segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Palhaço

Cansado palhaço?
Com essa maquiagem não se pode saber.
Nunca se sabe como você está,
Cada dia é uma:

Lágrimas escorrendo de olhos tristes
Por cima de um sorriso invertido;
Ou olhos esbugalhados com pestanas altas
E uma gargalhada sem limites, rasgada.

Mas isso não importa,
Servem apenas para lhe esconder.
Esconder o que sente, o que é.

Os risos não vêm de suas acrobacias
Muito menos de suas habilidades,
Mas de seus tombos, dos tapas que toma,
Das decepções que encontra, da sua desgraça.

A corda bamba não pode atravessar,
Tem que cair.
Da cartola não pode tirar um coelho,
Tem que explodir.
Dos trapézios não pode rodopiar,
Tem que se misturar à serragem.

À desgraça está condenado, pois é palhaço!
Agora, sem maquiagem, personificado:
Saia deste espelho, assim ninguém lhe quer.
Nem eu!

5 comentários:

  1. Palhaço.. sempre há um dentro de nós!!!

    De vc entao. rsrs brincadeira..

    òtimo o texto!!!

    Bjss!!

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  2. Grande crítica de nossa cultura em que a vida se passa sempre num teatro. As peças são executadas em toda parte, até nos lares, e os papeis são tantos, e são periclitantes na medida em que não há espelho em cena para que se veja os detalhes que compões as máscaras. O palhaço, o fantoche de modo geral, não se dá conta de que personagem está a representar, e os mais vaidosos aparecem mais em suas fantasias e fantásmas endoidecidos e agitam suas palhaçadas em praça pública. É interessante que o escritor recua da máscara ao cadáver, e na ploclamação da própria morte, levando em conta a vida ordinária, sabe que é perigoso ser palhaço. Ora, passar uma vida inteirinha preso a futilidades de imagens e materiais corruptíveis é a mesma coisa que ser palhaço. Mas quando o escritor sai do próprio túmulo, ele não atravessa as máscaras do cotidiano, ele adormece nas próprias palavras que denuncia a palhaçada. Entretando, nun mundo de palhaços, a força de atração é imensa. Não que sejam irresistível, é que eles ocupam um mundo, faz dele um circo, e, no fundo, o escritor contempla como numa espécie de sonho frenético, que há possibilidade de um mundo de palhaços mais interessantes. E o paradoxo está em correr o risco de ser transformado em fantoche, por quem se deseja que tranforme em poetas do alvorecer. Abraço!

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  3. Olá, Tom!!
    É isso mesmo, vc pegou certinho o espírito da coisa. Além de tudo isso, só importamos para os outros enquanto não somos problemas, enquanto causamos algum tipo de diversão, pois quando vem os problemas, somos simplesmente descartados.

    Obrigado pela visita e pelas palavras. Seja bem-vindo e volte sempre!!

    Abraço...

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  4. A cada instante de nossas vidas morremos um pouco , mas é preciso morrer para que a semente vingue, cresça e dê frutos.
    Palhaços e pierrots existem dentro de cada um de nós, mas essa forma de existência cai por terra a partir do momento em que saímos da nossa escuridão e buscamos a luz.
    Olhar para a luz de frente ofusca nossa visão e porisso muitas vezes fechamos os olhos, (espelho).
    Maquiamos nossos rostos para não deixar transparecer o que é interno, mas eis aí a essência, eis aí a poesia.
    E quando derrubamos a máscara, depois de anos de circo, podemos ver que a semente cresceu e deu frutos e que tudo valeu a pena, nós crescemos.
    Trocamos o picadeiro pelo trapézio, a escuridão pela luz, a dor pelo amor e o sorriso....ah...esse, permanece!
    Deus esteja com você sempre.
    Beijos da tia
    Cris.

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  5. Ah Tia!! Vc pegou muito bem o espírito da coisa! Adorei seu comentário.

    E "Trocamos o picadeiro pelo trapézio, a escuridão pela luz, a dor pelo amor e o sorriso....ah...esse, permanece!" foi muito bom...muito mesmo, vc praticamente complementou o texto.

    Gostei muito...muito mesmo!!

    Obrigado...volta sempre, tá?

    Beijos

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