terça-feira, 29 de julho de 2008

Homem-boneco

Sou boneco de massa,
Modelado pela criação, em forma de Davi, para exibição.

Sou boneco de pano,
Confeccionado com estilo pela arrogância para ser fonte da inveja.

Sou boneco de vidro,
Moldado pela avareza para ser objeto de decoração em uma redoma de cristal.

Sou boneco de ferro,
Forjado pela prepotência para um plano de vida que nunca vi.

Sou boneco de pedra,
Lapidado pela mediocridade, impermeável, impenetrável, exemplar.

Mas sou boneco de gesso,
Quebro, trinco e, quando choro, esfarelo – me jogam fora.

A Espera

O relógio marca 11h23.
Na mesa ainda há migalhas do café da manhã
A xícara tem uma película grossa de café frio.
Na minha boca a saliva está grossa
O gosto é de uma noite mal-dormida com resquício de um café amargo que se acabou.

Minha visão está embaçada,
Meus olhos estão sujos, remelas transbordam pelos cantos
Maquiados pelas minhas insônias intermitentes
Que me roubam o merecido descanso, ou não.

O ponteiro preguiçoso não avança,
A campainha histérica não grita,
O telefone não geme,
A porta não apanha,
Sua voz não me chama.

Meus cabelos sujos, compridos não mantêm a compostura,
Desfeitos como toceiras de colonião após o vento.
Meu rosto cinza e perigoso pela barba por fazer,
Crescida pela preguiça e pelo desgosto.

Minhas unhas sujas aumentam meus dedos
Que ainda seguram a xícara e raspam as migalhas.
Minhas veias agora mapeiam minha vida,
Roxo-azuladas abaixo da minha pele amarela.

Ainda estou aqui,
Sua voz não me chama,
Ninguém chega,
São 11h23.

Bem-vindo(a)!

Olás!!

Seja bem-vindo(a) ao "Desce Mais Uma"!

A intenção deste Blog é publicar alguns textos, pensamentos, crônicas e afins que tenho elaborado nos últimos tempos e contar com os comentários, críticas e sugestões dos colegas visitantes.

Com a existência e aumento do uso deste canal de comunicação para publicação deste tipo de trabalho e - lendo na internet, conversando com um ou outro colega -, resolvi "experimentar". Agradeço ao Alessandro Martins, do blog "Livros e Afins", pelas dicas e apoio na tomada desta decisão.

A idéia é tentar resgatar, sem pretensão, um pouco da idéia do ambiente de um bar, onde entre umas cervejas e outras, entre amigos descontraídos, discutimos os mais inusitados momentos da vida e que acabam marcando e dando origem a pensamentos e sentimentos inquietos. Afinal, bar é cultura.

Sendo assim, puxe uma cadeira, fique à vontade e...Garçom? Desce mais uma, por favor!

Abraços,

Rafael