segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Naquela Mesa de Bar

Sentado desacreditado à mesa do bar,
Estrategicamente escolhida para impedir que as minhas tristezas
Das vontades e desejos fracassados não se espalhem pelo ambiente,
Disfarço minha carranca melancólica buscando a diversidade com os olhos ébrios.

Encontro distração e afago nas outras mesas: sorrisos, gargalhadas rasgadas, flertes,
Segredos abertos, sentimentos declarados, corações transbordantes, toques delicados por debaixo das mesas, perdões concedidos e condenações aplicadas a réus que nem ao menos sabiam de suas acusações.

À minha frente meu copo e meu cinzeiro enchem-se e esvaziam-se em frenético descontrole.
Ao redor, os céus em forma de nuvens enegrecidas, horripilantes, como que enviadas para o castigo anunciado.
Ventos gélidos começam cessar e o silêncio parece pairar.
Dentro, um vazio corrosivo, ardente, inquieto que perpetua sob a anestesia etílica.

Como se tudo se calasse e passasse a movimentar-se e acontecer de forma lenta,
Fica apenas o eu, e são meus olhos que não vêem o resto e meus ouvidos que ignoram o todo.
Meus sentidos se afloram e sinto um leve calor me tocar na nuca,
Meu copo, meu cinzeiro e eu estendemos nossas formas em translúcidas sombras à mesa.
Tenho forma, tenho contorno e tenho meio.

Às minhas costas, o sol, moleque ligeiro, mostra-se em seu pôr com cores maravilhosamente indescritíveis.
É como se anunciasse a renovação, o renascer, a esperança perdida.
Meu peito enche-se tão rápido quanto as nuvens que corrigem o pequeno desleixo e me retornam à escuridão de mim mesmo.
Não era o fim, mas o meio, um fôlego!
É hora de ir, não me encaixo nesta paisagem.

9 comentários:

  1. Rafael,

    Estou impressionado. Bem impressionado. És um poeta!

    E sabes o que dizem dos poetas? Eles tem o poder de transformar as coisas.

    Certa feita um poeta psssou por um mendigo em Paris. A cuia estava vazia sob a placa: "Sou cego. Me ajude!".

    O poeta decidiu ajudar.

    Instantes depois as moedas começam a tilintar e a cuia se encheu ante a placa que agora dizia: "É primavera em Paris, mas não posso ver...".

    Parabéns pelo blog!
    Chacon

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  2. Pôxa Chacon! Nem sei o que dizer. Se disser que fiquei contente, é muito pouco.

    Estou muito feliz por você ter gostado. Sei do quanto você gosta dessa "área" e isso me deixa muito feliz mesmo!!

    É..gostei dessa: Poetas transformam as coisas! Pensarei mais nisso!!

    Obrigado pela visita...volte sempre, mas....neste caso...tomaremos mais uma pessoalmente..rsrs

    Abraço,
    Rafael

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  3. Rafa,

    Belíssimo poema!

    Estudei 3 anos com um poeta e nem sabia disso. Parabéns pelo blog que está ótimo e é de muito bom gosto!

    Um abraço,

    Burundi

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  4. Dá-lhe, Burundi! Que bom ver você por aqui, fiquei contente!!

    Estudou 3 anos com um poeta e nem sabia disso? E eu que vivi com ele quase uma vida para descobrir isso...rsrsrs

    Que bom que tenha gostado do que viu por aqui...isso é muito gratificante e me deixa feliz e mais empolgado em continuar!!

    Grande abraço...volte sempre!!

    Rafael

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  5. Foi a minha primeira incursão por este espaço e tenho que manifestar o meu agrado pela escrita e pela sua forma. Voltarei com toda a certeza.
    Grato pela visita.
    Abraço do Zé

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  6. Oi Zé!! fico feliz por ter vindo visitar meu espaço e muito mais por ter gostado do meu trabalho!

    Volte sim, será sempre bem-vindo!

    Abraço,

    Rafael

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  7. Olá Rafael

    Retribuindo a tua visita, devo dizer que gostei do que li.
    Ficarei tento ao teu blog.

    Abraço

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  8. Obrigado pelo link, visita e comentário. Retribuo com link.
    Seja sempre bem vindo.

    kandandu (abraco)

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  9. John e Namibiano,

    Muito obrigado pela visita...sejam bem-vindos e espero que voltem sempre...

    Abraço...

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