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Estávamos à beira do Goiás, a um passo do Araguaia e a dois do Tocantins, quando percebemos os grandes borrões esverdeados que se espalhavam pegajosos pela estrada, denunciando que seus autores seguiam no mesmo sentido que o nosso e logo deveriam se apresentar como parte da paisagem.
Empolgados, andamos mais alguns quilômetros e nos deparamos com uma boiada de garrotes, tocada ao ritmo natural dos meninos que se atropelavam e se esgueiravam à caça de bocados do braquiária que cresce insistentemente às margens do asfalto.
Desde pequeno ouvi as histórias dos bravos boiadeiros que tocavam e zelavam a boiada por enormes distâncias e complicadas situações. Suas montarias sempre foram alvo de respeito e os arreios de inveja. As famosas mulas briosas elegante e rusticamente enfeitadas por arreios argolados e grossos pelegos que confortavam o acento das resistentes portas-capelas. Foram tantas as referências e as tentativas de aproximação que se fundaram em minhas imaginações e minhas admirações e, de repente, se personificaram bem diante de mim.
É claro que não resistimos e paramos para algumas fotos. Pedimos as devidas permissões aos boiadeiros que guardavam a retaguarda da boiada e eles nos atenderam com muita simpatia e simplicidade. Fizemos fotos deles, fotos montados nas mulas e conversamos um bocado. Eram boiadeiros de verdade, que carregavam na pele o cansaço e as marcas de uma vida dura e árida. Uma vida com poucas expectativas além das que se apresentavam como fatos rotineiros a serem arduamente transpassados todos os dias.
Mas toda a euforia daquele momento foi posta de lado, sem ressentimentos, diante desta simplicidade e a alegria com que fomos recebidos. Não se tratava da alegria de ser fotografado, ou cortejado com inúmeras perguntas e curiosidades da “gente da cidade”; mas de uma alegria intrínseca e natural, que corre em suas veias, brotada de um coração enorme e inexplicavelmente, nos dias de hoje, verdadeiro.
O sorriso no rosto daquele homem – com o qual mais conversei – era algo fascinante. Não se era um sorriso por entre palavras, mas palavras por entre sorrisos. Algo que não se limitava à expressão facial, mas que se compunha pelas palavras, pelas entonações, pelos gestos, pelos olhares, pelos movimentos e até pela timidez. Um sorriso que resplandece, não pelos seus motivos, mas pelos seus efeitos. Um sorriso puro e gentil, nada pueril, de homem sofrido, fora de casa há mais de um mês, que luta pesado todos os dias, recebendo da vida, com este sorriso, todos os golpes, todas as dificuldades, todas as ausências, todas as quedas; mas que recebe, de coração ainda mais aberto, e talvez por isso o sorriso, os pequenos presentes que a vida nos dá a todo momento, em todos os dias, e que fazemos questão de sufocar com as reclamações e injúrias de nossos problemas.
Não digo que tenhamos de parar, levar a mão à cabeça e pensar no que temos e no que eles não tem e nos redimir diante da situação alheia; pelo contrário, excomungo este tipo de nivelamento de vida, apenas penso que vale a pena, em todas as nossas manhãs, nos lembrarmos, por alguns instantes que sejam, que devemos abrir mais nossos olhos e apurar nossa percepção em busca dos pequenos detalhes com os quais somos presenteados todos os nossos dias, pois está na simplicidade da existência as maiores e melhores razões que fundamentam a verdadeira felicidade.
Por não me lembrar de nenhum outro, firmo em minha vida que neste dia conheci a verdadeira felicidade de viver.
Com ou sem peixe, a pescaria estava salva!
perfeito!.. chegar perto de sentir e viver assim já ajudaria a humanidade..
ResponderExcluirser feliz!
beijos ..
Oi Ingrid!
ResponderExcluirÉ verdade, acho que ajudaria mesmo!
OBrigado...
Beijos..
Às vezes nos tornamos tão complexos que até nos esquecemos que um sorriso nos pode desarmar, porque genuíno.
ResponderExcluirBeijo
É bem isso, Acácia...e de tamanha pureza, mesmo diante das maiores dificuldades que muitos de nós nem perto chegariam.
ResponderExcluirObrigado e beijo..
a simplicidade genuína, nos coloca cada vez mais perto do verdadeiro modo de viver..
ResponderExcluirbjs.Sol
E continuemos firmes nesta busca, Sol!
ResponderExcluirBeijos
Rafael o texto está ótimo e de alto astral!
ResponderExcluir(a gente tem mesmo que guardar estes momentos de "graça" que vivemos)
bjussssss
Que linda narração Rafa, entrei em meio às suas palavras e por alguns instantes fiz a mesma viagem. Vê como a simplicidade é linda neh? E está ao nosso alcance, todos os dias, em todos os momentos para ser desfrutada em sua essência, e isso sim é ser feliz, mais feliz é quem descobre tudo isso a tempo.
ResponderExcluirBeijocas
Cris.
Rafael meu amigo.
ResponderExcluirTeu texto é pra ler devagar e saborear em cada virgula as palavras nele descrita com teor e discernimento. Conseguiste me transportar para essa estrada tão bem delineada pelos teus escritos, como o suor do boiadeiro a lavar a face num sorriso de humildade, sob acalorado sol sem se dar por vencido.
Tanto da vida por viver, assim temos. Tantas lamentações ao mesmo tempo contrariando verdades de sofrimentos outros, que não vemos.
Sabe, é na humildade que está a verdadeira felicidade, sem históricos de contas extremas, com o trabalho honrado a se viver e nas noites ao deleite do sono sossegado pelo dever cumprido.
Lindo de viver o teu texto.
Parabéns.
Sempre bom embriagar-me dos teus contos, levando aos que te leem a realidade, esta que deveria de fato ser vivida.
Que nos falte tudo, mas jamais dignidade...
Bjs
Livinha
Rafael,
ResponderExcluirNa procura do "óptimo" no dia a dia, facilmente passamos pelo "bom" sem lhe prestar-mos atenção.
O óptimo é inimigo do bom!
Excelente fim de semana, Kandandos.
Obrigado, Cynthia!!
ResponderExcluirO lado bom deve ser lembrado também..rs
beijos...
Com certeza, Tia, é linda mesmo!
ResponderExcluirExatamente, está em todos os lugares, todos os momentos, basta procurar!
Beijos!
Oi Livinha!
ResponderExcluirÉ bem isso mesmo, a vida deveria ser saboreada a cada detalhe...costumo dizer que são os pequenos detalhes, pequenos grãos de areia que constroem e destroem as grandes coisas da vida...
Fico muito contente que tenha gostado e que venha se embriagar com o que tenho preparado por aqui...
Gostei, tenhamos a dignidade!
Beijos e obrigado...
Olá Kimbanda!
ResponderExcluirIsso mesmo, o bom é inimigo da perfeição e já faz uma grande diferença!
Ótimo fim de semana para você também!
Kandandos
Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog rosa solidão. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs
ResponderExcluirNarroterapia:
Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.
Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
Abraços
http://narroterapia.blogspot.com/
Olá Fabricio, muito obrigado pela visita. Na verdade, sou seguidor do Narroterapia há muito tempo.
ResponderExcluirAbraço...
Caro Rafael
ResponderExcluirEste texto é daqueles que nos transmite, logo de entrada, algo de bom e positivo.Sim, o segredo desta nossa vida vivida em grandes correrias está nos detalhes. Na nossa capacidade de dar valor às pequenas-grandes coisas que nos são oferecidas.E bastaria potenciarmos esses encontros, com todos os lados da vida e beneficiarmos com a sua pureza.
Um grande abraço.
Voltarei.
Olinda
Olá Olinda!
ResponderExcluirTem toda a razão, temos é mais que potencializar isso, e aproveitarmos intensamente!
Seja bem-vinda por aqui!
Abraço...
Olá Rafael.
ResponderExcluirVenho agradecer a tua visita ao meu blog :)
Parabéns pelo teu!
Fotografar com palavras, você é um mestre...
ResponderExcluirOlá Iris!!
ResponderExcluirEu que agradeço, seja bem-vinda por aqui!!
Obrigado!
Nossa!! Muito bom de se saber, Charlie! Este é realmente o meu objetivo!!
ResponderExcluirAbraço e seja muito bem-vindo!
Meu amigo
ResponderExcluirUm texto com a qualidade habitual, adorei e agradecendo a visita, deixo um beijo.
Sonhadora
Para as pessoas simples, a felicidade é simples...
ResponderExcluirGostei de ler o texto, rico em pormenores das pessoas e das coisas em causa. Mas eles escapam-me e não sou capaz de os visionar porque não sou brasileiro...
Para mim, por isso, teria ficado melhor com umas fotos que o ilustrassem...
Caro amigo, um grande abraço.
Muito obrigado, Sonhadora!!
ResponderExcluirBom saber...
Beijo
Grande Nilsão!!
ResponderExcluirIsso é verdade...vc tem razão em dizer isso. Fique na dúvida em por uma foto, mas neste caso, já estou colocando!!
Grande abraço, amigo!
Rafa, eu não tinha visto a foto. Que delícia de foto, amei!!!
ResponderExcluirBeijos querido.
Cris.
Oi tia...é, eu coloquei a foto só depois...Muito legal mesmo!
ResponderExcluirBeijos!!
Olá Rafael,
ResponderExcluirSeu texto está maravilhoso, um relato gostoso de se ler sem correria saboreando cada palavra.
Um abraço,
Dalinha
Olá Dalinha!!
ResponderExcluirMuito obrigado, fico muito contente de saber disso!
Seja bem-vinda por aqui...
Abraço...
A felicidade está nas coisas mais simples...
ResponderExcluirÉ difícil encontrar um sorriso sincero hoje em dia, e até mesmo uma lágrima sincera.. Mas às vezes encontra-mo-nos com esses momentos raros, essas pessoas raras, e parecem-nos de outro planeta.
Boa, Daniela!! Muito bem colocado! Tem toda razão quanto à lágrima verdadeira...e gostei do outro planeta...tem toda razão mesmo!
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentário!
Olá Daniel
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Bom fim de semana
Abração
Estava com saudades de suas palavras, meus dias sem ter o que dizer me tirou ate gosto por ler. mais volto e aos poucos recupero o que perdir..
ResponderExcluirbjs
Insana
Obrigado, Wanderley!!
ResponderExcluirMas é Rafael!
Abraço...
Oi Insana!!
ResponderExcluirSome não, volta sim!
Beijos...