quarta-feira, 15 de julho de 2015

Café da Manhã

Manhã fria e cansada,
Sol fraco, lutando atrás de nuvens,
Chão molhado e pegajoso,
Ruas se enchem, pessoas se agitam.

Para um carro,
Frente a um grande edifício,
Fila dupla,
Porta-malas sendo esvaziado das guloseimas e bebidas.

O fiscal de trânsito observa,
Indeciso,
O carro é importado,
A proprietária bem vestida.

O homem puxa uma carroça cheia,
Sem retranca, nem quaieira,
Nos pés: restos de chinelos,
Na cabeça: uma sacola plástica rasgada.

Tremula sob trapos finos,
Seus olhos lhe mostram a carga em descarga.
Seu rosto personifica a fome.
Vacila três vezes, pede, não pede?

Um motorista descarrega na buzina sua pressa,
O homem, disperso, salta assustado e tenta um trote,
O fiscal de trânsito desvia o olhar,
O carro importado continua a descarga, em fila dupla.

4 comentários:

  1. Comparação dolorosa porém verdadeira. Chega a doer a disparidade entre os seres humanos, ninguém divide, ninguém se ajuda, mas porque estou preocupada se acabo de dizer que essas pessoas são ninguém.
    Bom domingo Rafinha.
    Beijos
    Cris.

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    1. Pois é...realidade pura, tia...em todos os lados, só mudam os nomes e cores..

      beijos!

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  2. Li alguns dos seus poemas e gostei imenso.
    Tem talento para a poesia.
    Rafael, tenha uma boa semana.
    Abraço.

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    1. Olá Jaime!! Que bom que gostou, agradeço o elogio!

      Puxe uma cadeira e fique à vontade..

      Abraço!

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