Traga o seu, vamos viver.