quinta-feira, 29 de junho de 2023

De dentro da cabana

Quase venenoso,
Pesava o ar rançoso,
Há tanto envelhecido
Sob o mesmo teto de madeira.

Quase pastoso,
Relutava a entrar,
Cansava o peito,
Turvava a visão:
Ébria, entristecida.

Janelas engorduradas,
Lábios trincados,
Olhos arrependidos,
Não mais se via o lago gelado e o campo nevado [alegria de outrora].

O copo vazio,
Coração minguado,
Batendo apertado,
Espremido, trêmulo e enfraquecido.

Cabelos desgrenhados,
Acinzentados,
Davam forma horrível
Àquilo que pena merecia, àquilo a que tanto faltava.

Amorteceram-se as mãos,
Esvaíram-se os pensamentos,
Azularam-se as veias grossas,
A enredar-se pela corpulência inchada.

Tombou à esquerda,
Renunciado,
Baqueou-se às tábuas!

Da garganta frouxa,
Ao chão pegajoso,
Despejaram-se desejos, opiniões… e outras extravagâncias
Há tempos pilados adentro,
Pelo pouco caso e pela indiferença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário