Ainda em clima de comemoração, gostaria de propor, novamente, o meu primeiro texto publicado aqui no blog. Foi a partir dele que resolvi dar um pouco de valor para as coisas que eu escrevia e parar de jogá-las fora. Ele tem um valor muito grande para mim.
A ideia deste texto me acompanhou por cerca de um mês, até que resolvi escrevê-lo. Para meu espanto, isso levou menos de dez minutos.
Interessante, também, é reler um texto antigo e notar que o estilo mudou, os pensamentos mudaram e a forma também. Antes de uma recordação, é uma referência.
Aqui está, também, o link para a postagem original:
A EsperaEspero que gostem!
Abraços e obrigado!!
* * *
A Espera O relógio marca 11h23.
Na mesa ainda há migalhas do café da manhã
A xícara tem uma película grossa de café frio.
Na minha boca a saliva está grossa
O gosto é de uma noite mal dormida com resquício de um café amargo que se acabou.
Minha visão está embaçada,
Meus olhos estão sujos, remelas transbordam pelos cantos
Maquiados pelas minhas insônias intermitentes
Que me roubam o merecido descanso, ou não.
O ponteiro preguiçoso não avança,
A campainha histérica não grita,
O telefone não geme,
A porta não apanha,
Sua voz não me chama.
Meus cabelos sujos, compridos não mantêm a compostura,
Desfeitos como touceiras de colonião após o vento.
Meu rosto cinza e perigoso pela barba por fazer,
Crescida pela preguiça e pelo desgosto.
Minhas unhas sujas aumentam meus dedos
Que ainda seguram a xícara e raspam as migalhas.
Minhas veias agora mapeiam minha vida,
Roxo-azuladas abaixo da minha pele amarela.
Ainda estou aqui,
Sua voz não me chama,
Ninguém chega,
São 11h23.