quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Quase a mesma a praça

Apesar da farsa,
Não era mais a mesma a praça.

Tinha árvores altas, gramas verdes,
Bancos recém pintados, brinquedos novos e modernos;
Mas não era mais a mesma a praça.

Eram varridas as folhas, floridas as flores, 
Podadas as árvores, aparada a grama.
O que será que faltava,
Que dela não fazia mais a mesma praça?

Enquanto por ela ainda passava,
Com a cabeça contrariada,
Segredou-me das gangorras empoeiradas o silêncio
Daquilo que tanto faltava.

Revelada, então, foi a farsa,
Num canto discreto,
Pelas indignidades às pressas renunciadas 
Que do heroico bem-feitor a disposição agrediram.

Apesar da farsa,
Não era mais a mesma a praça
Pois, agora, a frequentam ratos:
Os mais repugnantes, os semelhantes.

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