terça-feira, 29 de julho de 2008

A Espera

O relógio marca 11h23.
Na mesa ainda há migalhas do café da manhã
A xícara tem uma película grossa de café frio.
Na minha boca a saliva está grossa
O gosto é de uma noite mal-dormida com resquício de um café amargo que se acabou.

Minha visão está embaçada,
Meus olhos estão sujos, remelas transbordam pelos cantos
Maquiados pelas minhas insônias intermitentes
Que me roubam o merecido descanso, ou não.

O ponteiro preguiçoso não avança,
A campainha histérica não grita,
O telefone não geme,
A porta não apanha,
Sua voz não me chama.

Meus cabelos sujos, compridos não mantêm a compostura,
Desfeitos como toceiras de colonião após o vento.
Meu rosto cinza e perigoso pela barba por fazer,
Crescida pela preguiça e pelo desgosto.

Minhas unhas sujas aumentam meus dedos
Que ainda seguram a xícara e raspam as migalhas.
Minhas veias agora mapeiam minha vida,
Roxo-azuladas abaixo da minha pele amarela.

Ainda estou aqui,
Sua voz não me chama,
Ninguém chega,
São 11h23.

10 comentários:

  1. Rafael
    Coloquei uma poesia sua no blog, mas ainda falta alguns dados biograficos. Quanto as poesias eu teria algumas sugestões a te fazer, pois acho que algumas coisas poderiam ser melhor trabalhadas. A veia poética e a originalidade sem duvida estão presentes. Podemos ter contato, escreva para mim em pavilhaoliterario@gmail.com
    Grande abraço

    Feldman

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  2. Feldman!

    Obrigado pelo apoio e pela publicação. Com certeza quero saber de suas sugestões.
    Entrarei em contato.

    Abraço,

    Rafael

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  3. há esperas...que desesperam..
    Gostei da força descritiva.
    brisas mansas para si*

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  4. Foi exatamente este sentimento que senti ao escrever esse, Parapeito: desespero!!

    Beijos...

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  5. Rafael, achei bem legal o que fez ao trazer à superfície do blog o primogênito texto. Achei legal como ele aconteceu, como o blog aconteceu. Ele trata de uma simples reflexão matinal, mas de uma forma que mostra uma visão de mundo muito pessoal, íntima até. E é assim que é. Quando vemos, somos escravos da escrita e apaixonados confessos pela vida, e pela vida [sorrio]. Abraço!

    Obs. Como vai a vida de seu livro?

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  6. Grande Jefão!!

    Que bom que gostou...quando pensei nos três anos, não teve como rever tudo o que aconteceu e parar neste texto e no momento de sua criação. Realmente foi algo muito importante...e você tem toda razão, quando se vê, já estamos escravizados! que coisa boa!

    A vida do livro está bem minguada, Jefão! Produção independente é difícil, fica no boca a boca, afinal todos os amigos e familiares já adquiriram..hehehe...mas vamos na luta, um aqui outro ali e a vai-se caminhando...é só não desistir!

    Grande abraço e obrigado por sempre acompanhar!

    Abraço e sorriamos sempre!

    P.S.: muito bacana comentarmos este post, parece, literalmente, uma volta ao passado! rsrs

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  7. Olá meu amigo,

    O primeiro texto
    em poeira coberto
    pelo vento
    as letras tatuadas
    na lembranças...
    Mas o tempo,
    sem cabelos grandes,
    sem unhas desfeitas,
    e nem mais farelos de pão
    sobre a mesa...
    Porque tudo mudou nas rodas
    da vida
    telefone gemeu muitas
    vezes,
    a campanhia sempre
    histérica não parou
    de gritar,
    muitas chegadas e nenhuma
    partida,
    floriu o teu lar
    e os chamados foram tantos
    que não cansaste de ouvir
    abraçando a todos com teu
    manto em cada novo porvir...

    O ontem que parecia parado,
    mas sem ser notado que
    andava normalmente.
    Hoje tudo o que se faz é rir
    do passado,
    no quão eramos descrentes...

    Parabéns meu amigo,
    como sempre aplaudindo teus feitos.
    Não é fácil manter presença no
    blog, quando ele não é a unica
    condução que a gente toma
    a subir a ladeira das dsificuldades
    do dia a dia

    Feliz semana pra ti

    Bjs

    Livinha

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    1. Olá Livinha!!

      Muito obrigado, agradeço mesmo, este presença sempre mantém a gente animado e no caminho...é isso, continuar no dia a dia...

      beijos

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  8. Revi-me no teu poema, Rafael! Só que em vez de estando à espera, sou eu que faço esperar... Chato isso, não é?

    Beijinho de parabéns pelos quatro anos do seu blog!

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    1. Olá Ana!! huahauha....por essa troca de posições eu não esperava...mas é chato sim, viu? rsrsr

      Beijos e muito obrigado pela grande visita!!

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