* * *
Diálogos ouvidos, sem intenção, em alguns pontos do Rio de Janeiro:
No trem:
- Alô? Oiiiii Aline!!! Há quanto tempo!! E o “Luquinha”? Tá bom?
- Já começou? Que lindo! E ele, chorou?
- Nossa!! Parece até que é maltratado em casa né?
- Eu tô no curso. É, até junho, lá no Riachuelo. Já estou mexendo na máquina sem medo.
- E você? Quando vem outro? Que nada, tenho certeza que dessa vez vem uma menina, você vai ver.
- Esse garoto precisa de um irmão ou irmã.
- Então tá, já vou saltar. A gente se fala, um beijo!!
No ônibus (no viva voz):
- Oi! Já “tamo” voltando.
- E aí como foi lá?
- Foi tudo bem, o médico disse que ela está com infecção urinária.
- Pois é, não se cuida, Dá nisso.
- Fora os problemas, tá tudo bem?
- Lá em casa tá “F...” Maurício tá desempregado, já viu né?
- A gente se vira né?
- É, salgadinho e bolo, mas não dá muito não!
- Já conversou com o Pastor?
- Ainda não, “vô” lá no domingo.
-Vai sim, de repente “pinta” alguma coisa
-Valeu, logo mais a gente se fala.
- “Té mais”
No Metrô:
- Fala aí! Beleza??!!
- Pô cara, o Miltinho é “maió” vacilão.
- Foi dizer pra “mina” que eu já fui casado.
- Agora ela tá saindo fora, nem me dá mais papo.
- Tudo por causa daquele otário.
- Tá nada cara, moscão de padaria.
- “Vamu vê”, essa semana ela deve ir na festa do Zeca também.
- Churrasco, lá no sítio do tio dele.
- Lá em Mangaratiba.
- Mas, é longe da praia.
- Se ela “tiver” lá vou chegar junto.
- O máximo é um não bem grande, ha,ha,ha!!
- Valeu, abraço!
No restaurante
- Pô, até que enfim!!! Tô te ligando desde ontem!.
- Tô almoçando.
- E aí? Vamos mesmo?
- Pô deixa de frescura, você só fica com alguém se quiser.
- Adriana, Adriana, já te falei que você vai acabar maluca com esse negócio de ter medo das pessoas!!
- Vai se divertir, quem sabe você não conhece alguém legal?
- Eu vou com o Júnior. Aquele amigo dele, o Chico, também vai.
- Cara, assim é melhor não ir mesmo. Que saco!!!
- Tá bom, se resolver, me avisa, se não, nem me liga!
- Tchau!!
No elevador (em código):
- Cara, percebeu o lance?
- Eu te disse que isso ia acontecer.
- Pô de repente não é nada disso.
- Tu não viu a cara dele não? Me engana que eu gosto!!
- Deixa o cara, problema dele.
- Só não pode é ferrar a gente por causa disso.
Na loja (de meias e afins):
- Pois não!?
- Tem aquelas calcinhas de “peninha”?
- Não, infelizmente não trabalhamos com esse tipo, mas temos de algodão que são muito confortáveis.
-Tá legal, obrigado!
- Ah! E sutiã de grávida, pra amamentar?
- Pra você mesmo?
- Não, pra minha irmã.
- Qual o tamanho, você sabe?
- O maior que tiver, a mulher parece uma vaca!!
- O maior é esse.
- Ih!! Não dá nem pra saída!
- Tá legal, obrigado!
- Leva um cartão da loja, qualquer coisa, meu nome é Sônia.
Isso tudo foi ouvido nos lugares mencionados, sem nenhum esforço da minha parte para tal. Apenas os nomes são fictícios. É impressionante como divulgamos nossa privacidade no dia a dia, principalmente quando utilizamos a tecnologia. Parece que os outros não importam, ou que nada mais é tratado de forma discreta. A vida virou “um livro aberto” onde todos podem compartilhar do assunto alheio, mesmo que, como foi o caso, não estejamos, a princípio, interessados.
Assuntos diversos são tratados em público e “mostrados” a todos sem a menor cerimônia. A tecnologia realmente faz parte do cotidiano, mesmo que não nos demos conta disso. Postamos e liberamos imagens, sentimentos, diagnósticos, visões, opiniões e particularidades que nem sempre queremos compartilhar com a “rede”. Mas, que, uma vez no espaço, digital ou não, vão viajar, sabe-se lá pra onde, e serem observados, e compartilhados sabe-se lá por quem.
É a vida... Moderna??
Léo Monçores
é o reality shows da vida,a vida como ela é, o show que não acaba nunca, este sim é o maior espetáculo da terra.
ResponderExcluircomo sempre teus textos prendem, surpreendem, envolvem-nos.
deixando abraços e beijinhos querido
É bem isso mesmo, Nina! E neste o Léo traz muita realidade...é o que acontece mesmo...
ResponderExcluirAbraços e Beijos..
Ouço coisas parecidas todos os dias da semana, Rafael. É como você mesmo citou em seu post: As pessoas parecem não se importarem com a presença dos demais, desde que esses ''demais'' não sejam conhecidos, parece que sendo estranhos não há o menor problema. '-'
ResponderExcluirÔnibus da faculdade é algo bem corriqueiro isso.
Boa noite. o/
Super interessante... Realmente, até eu mesma já presenciei cada assunto, cada pedaço do que era pra ser a privacidade alheia, que vou te contar... rs
ResponderExcluirBelo texto.
Ótimo restinho de semana, bjs!
Valeu Nina!!
ResponderExcluirObrigado!!
Sabe, acho até legal estes papos, tão descontraídos, como se estivessem em casa. Eu com certeza seria mais discreta, mas o brasileiro, no geral, é assim mesmo, tranquilo. rsrsrsrs
ResponderExcluirGrande abraço
É isso aí Junior...e foi bem dito pelo Léo, que vivenciou e bem nos trouxe!
ResponderExcluirBoa noite!
[]s
É isso Bianca. Tudo segredo... rsrsrs
ResponderExcluirObrigado!
É Gi, se bobear a gente se envolve, depois fica querendo saber o que aconteceu. Rrsrsrs
ResponderExcluirAbs
verdade..
ResponderExcluirQue dez essa leitura!!! O cotidiano, a rotina, a mesmice de sempre, e pasmemos, nem sabemos os finais das histórias!!! É assim que a vida vai passando, no elevador, metrô, ônibus, restaurantes, puxa vida!!! É muita história, muita vida passando, muita notícia e a gente indo....pra onde? Problemas? O q eh isso? Vamos viver neh Léo!!!!
ResponderExcluirBeijos
Cris.
Rafael!
ResponderExcluirAdorei ler os "papos". Odeio celular e outros gadgets modernos por isso.
E tem gente que ainda palpita.: Vai sim....
Privacidade só em casa trancada com sete chaves.
MUITO BOM!
Beijos
Mirze
oi rafael, tudo bem?
ResponderExcluirmuito boas as histórias ouvidas pelo leo. pois é, essa é a vida "pos-moderna", privacidade é algo raro hoje em dia.
"sorria, você está sendo filmado". e ouvido...
legal teu blog.
abraços
É isso mesmo, Mirze!! E que não contavam é que tinha o Léo lá para nos contar...rsrs
ResponderExcluirbeijos
É Mirze... Estamos "de olho"
ResponderExcluirObrigado!
Valeu Eduardo, hoje em dia está mesmo complicado.
ResponderExcluirAbs e obrigado!
Grande Eduardo!!
ResponderExcluirSim, o Léo sempre contribui...dá uma olhada na tag "Texto de amigos" que você encontrará outros dele..
Que bom que gostou...seja bem-vindo!
Abraços
A exposição da vida privada é cada vez maior. Acho que as pessoas perderam a noção do razoável.
ResponderExcluirCaro amigo, bom resto de semana.
Abraço.
Boa semana, Nilsão!
ResponderExcluirGrande abraço!
Vamos sim Cris!!! É o melhor!!
ResponderExcluirObrigado!! Bjs
ADOREEI, eu tb ouço essas coisas =p
ResponderExcluirPois é Ana. Essas "coisas" estão por aí...
ResponderExcluirBjs
Eu gosto disso, sabia? De ver as pessoas, escutar trechos de conversas, e então passo a imaginar a vida inteira daquela pessoa, sua rotina e afins! É um bom passatempo, que tenho desde pequena :)
ResponderExcluirGostei muito do post!
beeijo
nossa! muito verdade, viu.
ResponderExcluirsó que na minha cidade é diferente. o povo sabe pelo o que ouvem da boca dos outros, não pela própria pessoa, como tu escreveu.
bem legal. gostei, te sigo.
É Camila, acontece sempre, e a gemte não tem como evitar.
ResponderExcluirObrigado!
Bjs!
Valeu Regina! Obrigado!!
ResponderExcluirRafael,
ResponderExcluirexcelente!
Exprime várias situações do cotidiano.
Esqueceu de: No banheiro, GRWWWW!
{sorriso] brincadeira.. mas amei de mais rapaz.
Convido-lhe para visitar meu blog e comentar a série de contos, "Ser Escritor" Obrigado amigo.
(paulobouvier.blogspot.com)
huahauha...boa Paulo!! Do banheiro foi boa!!
ResponderExcluirVou passar por lá sim...
[]s
Boa tarde Rafael, tudo bem?
ResponderExcluirUm relatório muito interessante e verdadeiro!
Me surpreendeu que você relembrou tanto detalhes hein?
Gostei muito de passar por aqui de volta!
Uma linda tarde!
Ange.
Oi Ange!!
ResponderExcluirFicou muito bom mesmo, mas quem fez foi o Léo...eu não iria lembrar tudo isso..rsrsrs
Obrigado pela visita!
[]s
Pois é Paulo, se procurar acontece também no banheiro,
ResponderExcluirObrigado e um Abraço.
Oi Rafael, passando só para te desejar um ótimo fim de semana!!! Um abraço
ResponderExcluirAh! Gostei dos papos... rsrs.
Obrigado Eliana, ótimo fim de semana para você também!
ResponderExcluirQue bom que gostou, o Léo manda bem!
Abraços..
Olá Rafael!
ResponderExcluirPois é gente! As pessoas se expõem sem pensar nas horas seguintes. Exemplos mais graves, podemos observar nas redes sociais. O que mais evito de usar é o foursquare.
Bjuxx e xeroo
Juliana Carla
brailledalma.blogspot.com
Olá Rafael
ResponderExcluirSempre muito interessante te ler.
Sabes rebuscar no dia-a-dia as falas mil soltas no universo entre casos de todos os gêneros e performances...
Mas tá valendo, isto é a cena que se mostra em todos os portais por onde se passa.
A tecnologia penetrou nas entranhas do mundo, chegou botando banca de sistema e o ser humano se deixou levar, aderiu porque os problemas estão a mesa de todos, nas camas, no sofás, na deriva da solidão, os desejos insatisfeitos, buscando novidade, cumplicidade, buscando divisão. A corrida ao tesouro,horários divergentes e ninguém se encontra se não nas intermediárias, uma travessa de rua, uma troca de ônibus... Assim vai se levando os dias quando no haver de todos, termina por tudo ser igual.
Por fim na noite, a tecnologia dorme tranquila, mas quem dela usufluiu o sono não vem, o que fica é a mente cansada na espectativa do desânimo enquanto um corpo serve de encosto no sofá...
Muito legal a tua exposição, o retrato do cotidiano e diferente disso não poderia ser...
Feliz semana pra ti
Bjs
Livinha
Com certeza, Juliana!!
ResponderExcluirTambém não uso, apesar de achar o foursquare uma ideia bacana, ainda não tive coragem para usá-lo.
beijos!
Oi Livinha!!
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita e comentário...você descreveu exatamente o que é esta realidade...
Mas os créditos deste texto é do meu amigo Léo Monçores..
Ótima semana para você também..
beijos
Passando para agradecer a vizita,e aproveito para parabenizar a postagem desse texto que mostra o cotidiano em que vivemos e mtas vezes não nos damos conta.
ResponderExcluirÓtima semana!
Obrigado pela visita, Aghata!
ResponderExcluirÓtima semana para você também...
[]s
A vida tem sido bem assim mesmo meu amigo.
ResponderExcluirEu nem de celular gosto.
Não gosto de atender telefonemas perto de pessoas que não conheço, não gosto de dar parecer dos meus feitos a desconhecidos.
Sou bastante reservada e essas modernidades são meio complicad, porque tudo acontece dessa maneira mesmo, sem o mínimo de classe, sem contar que às vezes até nos constrange.
Abraços
Olá Patricia!
ResponderExcluirQue bom, seja bem vinda...estou indo pra lá...
beijos
"É a vida... Moderna??"
ResponderExcluirÉ a realidade mesmo. Eu também
já presenciei diversas situações
parecidas.
Obrigada pela visita Rafael!
Olá Arnalda!
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita...que bom que gostou!
Beijos...
Engraçado.
ResponderExcluirValeu pela visita no Psikhé.
Beijos, Ry.