Há três semanas o Legislativo e o Judiciário estão nesta rincha besta, discutindo a essência de cada um, como já me ensinara minha querida professora do primário. Legislativo querendo tomar um lugar ainda mais ao sol e, assim, aumentar seu questionável poder.
Há meses, moleques estão a assombrar as nossas ruas: atiram na cabeça de quem lhes dá o que pedem; ateiam fogo em que não tem o suficiente para lhes satisfazer; estupram em ônibus público, em público, quem está no seu ir e vir; arrebentam vidas de ex-namoradas que abriram os olhos e resolveram com eles não mais conviver; avassalam famílias; roubam, matam, estupram, tiram, destroem, fazem o que bem entendem e ainda saem ilesos: riem na cara de todos nós diante da certeza da impunidade garantida por lei.
Há mais meses ainda, "ilustres excelências", mensaleiros que meteram as mãos no dinheiro público de forma tão desaforada e foram condenados pelo nosso cavaleiro das trevas tupiniquim, andam à solta de narizes empinados, com a arrogância estampada na cara deslavada enquanto serpenteiam por eventos de alto padrão, clamando por revanches jurídicas - aqui um exemplo de conveniência jurídica - àqueles que os "difamam" em meios de comunicações sérios e comprometidos com verdade e o bem-estar público.
Há anos uma mãe foi presa, sem direito a nada recorrer, por roubar um pote de margarina para dar à filha que não tinha o que comer! É um crime e merece punição? Claro que sim! Mas só ela? Só ela não tem deveres? Fico pensando: se uma manteiga dá no que deu, imagina os milhões desviados por aquelas "excelências"? E chego à seguinte conclusão: sou um completo idiota!
E a lei? Há lei? Todas as respostas sobre as impunidades reclamadas pela sociedade se dizem embasadas na lei. Então, que porcaria de lei é essa? Que porcaria de legislativo é esse que até hoje não deu um jeito nestas leis? Que lei são essas que garantem uma justiça injusta? Justiça, meu caro leitor, é aquela em que todos têm direitos e deveres iguais. Esta nossa lei é conveniente. A justiça justa só é feita quando a imprensa consegue garantir, aos trancos e barrancos, ameças e acordos, uma grande repercussão ao caso, sob um papel justiceiro que devia caber aos nossos governantes e senhores da tal lei. A justiça justa acontece quando exímios promotores, inconformados com a deturpação dos resultados do seu trabalho, se põe em uma busca incessante de brechas legais que lhes permitam reverter o trato leve e desconsiderado de certos juízes apáticos e descomprometidos que só fazem correr mecanicamente um processo alegórico, quando em suas palavras e olhares estariam as possibilidades de, no mínimo, um corretivo exemplar.
E quem poderia ajudar a mudar estas leis? Quem poderia colocar o sistema do lado da vítima? Quem poderia garantir, legalmente, uma justiça justa? Aqueles senhores que estão, no momento, brincando de tomar a cadeira do judiciário, ludibriando a realidade, se preparando para a próxima eleição, enquanto deveriam honrar as calças que vestem e se postar como sérios e responsáveis representantes do povo? Não, acho que não!
Isto aqui já virou terra de ninguém faz tempo. Pago impostos altos, mas não vejo nenhum retorno. O que vejo é a desigualdade reinando, a falta de uma saúde digna, ausência de uma educação decente, a completa insegurança e poderosos cada vez mais poderosos.
Falo com revolta e indignação de um cidadão que tem respeito e esperança pelo seu país. Que não se conforma diante desta palhaçada que fazem nossos representantes. Falo isso como cidadão que tem que se desdobrar para garantir aquilo que os seus impostos [pagos] deveriam lhe garantir. Falo com a indignação que me dão por direito, de graça e sem eu pedir!
E, por isso, dispenso qualquer comentário, explicação técnica ou "revoltinha" de qualquer jurídico ou governante que se sinta ofendido e se ache no direito de me dar lição de moral. Se assim o achar, peço que abotoe a carapuça que já vestiu e siga seu caminho para a copa do mundo.
No mais, fica aqui mais um dos meus irrisórios inconformismos e mais uma das minhas entediantes indignações!
Belo espaço....Parabéns..
ResponderExcluirAbraço
Obrigado, Andradarte! rsrs Seja bem-vindo!
ExcluirAbraço!
É de chorar esta situação.
ResponderExcluirBeijos!!
Terrível, Janice, terrível!
Excluirbeijos...
Caro Rafael:
ResponderExcluirGostei do texto; é por demais notório o seu sentido cívico.
Tal com aqui no meu "Portugal" as injustiças são por demais evidentes. O capital e os poderosos manipulam a seu belo prazer as leis feitas pelos "vendidos". Só o pobre é que tem vergonha na cara. Temos que ter esperança na mudança; afinal Gandhi e Mandela esperaram e venceram.
Abraço fraterno.
Grande Carlos!
ExcluirÉ verdade, disse bem: só o pobre é que tem vergonha na cara! Costumo dizer que a cidadania de uma pessoa é inversamente proporcional ao seu montante financeiro...
Mantenhamos a esperança, então!
Abraço, meu amigo!
e às vezes somos punidos por falarmos de impunidade, acredita?
ResponderExcluirbjs.Sol
eu sumo mas sempre estou por perto..
(quando sai o segundo livro?)
bjoo..
Acredito, Sol! Tenho ouvido sobre alguns casos e já senti outros...infelizmente...temos que passar por isso e quietos (absurdo!).
Excluirhahha...fique tranquila...as coisas estão tão corridas que até eu acabo sumindo daqui...o segundo está pronto há um ano, só não achei ainda como publicá-lo. Ainda mais que minha atual editora me deu uma grande mancada...tá complicado, viu?
Beijos
Rafa, esse tema é bem complexo não é mesmo? Tem muita gente sofrendo nesse país e sendo ignorado. A violência bate à nossa porta diariamente e na rua tem dado medo de andar. Posso imaginar São Paulo! É triste, é revoltante é irremediável. Faltam leis que se encaixam nessa dura realidade, falta comprometimento, falta vergonha na cara para muitos, falta Amor. Amor a si próprio, amor pelos que se foram, amor pela família, amor ao próximo. Falta coerência, falta zelo, falta inteligência, falta lealdade, falta fé, falta Deus! e meu caro, quando falta Deus, falta Tudo!!!!
ResponderExcluirBeijão
Cris.
Muito tia!
ExcluirTemos que nos virar para suprir as necessidades que nós mesmos já pagamos ao governo e que são transformados em benefícios para eles mesmos. Acredito sim que tudo tenha um preço nesta vida, mas é incrível como a maioria custa tão barato...
Faltam mesmo, tia...
beijo!!
Concordo com cada linha escrita. Infelizmente Rafael, é uma realidade difícil de engulir... Revoltante mesmo.
ResponderExcluirMuito difícil, Alexandre...muito mesmo...fica entalado na garganta!
ExcluirAbraço!
Essa é a realidade que revolta. E me sinto cada vez pior ao olhar em volta e ver o quanto as pessoas estão se tornando indiferentes e o tanto que poderia ser feito e que nunca será. Um país sem jeito.
ResponderExcluirVerdade, esta indiferença está se proliferando absurdamente... mesmo que disfarçadas em sorrisos e preocupações falsas....
ExcluirObrigado pela visita!