“Boa-noite” disse ao porteiro ao adentrar cansado o edifício,
Enquanto me voltava a fechar o portão.
Adentrei ao saguão onde clamei ao botão a presença de um elevador
Que ali deveria – obediente – estar em sentido à minha espera.
“Boa-noite” disse o morador ao porteiro ao fechar o portão.
Meu estômago fora arrancado.
As portas internas do elevador que chegara ainda se abriam
Enquanto, eu, alucinado, tentava invadi-lo em fuga.
Tempo tinha, coragem não.
Seus olhos me suplicaram a carona,
E a educação imposta me obrigou a conter as pernas e a porta.
Sem me olhar nos olhos murmurou algo tão estranho quanto o meu.
Apertou o nove.
Com o indicador girando, como quem sabe mas não encontra,
Aguardava minha resposta que foi meu dedo no oito.
Descemos.
Minhas pernas me abandonaram, recostei em ódio.
O carona, atleta suado, entrou seguindo o mesmo protocolo.
Apertou o doze.
Subimos, serei o primeiro! Deus, não nos pare no térreo.
Deveria ser o décimo quando passamos pelo sexto.
De olhares fixos no nada, conversamos o silêncio
Como garotos nus em um exame médico coletivo.
Medi os invasores,
Enjoei-me com o suor que ensebava os cabelos sujos do atleta,
Irritei-me com o outro que ainda levava a falsa expressão de simpatia em sua cara covarde.
Voltei-me ao nada.
Retorci os dedos uns nos outros a distrair-me,
Reli os dizeres da sacola da padaria que já tanto conhecia,
Cantei com a banda em minha cabeça.
O tranco revelou: oitavo, ufa! Cheguei e vivo!
Que saiam da minha frente e não se atrevam a abrir minha porta,
Passo feito boi estourado e múrmuro algo tão estranho quanto os deles.
Imbecis.
São Paulo, 30 de junho de 2008.
Divagar ante o desconhecido, vê-los como inimigos, sentir-se perseguido, não ignorar o mal, suar gelado, desejar chegar logo ao destino para se proteger.... Essa é a realidade de quem tem fobia aos mortais, não podemos viver sózinhos no mundo, mas às vezes, estarmos só é melhor que estarmos mal acompanhados!!!!
ResponderExcluirÉ...essa é uma boa visão também! Ainda, tem essa coisa de quando parecemos bois estourados e apenas queremos chegar no nosso cocho e temos que nos esbarrar nessas "falsidades sociais"...extremamente irritante...rsrs. E sim, melhor só que mal acompanhados..rs
ResponderExcluirBjos tia!
Olá Rafael
ResponderExcluirNunca te tinha visto, no meu "cantinho".
Adorei a visita!
Obrigada pelas palavras simpáticas!
Vou dar uma volta pelo teu blog.
Bjs
Lisa
Oi Mona Lisa!!
ResponderExcluirQue bom que tenha gostado! Fique à vontade no meu "cantinho"...seja muito bem-vinda!!
Adorei aqui, aconchegante!!
ResponderExcluirGostei da forma que descreveu a situação...pelo q percebi esta irritado? kkk...
Passe pela minha csa, tomare que goste, seje benvindo...
beijos, secuida!
Oi Larissa!!
ResponderExcluirFico muito contente que vc tenha encontrado um aconchego aqui....é um adjetivo que ainda não tinha recebido...gostei muito.
Este texto é antigo, estava perdido entre os demais e realmente há uma irritação, mas não aquela do dia a dia e sim da falsidade em que acabamos nos metendo neste dia a dia.
Visitarei sua casa sim....com certeza!!
Volte sempre, vc é muito bem-vinda!!
Beijos....cuide-se tb!!
Fala Rafael,
ResponderExcluirObrigado pela visita ! Gostei do formato do seu espaço, bem original.
Fique à vontade pra navegar pela minha vida, ela é um livro aberto.
Fica bem !
Abraços,
Fabio.
Fala Fabio!! Que bom que gostou...fique à vontade e seja bem-vindo!!
ResponderExcluirCom certeza voltarei para ver mais!
Abraços,
Rafael