Quisera eu me assentar num lugar meu, onde pudesse respirar meu próprio ar,
Preencher-me dele e somente dele, puro ou podre, mas meu
A me limpar do alheio, a me distinguir de mim mesmo.
Em uma praia idealizada, talvez, onde pudesse apenas estar,
Sem nada me rondar e sem nada estragar com meus quereres que somente eu entendo, mas deles nada sei contar,
Pondo-me a assistir e sentir os ires e vires dos meus pensamentos e desejos – incontáveis, mas de mesma essência –,
Sem que aos meus ouvidos chegasse nada que não fosse o vazio da ausência ou o estrondo de minha própria proliferação em mim mesmo.
E ainda, quisera eu, e muito, dos céus deste mesmo lugar descer e diante de mim, sentado à areia, pairar,
Assistindo-me, sendo eu comigo mesmo e, talvez, quem sabe, um pouco saber deste meu eu: turbilhão de um tudo que se desfaz em deformados amontoados deslizantes.
Talvez assim, com um pouco deste saber, poderia eu, enfim, dar a mim mesmo, com tão buscada e compensatória dedicação, aquilo que se restringe aos limites do seu próprio ser: a verdadeira compreensão.
Pois são os mesmos lábios molhados os que beijam e os que maldizem,
São as mesmas mãos protetoras as que espancam e as que afagam,
São os mesmos olhos brilhantes os que desejam e os que condenam,
É a mesma língua lasciva a que excita e a que dilacera o coração.
O silencioso espetáculo de si próprio. Qual epelho será capaz de refletir?
ResponderExcluirUm bj
Rafael!
ResponderExcluirUm texto reflexivo, onde nos encontramos quase sempre. A pensar, a idealizar e assistir a si próprio.
A chave de ouro está aqui:
Pois são os mesmos lábios molhados os que beijam e os que maldizem,
São as mesmas mãos protetoras as que espancam e as que afagam,
São os mesmos olhos brilhantes os que desejam e os que condenam,
É a mesma língua lasciva a que excita e a que dilacera o coração.
E no entanto nada podemos fazer para modificar isto.
Parabéns!
Beijos
Mirze
Penso que essa busca é eterna, ou quase. Quem me dera compreender, e se um dia chegar a tal ponto, que Deus tenha pena de mim.
ResponderExcluirAbraços!
Oi Gisa!!
ResponderExcluirSó um pode fazer isso...e só um pode olhar e ver tudo isso...
Beijo!
Pois são os mesmos lábios molhados os que beijam e os que maldizem,
ResponderExcluirSão as mesmas mãos protetoras as que espancam e as que afagam,
São os mesmos olhos brilhantes os que desejam e os que condenam,
É a mesma língua lasciva a que excita e a que dilacera o coração.
verdades absoluta.
belo texto. Bjos achocolatados
Olá Mirze!!
ResponderExcluirSim, e pra mim também esta é a mais importante parte...tanto para que vive quanto para quem lê estas palavras...
Muito obrigado!!
Beijos
Olá Lupo!!
ResponderExcluirÉ...penso que você está certo mesmo...deve não ter fim, mas um começo e, quem sabe, um meio seria bom!
Abraços...
Oi Sandra...que bom que gostou...esta parte despontou sobre tudo em mim..rs
ResponderExcluirBeijos e obrigado!
Existem momentos em que precisamos da solidão, rever tudo, abençoar e maldizer nossos atos, falhas e acertos para depois continuar cometendo as mesmas falhas e os mesmos acertos! A vida tem dessas ironias, nem os conspícuos se valem de meras certezas.
ResponderExcluirBeijos amor.
Cris.
quisera eu..
ResponderExcluirengravidar-me a mim mesma..
e parir o meu próprio renascimento.
bjs.Sol
Isso mesmo tia! Mesmo porque, muitas das coisas que realmente importam somente podem ser nos dadas por nós mesmos, o resto é papo furado..rs
ResponderExcluirBeijos tia!!
Boa Sol!! Gostei dessa!! rsrs
ResponderExcluirbeijos
Rapaz, adorei seus textos...
ResponderExcluirCheios de profundidades e autobiograficos...Parabéns
Grande Felipe!!
ResponderExcluirQue bom que gostou...seja bem-vindo e puxa uma cadeira!!
Abraço!!
" mesmos lábios molhados os que beijam e os que maldizem"
ResponderExcluirdo mesmo sentimento, a mesma razão de nos ser o deixar de estarmos
Rafael,
ResponderExcluirSolidão necessária para encontrar o melhor e pior de si. Condição humana possível mas difícil que nem todos conseguem alcançar.
Beijos,
Não sei porquê, mas o jeito de escrever me lembrou um pouco de romantismo da segunda geração, a fase Ariel de Álvares de Azevedo. Enfim, não sei a sua idade e se ainda se lembra disso, mas, achei que deveria te contar que seu modo de escrever se parece com um dos gênios da literatura brasileira.
ResponderExcluirBeijos
Olá Ediney!!
ResponderExcluirBem complementado...é bem isso mesmo!!
Grande abraço...
Olá Anna!
ResponderExcluirConcordo com você...muito difícil, mas de extrema valia...e no fim, como tudo, tem que ser sozinho..sempre!
Beijos e obrigado pela visita!
Olá Marcella!!
ResponderExcluirBom, agora sim você realmente quebrou minhas pernas! Li algumas coisas sim, mas não conseguiria fazer esta associação. Tenho 31 anos. Mas você não faz ideia de como está sendo receber este seu comentário (que já li muitas vezes..rs)...estou muito, mas muito contente mesmo!!
Muito obrigado!!
Beijos..
Rafael
ResponderExcluirAcredito que g]fostes muito masi além de ti. Gostei muito e a vida nos ensina o que muito bem retratas ao final do conto.
Obrigado pela visita e espero poder contar contigo a apoiar o meu conto finalista que está postado aqui.
http://fio-de-ariadne.blogspot.com/2010/11/concurso-de-contos-o-diario.html
Gostaria muito que lesse meu conto e pudesse deixar um comentário mais a nota de 5 a 10.
São os novos leitores que nos incentivam mais a continuar no mundo da escrita.
Beijos
Gostei bastante!
ResponderExcluirE obrigada pelo seu comentário :)
Ando novato nestas andanças, de "postar" aqui e ali, ... de escrever desalmadamente com a alma e a mente, ...
ResponderExcluirAgradeço a visita, ... gosto do jogo das palavras, vejo que também ... gostei ... vou passando com interesse.
Um abraço do canto de cá ...
Belíssima prosa!
ResponderExcluiro final é um ramate tão lúcido, tão verdadeiro que estremece a alma.
Gostei de aqui vir e ficarei!
beijinho
...a eterna procura...
ResponderExcluirUma escrita com muito Poder
brisas doces para si*
Excelente o poema e o ritmo, excelente a visão do mundo!
ResponderExcluirBeijo
não há como sermos uma coisa só. a mesma boca que elogia, odeia às vezes. se não fosse assim, não seríamos seres humanos.
ResponderExcluirgostei daqui.
bjs meus
Olá Irene!!
ResponderExcluirEu que agradeço a visita e vou voltar por lá...achei que tivesse dado essa nota...
beijos!
Olá Rita!!
ResponderExcluirQue bom que gostou! Volte sempre...
Obrigado pela visita e comentário!
Olá Ditonysius!!
ResponderExcluirEu agradeço muito sua visita de comentário por aqui...fico contente que tenha gostado e lhe digo para se dedicar à blogsfera, pois vale muito a pena!
[]s
Olá JB!!
ResponderExcluirPreciso dizer que este comentário foi excelente de se ler..a descrição sobre o final me fez lê-lo novamente...muito gostoso! Obrigado!!
Beijos e fique à vontade!
Sim, Parapeito!! Eterna mesmo...sempre em busca do que somos, podemos ser e poderíamos ser, para melhor viver e conviver...mas nunca é e nem será suficiente!
ResponderExcluirBeijos..
Muito Obrigado, Ana!
ResponderExcluirQue bom que tenha gostado...bom saber do ritmo...
Beijo..
Tem toda razão, Ferdnand...mas concorda que não aceito desta forma?
ResponderExcluirQue bom que gostou daqui! Seja bem-vindo!!
[]s
Todos somos redemoinhos e temporais... mas calmarias, brisa suaves... depois do amar, ou do sonhar... abraços.
ResponderExcluirIsso mesmo, Walquíria...de tudo um pouco, mas de calmaria, infelizmente, parece que menos...
ResponderExcluir[]s
A eterna dualidade yin-yang...
ResponderExcluirser e não-ser...ou um simples talvez quem sabe...
Obrigada por ter gostado da vaca!
BEIJO!
Oi Lou!!
ResponderExcluirAcho que é isso mesmo...a busca de si em meio a tantos extremos.
Eu que agradeço a visita e comentário...que bom que gostou!
Beijos..
Pois é, Rafael. Hoje vim conhecer-lhe o blog em visita retribuitiva, e acabei indo um pouco além de você, lendo o presente post e e um pouco também dos comentários. Gostei, mesmo.
ResponderExcluirABRAÇO
Olá João!! Eu que agradeço a visita e fico contente que tenha gostado daqui...
ResponderExcluirSeja bem-vindo...
Grande abraço!
Olá!
ResponderExcluirVocê passou na minha casa, vim visitar e digo que hoje estou com sorte. Outro texto de alguém que não conheço e que se encaixa em mim no momento.
Eu moro numa cidade praiana. Eu pensei, mais cedo, em ir lá, me sentar de frente para o mar. Mas, eu não queria nem o "vazio da ausência" que tanto sinto e nem "o estrondo de minha própria proliferação em mim mesma". Eu queria estar lá e sentir nada, pensar nada, lembrar nada, sequer pensar no pensar. Mas, não fui, pois estou sobrecarregada demais de desilução e não iria alcançar meu objetivo. É preciso que eu olhe não para o mar, mas para dentro de mim e encontre refresco.
Obrigada pela presença!
Um abraço.
Obrigado Castellar
ResponderExcluirGosto dessa prosa romântica onde tem também "um pouco mais de mim" rs
sentimentos , desejos , quimeras;
adorei.
abraços e obrigada pela visita
Ola Tudo bem.. . Hoje tem alguém bem especial comigo neste cantinho.
ResponderExcluirhttp://sandraandradeendy.blogspot.com/
Venha conferir..
Bjs.
Sandra
Não será poesia.
ResponderExcluirMas é prosa poética da boa!
Um forte abraço
Rafael,
ResponderExcluirCada vez que aqui venho, não só desse mais uma como desce mais muitas e saio cambaleante, embriagada com as tuas letras.
A pessoa que tu narras, sois tu de fato. Apenas desconheces as orígens que trás todas as tuas essências.
Um ser mutável, as vezes forte, as vezes frágil. Bonito quando sorrir, feio quando com raiva, mas quando chora e rir, mostra-se um ser de sentimentos vários, a exalar as tantas emoções.
As qualidades que tens, já são somativas dum todo aprendizado, os defeitos te são as correções que a tempo na travessia, vão se reformando, diante de cada momento e situação.
sequer te lembras talvez como eras a 10 anos atrás, com tanto que já foi reformado.
Sabe meu amigo. tenho dessas comigo. Sempre indagando quem sou?
O que sou eu sei, modifico a pergunta então: Como eu era antes de ser o que hoje eu sou.
Belíssimo texto.
Bjs
Livinha
Olá Lily!!
ResponderExcluirQue bom que é assim que vc vê este encontro...isso me deixa contente e gratificado!
Olha...sempre vá lá...nada é pior do que não ir e em casa ficar, a alimentar coisas que nada têm a acrescentar...sei do que fala, e por isso digo, vá até lá...esteja sozinha com as inúmeras e barulhentas ondas...são melhores que os quietos e constantens móveis...
Espero que as coisas se desenrolem melhor...mas não esqueça que vc é a única capas disso tudo...ninguém o é e quererá ser!
Beijos...
Olá Lis!!
ResponderExcluirFico muito contente que tenha gostado!!
Fique completamente à vontade por aqui!!
Grande abraço..
Olá Sandra...conferido e agradecido!!
ResponderExcluirBeijos..
Boa Vieira!! Tenho muita dificuldade técnica em definir meus textos...mas, acima de tudo, fico contente pelo "da boa"!!
ResponderExcluirAbraço!!
Ah Livinha...nem sei como responder este seu excelente comentário que não com meu mais simples e verdadeiro agradecimento: isso sim é reconhecimento!!
ResponderExcluirGrande beijo...fique sempre!!
Rafael, excelente esse texto!
ResponderExcluirnão sei se encontraremos a verdadeira compreensão, mas sei que nesse processo de busca, enriquecemos a alma.
um abraço pra ti
Oi Andrea!!
ResponderExcluirAcho que esse é o espírito...buscar de alguma forma...Obrigado!!
abraço