domingo, 7 de junho de 2015

Esquecida

Traída pela vida
Segue ela a esbravejar pela praça suas e outras desgraças
àqueles que passa menos percebidos que ela.

Distribui injúrias e incompreensões que exigem de todos o seu
esquecimento,
A pô-la fora de seus caminhos pesados e esfolados.

Segue ela a coçar as partes,
A sacudir os trapos de seu vestido velho – há muito no mesmo labor,
Sob cabelos desgrenhados e definhados,
Obrigando-se a ser desprezivelmente sentida no ar.

A cada poucos passos estagna-se em novos protestos e clamores,
Despeja-se por tudo e a todos,
Infringe o pouco de dignidade que sobrevive nos primeiros entre dois ou três olhares.

E assim esquece-se entre o ir e vir,
Esquece-se já esquecida,
Esquecida pelos seus,
Esquecida pelos dos outros,
Esquecida pela própria sanidade,
Que lhe priva das dores e das tristezas,
Das possibilidades e das aleatoriedades,
Que se revelam nas vidas.

2 comentários:

  1. Rafa, a indiferença na minha opinião é um dos maiores erros da humanidade, e creia, ela está dentro de muitas famílias, infelizmente. Eu posso dizer isso sem medo, infelizmente também.
    Beijos
    Cris.

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    Respostas
    1. É verdade tia....e ela se disfarça sob as "melhores intenções".

      bjos

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