Meu amigo Léo Monçores tirou este conto do fundo da gaveta e nos propõe momentos inusitados encontrados na realidade em que nos encontramos. Perpetuar por entre tudo isso é quase magia!
Ele estava entediado em mais um daqueles dias que se arrastavam no trabalho. Gostava do que fazia, mas achava que gastava tempo demais do seu dia fazendo coisas que não levavam a nada. A vida em família era boa, tinha tudo que precisava, mulher, filhos, uma casa, que ainda estava pagando, e um carro, que poderia ser um pouco mais novo, mas, atendia suas necessidades. Podia se considerar uma pessoa quase feliz e realizada, podia?
Foi então que resolveu mudar radicalmente. Não iria mais fazer só o que queriam que ele fizesse, não ia mais deixar de fazer nada que lhe era prazeroso para agradar a ninguém, de agora em diante agradaria a si próprio e se preocuparia apenas com ele mesmo. Imediatamente, inventou uma desculpa e saiu do escritório disposto a radicalizar. Passou no banco, tirou tudo o que tinha na conta, que era pra ter algum no bolso, “se precisar, pago com o com o cartão novo que o banco me enviou, com um limite muito maior”, pensou. Entrou no fast food da esquina e pediu o sanduíche mais calórico, batatas duplas, refrigerante enorme e sorvete, o maior, de sobremesa. Pronto, estava dando o primeiro passo em direção à liberdade.
Depois do “lanche” foi até o shopping e, sem avaliar muito, como era de costume, comprou aquele tênis de marca de tanto apreciava, a camisa cara que à qual tanto resistira, a calça com o melhor corte, e o maior preço. Saiu da loja de roupas e entrou na joalheria decidido a comprar aquele relógio de caixa preta, último modelo da marca famosa, e também o mais caro. Pronto, mais um desejo realizado.
Ao sair do “templo do consumo” passou em frente a uma concessionária de automóveis, entrou. A avaliação do seu carro não foi a esperada, mas mesmo assim, não resistiu e fez negócio, levaria a pick up, aquela vermelha, com motor turbo e completa. Pena que só entregariam na semana que vem, quando descontassem o cheque, mas tudo bem, tinha mesmo que transferir o dinheiro da poupança (todo) para isso.
Já era tarde, a noite caindo, era hora de ir naquele restaurante, que nunca conseguia ir, por causa das crianças, a mulher, os preços, o horário e etc... Entrou, foi muito bem atendido é claro, comeu e bebeu muito bem, ficou satisfeito e foi embora pensando porque não levava aquela vida, já que era o que realmente lhe dava prazer. Agora sim estava feliz, mas, de repente, lembrou que teria que voltar para casa, para a mulher, que até era bonita, mas já sentia o peso da idade e da vida atribulada, cuidando dos filhos, da casa e dele também.
Foi então que tomou a decisão mais radical de todas. Não voltaria, simples assim. Porque adiar mais essa decisão que ele tinha certeza que já devia ter tomado há muito tempo? Era isso, sua vida seria outra, mais prazer, mais alegrias e muito mais coisas interessantes para fazer, ia conhecer novas pessoas, novos ambientes e, claro, muitas mulheres que não iriam ficar lhe cobrando o tempo todo e perturbando com assuntos como a escola das crianças, a conta de telefone, o frango para o almoço de domingo ou o presente da mamãe.
Pensou isso parado em um sinal de trânsito, foi quando escutou a voz jovem e nervosa, “sai logo e deixa a chave na ignição”, um segundo depois, ao tentar abrir o cinto, só escutou o barulho e não viu mais nada. Levaram-no para o hospital, mas não resistiu.
A viúva inconsolável não entendia como podiam ter feito aquilo com um trabalhador, que vivia para a família, não tinha vícios e era exemplo de pai e marido.
A polícia não entendeu, mas, com a vítima, havia um relógio de luxo e a carteira intacta, com talão de cheques e duzentos reais. Deve ter sido execução, dizia o delegado.
Radical!
E a fatura do cartão de crédito ainda não chegou...
Por José Leonardo Cabral Monçores
Agradeço ao amigo Rafael a oportunidade da publicação. Espero que gostem.
ResponderExcluirLéo
Leonardo,
ResponderExcluirCaramba cara!!! Que criatividade. Adorei. Fico aqui imaginando o que será dessa viuva quando chegar a conta do cartão de crédito. Mas vamos pensar por outro lado. Ele foi feliz um dia não é mesmo? Será que vale a pena mesmo buscar a felicidade no consumismo? Pena que ele morreu, então ficamos sem algumas respostas. Nossa quantas perguntas pairam em minha cabeça!!!!
Beijos
Cris.
Pelo menos, antes de morrer, ele fez tudo o que queria..
ResponderExcluirPra viúva..minhas condolências.
bjs.Sol
Cris,
ResponderExcluirQue bom que gostou. A idéia é justamente fazer pensar no conceito de felicidade e como ele pode ser diferente para cada um.
Obrigado,
Léo
Solange, será mesmo que ele foi feliz porque fez tudo o que queria? Quanto à viúva, talvez achasse que era feliz, mas...
ResponderExcluirObrigado,
Léo
Olá meu anjo.
ResponderExcluirO Felina Mulher, teve alguns de seus textos plagiados e por esse motivo agora é somente para convidados.caso seja do seu interesse continuar lendo minhas insanidades, me manda teu endereço de email pra eu te mandar o convite,ok?
felinamulher@gmail.com
Beijossssssss
Meu amigo
ResponderExcluirUm belo texto, que retrata cenas que podem acontecer na vida real.
Beijinhos
Sonhadora
Sonhadora,
ResponderExcluirA realidade está sempre mais próxima do que imaginamos.
Obrigado,
Léo
Muitíssimo bom! Bem, pelo menos morreu realizado, certo?
ResponderExcluirRoubaram uma viada há tempos roubada. Irônico!
ResponderExcluirFelicidade são momentos felizes..que diferem demais entre as pessoas...
Gostei muito do texto
Estou seguindo!
beijos,
www.agridoceassim.blogspot.com
Dona Maria,
ResponderExcluirTenho minhas dúvidas se realizou. Cada indivíduo tem seus limites, de acordo com sua percepção.
Obrigado,
Léo
Quê,
ResponderExcluirComo já disse aqui, tudo depende da percepção de cada um.
Obrigado,
Léo
mas o que ele não sabia é que as cotidianices da vida chegam, e pra tudo mundo.
ResponderExcluirachei ótimo!
um beijo.
Renata,
ResponderExcluirAcho que no fundo ele sabia, mas entrou no próprio sonho e esqueceu a realidade.
Obrigado,
Léo
Ele parece pelo que sentia, vinha sendo vitima há muito tempo, como tal, foio só mais uma... a última.
ResponderExcluirKandandos
Kimbanda,
ResponderExcluirO pior é que deixou vítimas também.
Obrigado,
Léo
Obrigado pelas suas palavras no meu blog.
ResponderExcluirSaudações poéticas
daqui
do outro lado do mar.
Rafael meu amigo,
ResponderExcluirEstou na tentativa de voltar..
Ainda que devagar.
Obrigado pela paciência
pela visita e carinho...
Bjs
Livinha
Oi Livinha..mantenha o foco, mesmo que difícil, vc acaba voltando...demora e é duro mesmo, mas funciona!
ResponderExcluirbjos!!
Grande Vieira!! Obrigado pela visita deste lado...
ResponderExcluirUm grande abraço!!
Como é uma honra...
ResponderExcluirter amigos...
talentosos...
mande um abraço...
meu beijo...
vai para você...
beijos
Leca
Se é, Leca!!
ResponderExcluirLéo pegue teu abraço...eu levo meu beijo!
Beijos..
Leca,
ResponderExcluirValeu! Rafa, essa divisão não ficou boa! rsrs
Léo
Rafa e Leo (olha a intimidade)
ResponderExcluirQue texto!!! Fiquei com medo haha, de mudar a minha vida radicalmente e ser punida. Punida por ser feliz demais....
... as pessoas não gostam!!!
Beijos
Obrigado Rafael, por suas palavras em meu blog, e por de vez enquanto dar uma passadinha por lá, eu como normalmente acontece estou quase sempre em falta, talvez por falta de tampo.
ResponderExcluirBonito texto, são que realmente coisa podem acontecer.
abraço.
rsrs, e dizer que conheci uma pessoa que fez tudo isso, desta mesma forma, achava que merecia tudo do melhor. Só que o final foi diferente: a mulher deu um tchauzinho e ele acabou com a grana em pouco tempo ficando arruinado... Hoje não sei mais dele, nunca mais ouvi falar. Mas como dizia, merecia ser presenteado! E foi...
ResponderExcluirNão é ficção, não!
Gostei muito.
Bjs.
Oi Eri..as pessoas não gostam mesmo, mas ser feliz é direito e, diria até, obrigação de todos; contanto que não atropele os outros...
ResponderExcluirquanto à intimidade: vc é da casa!
Beijos..
Não esquenta não, José...sabemos como é isso...complicado ter tempo para visitar todos com a frequencia que gostaríamos! Vez ou outra já está valendo!
ResponderExcluir[]ss
Sério, Taís?
ResponderExcluirJá vi casos assim, mas tinha bebidas ou outras mulheres...mas é o preço por passar por cima dos outros...
Ae, Léo: Fatos da Vida!
Beijos..
A história é muito boa. E não há razão para o autor dizer mais nada. É o leitor quem completa o texto.
ResponderExcluirUm belo conto!
ResponderExcluirA Cada dia que passa tenho mergulhado mais no mundo dos contos...
abraço meu caro!
Érica,
ResponderExcluirO desfecho trágico pode ser encarado como uma punição, porém, como já dissemos anteriormente, o conceito de felicidade depende muito da percepção de cada um! Não sei se sua morte pode ser encarada como castigo, mas, muitas vezes o que buscamos está tão perto que não conseguimos uma visão nítida da situação.
Obrigado!
Léo
Tais,
ResponderExcluirSei que não é difícil encontrarmos situações parecidas. Pessoas buscando o que acham ser felicidade sem medir consequências.
Obrigado,
Léo
Gerana,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Acho que o sentido é esse, estimular a reflexão. Não para julgar, apenas refletir sobre a situação proposta.
Léo
Obrigado Jean!
ResponderExcluirRealmente é um mundo fantástico onde a imaginação caminha ao lado da realidade.
Abs,
Léo