Era um calmo fim de tarde de outono
De céu alaranjado e brisa gélida a entrar pela janela.
Ela tinha as têmporas banhadas pelo suor nervoso,
Mas só percebeu ao acomodar o cano.
Com toda a força do polegar deslizante, arrastou o cão raivoso até a posição de ataque.
O tambor girou como em um sorteio e ela assustou com o estrondo do encaixe.
Assentou cuidadosamente o indicador trêmulo e desajeitado,
Despejando toda delicadeza que pôde para retardar o tempo.
De lábios mordidos e olhos apertados,
Encheu os pulmões de vida e a segurou para si.
Usou tudo de si contra o corpo rígido e instigou o cão sedento.
O tempo freou e garantiu que toda sua vida, aos detalhes, fosse a penúltima trajetória a lhe passar pela cabeça.
E ao confrontar-se com suas alegrias, seus amores, seus sonhos, suas angústias, suas dores, seus medos e seus desesperos,
Com lágrimas a rolar, riu timidamente um riso liberto e aprovador.
Quando o cão, enfim, alcançara sua presa, tudo já estava pronto e nada mais havia a ser feito.
Apenas desmoronou-se, aliviada, em um punhado de história desorganizado que ainda cheirava a tristeza, e tinha um sorriso de canto.
Nossa, prendi a respiração até o fim.
ResponderExcluirDe um realismo assustador.
Mas ao mesmo tempo, belo.
Gostei por demais.
=)
Olá Ana!!
ResponderExcluirSério? que bom que deu o realismo...o "assustador" faz parte..rsrrs
Fico muuuito contente que tenha gostado!!
Bjo
Assustador mesmo...
ResponderExcluirMas comovente...Tocante...Perturbador também.
Muito bom!
Bj
Olá Gueixa!
ResponderExcluirAcho muito bacana quando acontecem essas reações/sensações...
Com certeza é perturbador...que bom que tenha gostado..
Beijos!!
AHsuhasu... eu gosto de viajar nas coisas q escreve, estou rindo disso. Se não houvesse cão seria alguem contando como foi seu nascimento, mas o cão dá a entender o oposto, estou confuso rs. Abraçao! (vou pensar mais)
ResponderExcluirGrande Renato...huahau...bom saber dessas suas viagens..em cima das minhas...rsrsr
ResponderExcluirMas nesse caso, o cão é aquele do revólver, que dispara à bala! rsrrs
Não sei se clareei ou atrapalhei a viagem..
[]s
Estou com medo de soltar a respiração. Será que é seguro mesmo?
ResponderExcluirAdorei!;*
Estefani
Agora pode, Estefani...já passou!! rsrrsrs
ResponderExcluirQue bom que gostou!!
Bjo
...você escreve com um misto
ResponderExcluirde real e ao mesmo tempo
poético.
é lindo.
é dom.
adorei sua visita...
deixo beijos!
Olá Vivian!!
ResponderExcluirNossa...isso é quebrar as pernas...muito bacana essa sua descrição..gostei mesmo!!
Também gostei muito da sua visita!!
Muitos beijos..
Acho que eu escolheria um a picada de cobra, que medo desse cão eu senti. Talvez esse segundo onde a vida retorna a mente seria maior, nossa , será que vem a mente as coisas melhores ou as piores, acho que vem tudo, como um furacão desvairado, mas depois tudo é paz.
ResponderExcluirBeijos
Cris.
Oi Tia!!
ResponderExcluirÉ...esse cão é muito rápido...a vantagem que não há muita espera..rápido e preciso! rsrs
Também acho que vem esse furacão e fica a paz..mesmo que por instantes....
Beijos...
Belíssimo conto, Rafael.
ResponderExcluirVislumbra-se a riquezas dos detalhes, a atenção do leitor, os sentimentos nas entrelinhas e nos dá um sabor do lúdico e do real, em perfeita sincronia.
Parabéns pela ousadia.
Obrigada pela visita e pelos comentários.
Tua qualidade me faz segui-lo,
Meu carinho, bjs
olá amigo
ResponderExcluirsou muito feliz quero agradecer
sua visita e seu comentario.
vou ter saudades de todas/os em aril e maio vou fazer uma pausa
mas voltarei com força.
gostei de vir aqui
amo as letras
abraço fraterno!!
Olá Laurinha!!
ResponderExcluirQue bom que gostou!! E que descrição que você me deu, eu nem sabia que tinha feito isso tudo!!
Gostei muito...muito obrigado mesmo!!
Beijos!!
Olá Bráulio!!
ResponderExcluirEu também agradeço sua visita por aqui. Tenha um bom descanço e dê um "oi" ao retornar!
Abraço,
Rafael
A vida para muitos é o jogo da roleta russa,em que só mesmo essa os liberta,pena tê-lo concretizado. A vida é demasiado bela para ser
ResponderExcluirdesperdiçada,mas por momentos quem sabe!!!
texto ricamente descritivo
sentimos a sua presença e o seu desespero
abraço
Olá Anabela!!
ResponderExcluirEsse é um tema que me chama a atenção pelo incômodo que sinto ao imaginar o grau de desespero que uma pessoa chega para apertar o gatilho e liberar o cão...chega a me dar calafrio! Assim, vez ou outra, escrevo sobre isso...
Que bom que passou por aqui...sempre uma ótima visita..
Abraço..
até eu fiquei aliviado.
ResponderExcluiré isso.
abraço
boa terça
e Feliz dia do bumbum de fruta.
sim....
é de um gay q eu estou falando..
kkkkkkk
droga*essa foi horrível*
Rafael,
ResponderExcluirMe depara com um escritor menino..desses de livro que nos prendema cada linha, que nos fa querer desvendar as entrelinhas de cada sentir...suicidio esse o escrever né... morrer no papel pra depois se ver renascer, e são tantas as vidas que podemos ter.
Sorriso de canto e um olhar que tb sorri ...para ti.
Quero poder voltar mais vezes aqui, menino!
Bjos
Erikah
Bemmmmmm..como não poderia deixar de ser , estou a te seguir.
ResponderExcluirBjos
Eriksh
hauahua....até vc Deni? Que bom!!
ResponderExcluirboa terça pra vc tb...e que isso ficou estranho, ficou! hahahaha
Abraço!!!
Olá Erika!
ResponderExcluirSeja bem-vinda!!
Fico muito contente com seu comentário. Cada vez me deparo com descrições diferentes e que só me ajudam a descobrir meu trabalho!
Volte quantas vezes quiser...fique à vontade por aqui...
Beijos e obrigado por seguir e pelo "menino"!!
Passei para agradecer sua visita e apreciação simpáticas e, "PUM!"... dou por mim a apreciar um trabalho bem elaborado, poético, sem dúvida, envolvente até ao "fim": "... e tinha um sorriso de canto." Voltarei, prometo e fico a segui-lo.
ResponderExcluirParabéns e abraços
UAU!!! Sem palavras.
ResponderExcluirDescrição perfeita, Rafael. E num momento tão trágico e assustado, você ainda conseguiu arrancar alguma poesia.
Fantástico!
Abraços
Grande texto, com muita qualidade, bem escrito!!!
ResponderExcluirBeijinhos,
Ana Martins
Nossa, que medo! A sua heroína nao vacilou, foi até o fim, que pena. Não sei por que, pensei na Leila Lopes.
ResponderExcluirQuero agradecer a sua leitura no meu humilde Jardim, fiquei muito feliz em ser lida por vc, acredite! Eu estava com medo que o conto tivesse ficado meloso e feminino demais, mas acho que não exagerei, certo?
Vou ler sempre seu blog, Rafael.
Olha eu aqui, Rafael, agora de leitor! Rapaz, vc mandou muito bem! Gostei muito!
ResponderExcluirMuito belo seu texto,viajei nele até ao fim.
ResponderExcluirBeijinhos
Sonhadora
Olá Quicas!!
ResponderExcluirFico muito grato pela visita e imensamente feliz com seu comentário...muito obrigado mesmo e volte sempre que quiser, pois é muito bem-vindo!!
Obrigado e grande abraço!!
Aeee Daniel, quebra minhas pernas mesmo!! hehehe...que bom que gostou cara...é um tema que gosto de explorar, vez ou outra!
ResponderExcluirAbração!!
Olá Ana!!
ResponderExcluirMuito obrigado...agradeço muito mesmo!
Beijinhos!!
De maneira alguma, Maria!! Achei que o conto ficou na medida!
ResponderExcluirÉ..ela foi até o fim sim, e se aliviou...acho triste esse tipo de coisa. Mas não tinha pensado na Leila Lopes, mas agora que você disse, faz todo sentido!
Eu que agradeço sua visita por aqui...volte sempre mesmo: é muito bem-vinda!!
Beijos..
Aeee Marcão!! Bom você por aqui...e que bom que gostou!!
ResponderExcluirGrande abraço!!
Olá Sonhadora!!
ResponderExcluirEu estou viajando nele até agora...rsrs...que bom que gostou!!
Beijosss
Um texto um pouco assustador, bem escrito e com um final feliz.
ResponderExcluirGostei!
Obrigado pela visita e comentário no Mundo Colorido.
Oi Canduxa!!!
ResponderExcluirEu que agradeço a visita...e é bom saber que agradou e assustou...rsrs
Beijo...
Sabe Rafa, acredito que isso torna-se muito da realidade do mundo! Pessoas olham para o seu próximo como algo que podem destruir em um simples ataque(por palavras ou gestos) e assim verificamos que os valores, virtudes se foram com o tempo e com os sentimentos, estes deixaram de lado, para os valores materiais tornarem mais importantes! E que nossas ações tragam vida e não destruam as poucas vidas que nos restam!
ResponderExcluirUm abraço Rafa! Bela postagem!
Oi Ju!!
ResponderExcluirTorna-se sim...basta olharmos para os jornais com atenção e forçar os olhos a não pular para próxima notícia.
Acho que é bem o que vc diz, há uma busca selvagem pela satisfação material que atropela a tudo e a todos - sim, até si próprio. E os que sentem alguma coisa e que tentam viver realmente a vida, acabam rotulados e até ridicularizados!
A caminhada é dura, mas o propósito e os frutos compensadores...
Abraço!
Oi rafael, AH fiquei feliz q vc comentou no meu blog...e melhor que gostou da minha pseudo-literatura! =)
ResponderExcluireu amei o seu blog vou comecar a seguir =)
Bom texto, deu um pouco de pânico, mas depois o alívio.
ResponderExcluirBeijooO'
Olá Angélica!!
ResponderExcluirSeja bem-vinda por aqui...também agredeço sua visita e fico contente que tenha gostado!!
Beijos....
Morte bonita de morrer. Com gosto de tristeza e poesia. Me deixou um sorriso de canto ler tanta dor de maneira tão leve e delicada, com letras de quem preza as escolhas e respeita os caminhos.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho no meu canto. Receba o meu.
Beijoca
Que maravilha de texto!
ResponderExcluir"Cheirava a tristeza, e tinha um sorriso de canto."
Isso foi tão.. tão..
Maravilhoso!
(Não consigo tecer um comentário à altura. Volto depois. rs)
Grande Rafael! Tem selo para ti em http://brindesofertas.blogspot.com/
ResponderExcluirGrande abraço.
Oi Sylvia!!
ResponderExcluirDói mesmo, concordo com vc...fico contente que tenha gostado!
Obrigado pela visita!!
Beijos...
Oi Priscila!!
ResponderExcluirNossa...vc não sabe o quão foi com esse seu comentário!!!
Beijo...
Graaande, Manu!!
ResponderExcluirMuito obrigado...mais tarde vou publicar!
Abraço!!
Interessante e assustador.
ResponderExcluirValeu pelo comentário.
:)
Valeu Diego!!
ResponderExcluirObrigado pela visita tb!!
[]ssss
"Com lágrimas a rolar, riu timidamente um riso liberto e aprovador."
ResponderExcluirSentir-se liberto é uma das maiores e melhores sensações - o melhor ponto da poesia.
Um abraço.
Obrigada por me visitar.
Com certeza, Erica...nada fácil de se obter, mas ótimo de viver!!
ResponderExcluirObrigado e abraço...
tristeza com un sorriso :)
ResponderExcluiradoro qndo iso acontece
bejos
Assim é melhor né, Camila?
ResponderExcluirApesar de tantas dores, algo é aliviado!
Obrigado pela visita...
Beijos
Também quero sorrir ao ver o filme da minha vida... :)
ResponderExcluirE Rafa, você sabe que não pode fazer analogia de cano, morte com cão... pelo menos para mim...hehe! (Seu cachorro).
Beijos
Oi Eriquinha!!
ResponderExcluirEspero que veja esse filme em uma situação melhor...rsrs
hauhauhaua....nao teve jeito...tive que falar do cão...dá um descontinho dessa vez? rsrs
Beijos....
Oi Valéria!!
ResponderExcluirMe desculpe, mas só agora notei seu comentário para ser moderado...não vi o e-mail com ele...
Mas que bom que gostou...gostei de saber disso e de suas sensações!!
Beijo!
Lindo texto, amigo!
ResponderExcluirUma analogia perfeita que nos prende da primeira a última palavra!
Abraço, Robson.
Olá Robson!!
ResponderExcluirMuito obrigado, fico contente que tenha gostado!! Bom saber que desperta essas sensações!!
Grande abraço...
"Que ainda cheirava a tristeza", foda isso. Não consigo me prolongar.
ResponderExcluirhauahua....grande Tiago...boa, bacana ter passado por aqui!!
ResponderExcluirSeja bem-vindo!!
[]s