Eis que não a última, nem a primeira composição para bruscamente em frente ao rebanho a se recolher, apartado em amontoados tentando a qualquer custo se alinhar às bruscas porteiras que se abrem e fecham aos solavancos.
Condicionados, ao abrir, estouram seringa adentro esbarrando-se em busca do lugar menos desconfortável, ou talvez mais cômodo, agitados pela irritante campainha que lhes cutuca os tímpanos.
Corpos cansados escorados uns aos outros, amassados, sujos e surrados das mais diversas lidas, das mais distantes pastagens – difíceis até de imaginar.
Rostos! Ah, rostos!
Das mais variadas raças, formas e idades, com as mais diversas expressões e olhares.
Desconhecidos, e talvez nunca revistos, que revelam histórias inimagináveis, questionáveis, condenáveis, lamentáveis, irrepetíveis, incontáveis.
Tem-se de tudo, de todos, para todos: tristeza, perda, traição, fracasso, dúvida, insatisfação, solidão, decepção, abandono, desistência, vontade, saudade, desejo, angústia, desilusão, revolta, indignação, desconsideração, humilhação, desprezo, ignorância, arrogância, asco, irritação e tantos outros que só acontecem àqueles, naqueles.
Ou será tudo apenas cansaço? Quem sabe ânsia do chegar?
Não sei, não se sabe, não se deve, nem se é! Quem são? Muito prazer!
E entre tantos, aos balanços, um me foi revelado, do outro lado, olhando para mim, para dentro de mim, fixo e espantado, como eu.
Da mesma espécie, de outra raça, ou de todas, ou nenhuma, mas não estranho.
É aquele que me acompanha, aquele que não conheço, que não compreendo, que não me atentei, que perdi e que agora se alimenta daquilo que de nós e a nós se revela desse nosso tudo.
Prazer em rever-nos! Seja bem-vindo!
Que linda comparação, àqueles que vivem no holocausto, sujeitos com mil faces e tribulações, incrível mas conseguimos reconhecê-los, porém muitas vezes àquele que se encontra dentro de nós mesmos possa ser tão estranho.
ResponderExcluirUm brinde aos irracionais!!!
Beijos
Cris.
E isso é bem esquisito, pq acontece com tanta facilidade...é fácil ver o que está em volta, mas o que está dentro, o que somos, fica ofuscado!
ResponderExcluirTim-tim!!
Beijos!!
Li seus textos e são muito bons. Este que comentarei me fez lembrar de uma canção do Gilberto Gil, justamente por ter permitido comparar os rostos com as vitrines. Afinal, em nossos rostos estão todas as informações sobre nós. A letra diz assim: "As vitrines são vitrines. Sonhos guardados, perdidos, em claros cofres de vidro."
ResponderExcluirAbraços e obrigado pelas palavras e visita ao meu blog.
Tem razão, Alberto! Agora que você mencionou eu percebo!
ResponderExcluirFico contente que tenha gostado dos meus textos!
Seja bem-vindo!!
Abraço!
Olá, Rafael!
ResponderExcluirConhecer seu blogue me proporcionou muito boas leituras.
Agradeço sua visita ao Fundo, bem como suas palavras tão generosas.
Quanto ao seu excelente e filosófico texto, que me fez viajar...
Estamos rebanho, mas qual é a senha para livrar-nos da sanha de ser rebanho num mundo de sanhas e senhas?... Um mundo de véus, em que uma grande questão espreme-se entre outras questões, como quem sou eu? e eu sou eu?Bjs e inté!
Olá Ju!
ResponderExcluirQue bom que gostou do que encontrou por aqui. Fico realmente contente que tenha tido boas leituras.
Ainda estou impressionado com o "excelente e filosófico texto"...rsrs...gostei da sua colocação...ficamos perdidos nestas situações e coisa toma proporções que sufocam nossos "eus"...
Obrigado pela visita...volte sempre!!