quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Carta ao Pietro

São Paulo, 22 de setembro de 2011.

Querido Pietro,

Você ainda não me conhece, mas hoje eu conheci seu rostinho: sou seu tio!

Queria que você soubesse da revolução que você já tem causado por aqui. Estamos todos muito felizes, de corações moles e extremamente ansiosos esperando a sua chegada – o tio está doido para te ver! Já faz um bom tempo que muita gente por aqui está se mexendo e correndo atrás das coisas para que esteja tudo pronto para quando você chegar.
Você deve estar curioso em saber como são as coisas aqui do lado de fora, não é? Mas tem quem diga que são nove meses tentando sair e o resto da vida tentando voltar, mas não é bem assim.
É verdade que o mundo tem mudado muito desde que eu e seu pai viemos, mais ainda de quando seus avós vieram. A vida por aqui anda bem agitada, cada vez mais temos mais trabalho, mais contas a pagar, menos tempo para nós mesmos e para aqueles que convivem conosco. O mundo está complicado, o progresso está faminto e não tem limites. O planeta está cada vez mais poluído, cada vez mais quente, as estações do ano – talvez você ainda ouça falar delas – já quase não se diferenciam umas das outras, o nível do mar está subindo, as calotas polares estão derretendo, alguns bichinhos você só conhecerá no seu berço ou nos seus livrinhos, e o que é pior, parece que ninguém está muito preocupado com isso.
As pessoas também mudaram muito. Não é de se estranhar. Neste ritmo em que vivemos cada um quer mais é cuidar do que é seu – ou pegar o que é do outro. Mas o problema é a forma como as coisas acontecem. Não há preocupação de um com o outro, nem que seja superficial. As pessoas não medem esforços e tão pouco pesam nos efeitos do que fazem para conseguir o que querem. Simplesmente atropelam um ao outro sem peso algum na consciência. Têm-se feito muita coisa ruim e feia por aqui. Já quase não existem mais valores e quando existem, só existem dentro de casa, pois são facilmente corrompidos. Parece-me que antes havia um pouco mais de respeito e acho que não é coisa da minha cabeça. E toda esta situação só faz com que as pessoas se isolem cada vez mais umas das outras, e até delas mesmas. Creio que seja uma forma de defesa, mas acredite: com bilhões de pessoas neste mundo, nunca houve tanta solidão. E o que é pior, solidão de si mesmo!
Há muitas outras coisas que não mudaram. Por mais que irão dizer a você que isso não acontecia antigamente, saiba que elas existem há muito tempo e por muito tempo ainda continuarão conosco. Por exemplo: os políticos são corruptos e agem em benefício próprio; o dinheiro move este mundo, dinheiro gera dinheiro e compra remédios para as dores de cabeça que causa; as guerras sempre existiram sob fachadas para disfarçar o real objetivo de lucro e aumento de poder entre as nações; ainda hoje, para alguns a fome e ignorância alheia é lucro; as mulheres são complicadas, mas mesmo sem as entender, você não conseguirá ficar longe delas – daqui um tempo o tio conversa melhor com você sobre isso –; a grama do vizinho é sempre mais verde; sempre alguém anunciará o fim do mundo e o mundo sempre continua aqui; as pessoas mais sábias que você conhecer serão as pessoas que mais erraram na vida; todos erram, mas poucos perdoam; e, creio que o principal, seus pais sempre saberão da vida mais do que você e sempre farão por você aquilo que eles entenderem como melhor para você, assim, por mais que não os entenda ou com eles não concorde, acredite no tio: eles sabem! Ouça-os, respeite-os e ame-os!
Mas por aqui também tem muita coisa boa. Você pode vir sossegado que o saldo é positivo. Viver ainda vale muito a pena! Há muita coisa bonita para se ver, muito lugar interessante para se visitar, muito canto de passarinho para se apreciar, muita flor perfumada a se cheirar, muito pôr do sol memorável a se observar, muita piada a se contar, muita risada rasgada a se rir, muita gente de bom coração para se conhecer e muito sentimento bom para se sentir. A vida é algo mágico e que nos surpreende todos os dias, basta nos permitirmos vivê-la. Tem muita coisa boa para a gente fazer! Vamos brincar na terra, tomar sorvete, andar a cavalo, comer doces escondidos, correr atrás de galinhas, contar histórias, pescar, pegar fruta no vizinho, andar de bicicleta, até jogar bola, vamos deixar a mamãe e o papai bem loucos da vida!

Você já é muito querido e tem um lugar especial em nossos corações!

Seja muito bem-vindo!

Beijos do tio!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pela Janela

Há tempos que nesta janela,
Nesta mesma janela,
Ponho-me atendo a tudo observar,
A tudo o que se faz por ela passar.

Há tempos que neste observar,
Especulo os movimentos e me delicio com as expressões.

Há tempos que destas reações,
Faço minhas imitações sem [é lógico] esquecer as infundadas deduções.

Há tempos que nesta janela,
Fico a tudo observar,
Sem de mais nada me lembrar.

Há tempos que atrás desta janela,
Ponho-me assim: de tudo protegido e escondido,
De tudo que somente além dela se faz passar.

Hoje, um agradável dia ensolarado,
Como há tempos não fazia,
Pus-me despreocupado pelos passeios a caminhar,
Com um semblante difícil de desvendar,
Sentindo os cheiros e os sabores da paisagem
Há tempos nesta mesma janela a se formar,
Agora comigo por ela a se observar.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Coruja Cultural

Estes dias vim a conhecer o blog "Coruja Cultural". É um blog com uma proposta bastante interessante que visa a divulgação de produções artísticas de diversos autores.

Conforme o próprio lema, o "Olhar da Coruja", é um espaço dedicado a apreciar as diversas produções artísticas e a incentivar a manifestação de quem se propõe a visitá-lo, promovendo o exercício da opinião livre e a articulação das ideias acerca dos mais variados temas.

Hoje, o meu texto Eterno Retorno foi publicado no Coruja Cultural!

Convido a todos a conhecer este blog que está recheado de manifestações artísticas, dos mais diversos estilos, linhas e modos... Sempre sob o "Olhar da Coruja"!

Apreciem...

Abraços!