Sentado desacreditado à mesa do bar,
Estrategicamente escolhida para impedir que as minhas tristezas
Das vontades e desejos fracassados não se espalhem pelo ambiente,
Disfarço minha carranca melancólica buscando a diversidade com os olhos ébrios.
Encontro distração e afago nas outras mesas: sorrisos, gargalhadas rasgadas, flertes,
Segredos abertos, sentimentos declarados, corações transbordantes, toques delicados por debaixo das mesas, perdões concedidos e condenações aplicadas a réus que nem ao menos sabiam de suas acusações.
À minha frente meu copo e meu cinzeiro enchem-se e esvaziam-se em frenético descontrole.
Ao redor, os céus em forma de nuvens enegrecidas, horripilantes, como que enviadas para o castigo anunciado.
Ventos gélidos começam cessar e o silêncio parece pairar.
Dentro, um vazio corrosivo, ardente, inquieto que perpetua sob a anestesia etílica.
Como se tudo se calasse e passasse a movimentar-se e acontecer de forma lenta,
Fica apenas o eu, e são meus olhos que não vêem o resto e meus ouvidos que ignoram o todo.
Meus sentidos se afloram e sinto um leve calor me tocar na nuca,
Meu copo, meu cinzeiro e eu estendemos nossas formas em translúcidas sombras à mesa.
Tenho forma, tenho contorno e tenho meio.
Às minhas costas, o sol, moleque ligeiro, mostra-se em seu pôr com cores maravilhosamente indescritíveis.
É como se anunciasse a renovação, o renascer, a esperança perdida.
Meu peito enche-se tão rápido quanto as nuvens que corrigem o pequeno desleixo e me retornam à escuridão de mim mesmo.
Não era o fim, mas o meio, um fôlego!
É hora de ir, não me encaixo nesta paisagem.
Rafael,
ResponderExcluirEstou impressionado. Bem impressionado. És um poeta!
E sabes o que dizem dos poetas? Eles tem o poder de transformar as coisas.
Certa feita um poeta psssou por um mendigo em Paris. A cuia estava vazia sob a placa: "Sou cego. Me ajude!".
O poeta decidiu ajudar.
Instantes depois as moedas começam a tilintar e a cuia se encheu ante a placa que agora dizia: "É primavera em Paris, mas não posso ver...".
Parabéns pelo blog!
Chacon
Pôxa Chacon! Nem sei o que dizer. Se disser que fiquei contente, é muito pouco.
ResponderExcluirEstou muito feliz por você ter gostado. Sei do quanto você gosta dessa "área" e isso me deixa muito feliz mesmo!!
É..gostei dessa: Poetas transformam as coisas! Pensarei mais nisso!!
Obrigado pela visita...volte sempre, mas....neste caso...tomaremos mais uma pessoalmente..rsrs
Abraço,
Rafael
Rafa,
ResponderExcluirBelíssimo poema!
Estudei 3 anos com um poeta e nem sabia disso. Parabéns pelo blog que está ótimo e é de muito bom gosto!
Um abraço,
Burundi
Dá-lhe, Burundi! Que bom ver você por aqui, fiquei contente!!
ResponderExcluirEstudou 3 anos com um poeta e nem sabia disso? E eu que vivi com ele quase uma vida para descobrir isso...rsrsrs
Que bom que tenha gostado do que viu por aqui...isso é muito gratificante e me deixa feliz e mais empolgado em continuar!!
Grande abraço...volte sempre!!
Rafael
Foi a minha primeira incursão por este espaço e tenho que manifestar o meu agrado pela escrita e pela sua forma. Voltarei com toda a certeza.
ResponderExcluirGrato pela visita.
Abraço do Zé
Oi Zé!! fico feliz por ter vindo visitar meu espaço e muito mais por ter gostado do meu trabalho!
ResponderExcluirVolte sim, será sempre bem-vindo!
Abraço,
Rafael
Olá Rafael
ResponderExcluirRetribuindo a tua visita, devo dizer que gostei do que li.
Ficarei tento ao teu blog.
Abraço
Obrigado pelo link, visita e comentário. Retribuo com link.
ResponderExcluirSeja sempre bem vindo.
kandandu (abraco)
John e Namibiano,
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita...sejam bem-vindos e espero que voltem sempre...
Abraço...